O novo ensino médio. Quanto mais mexe... - Jornal Fato
Artigos

O novo ensino médio. Quanto mais mexe...

Mudaram os tempos e muda também o ensinamento das novas gerações


- Foto: Reprodução/web

A proposta do Novo Ensino Médio, aprovada pelo Congresso Nacional, que dispõe sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com a sanção presidencial, conforme Lei nº 14.945, de 31 de julho de 2024, prevê que as disciplinas obrigatórias incluem Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Espanhola, Arte, Educação Física, Matemática, História, Geografia, Sociologia, Filosofia, Física, Química e Biologia. E, ainda, manteve a divisão do ensino médio em dois blocos. A parte comum, que abarca disciplinas obrigatórias como Português, Matemática, História e Geografia, será alongada de 1.800 para 2.400 horas anuais e 600 horas para disciplinas optativas. Espanhol será facultativo. (Como era: apenas Português e Matemática eram obrigatórias em todos os anos do ensino médio, além de Educação Física, Arte, Sociologia e Filosofia).

Mudaram os tempos e muda também o ensinamento das novas gerações. Vejamos. Dispõe o art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996: "A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (...); V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: (...); e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos: (...)".

E não para por aí. Surge, recentemente, o EJA, que é prioridade para que jovens e adultos possam concluir o ensino médio em 1 (um) ano e 6 (seis) meses, organizados em 3 (três) períodos semestrais. Resumo: o nível de exigência caiu ladeira abaixo!...

Lá na década de 1950, que recebeu a denominação de "Anos Dourados", o aluno fazia o Curso Primário, que durava 5 (cinco) anos; Curso Ginasial (mais 4 (quatro) anos. Em seguida, podia cursar o Normal (carreira do magistério) e o Técnico de Contabilidade (para ser Contador ou exercer atividade similar). O Curso Científico funcionava como uma espécie de preparativo para o exame vestibular. Nessa época, eram as seguintes as disciplinas no currículo escolar do Ensino Médio: Português, Matemática, Geografia, História, Francês, Inglês, Latim, Espanhol, Desenho, Física, Química, Filosofia e Biologia. "Estudos de recuperação", nem pensar! Aluno reprovado em 3 (três) matérias tinha que repetir o ano. Ficou em duas matérias, tinha que fazer segunda época, que era uma espécie de recuperação, no mês de fevereiro, um período obrigatório de férias escolares. Com a nova reprovação tinha que repetir o ano.

Resumindo: a lei, praticamente, proíbe a reprovação. E mais: o professor vira o bode expiatório, trabalhando em dobro e recebendo um salário ridículo, indigno para um profissional que ajuda a construir a grandeza deste país.

Como se percebe, não há exagero quando se afirma: "O Novo Ensino Médio. Quanto mais mexe..."


Solimar Soares Escritor

Comentários