Ministério da Saúde vem ver de perto a epidemia de dengue no ES - Jornal Fato
Saúde

Ministério da Saúde vem ver de perto a epidemia de dengue no ES

A ação visa fortalecimento de atividades de prevenção, controle, bloqueios de casos, além de visitas in loco em unidades assistenciais


- Foto: Divulgação

A Secretaria da Saúde (Sesa) recebeu, nessa segunda-feira (20), a visita técnica de profissionais do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A equipe, formada por epidemiologistas, médicos, especialistas em controle vetorial e profissionais da assistência, fica no Estado até sexta-feira, quando apresenta o diagnóstico e avaliações sobre o cenário capixaba e propostas de combate à dengue, chikungunya e Zika.

É por meio do Centro de Operações de Emergências (COE) Arboviroses, do Ministério da Saúde, e com apoio da OPAS, que o suporte aos estados que vivenciam um cenário epidemiológico semelhante acontece. A ação é uma parceria no fortalecimento de atividades de prevenção, controle, bloqueios de casos, de comunicação e saúde, além de visitas in loco em unidades assistenciais.

"Será uma semana intensa, de muitos encontros, onde poderemos mostrar os serviços de saúde, a assistência, falar dos nossos relatos e vivências, para que possamos, em conjunto, definir novas ações para enfrentar este momento pelo qual estamos passando em relação, em especial, da dengue", detalhou o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.

A epidemiologista da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses, do Ministério da Saúde, Camila Ribeiro, reforçou também a relevância do trabalho entre as duas pastas, de maneira que elas sejam complementares. "A nossa intenção é poder colaborar. Sabemos das ações que o Estado já tem feito e que são extremamente importantes, mas entendemos que elas precisam ser complementadas para o enfrentamento da situação epidemiológica que temos hoje".

Para o consultor nacional da OPAS, Rodrigo Said, uma estratégia a qual o Espírito Santo poderá seguir será a criação de um COE Estadual, para fortalecer ainda mais medidas que visam à redução de óbitos e a organização do serviço para a assistência. "No COE executamos um plano de ação com vários componentes que farão parte dessa estrutura, e no cenário atual é importante pensar nesse escopo".

Os profissionais visitaram unidades assistenciais na Grande Vitória. O objetivo é poder conhecer unidades que estejam recebendo fluxo de atendimento de casos suspeitos das arboviroses.

 

Cenário de crescimento da dengue e de preocupação com chikungunya

Durante a apresentação dos cenários epidemiológicos das arboviroses, a epidemiologista da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses, do Ministério da Saúde, Camila Ribeiro, pontuou que os modelos de análise já previam um ano epidêmico no Brasil, em 2023, entretanto, o alerta se dá devido à observação de um aumento, principalmente, nos casos de dengue em todo o País, de forma precoce.

"Embora estejamos no período sazonal das arboviroses, que vai de outubro de um ano a maio do outro ano, percebemos um aumento importante nos casos de dengue no Brasil e de forma mais precoce que em 2022. E, apesar de esperarmos, esse cenário atual está nos chamando atenção. No país, atualmente, temos 56% de aumento dos casos em relação ao mesmo período do ano passado. E é um cenário que tem se mostrado com uma situação preocupante, devido à alta letalidade e um grande número de municípios afetados", informou Camila Ribeiro.

Ainda segundo a epidemiologista, dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, 3.725 apresentam casos de dengue. E entre os estados de preocupação quanto ao cenário para o trabalho do Ministério da Saúde, estão o Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e Sergipe. "Esta mobilização por meio de visitas não é exclusiva daqui. Em virtude ao cenário que temos hoje no País, estamos fazendo essa mobilização nesses estados. O Espírito Santo, entretanto, é a nossa prioridade nesse momento, pois apresenta a maior proporção de municípios em situação de epidemia de dengue", ressaltou.

Outra preocupação trazida pela profissional é o cenário epidemiológico que o chikungunya está apresentando no Brasil. Segundo Ribeiro, o País tem atualmente um aumento em 112% no número de casos desta doença em comparação ao mesmo período de 2022. "Em todo ano de 2022 tivemos 175 mil casos, e até a décima semana epidemiológica deste ano já estamos com 46 mil casos. Esperamos um cenário de chikungunya bem importante".

A atenção a este vírus se dá, como explica a epidemiologista, pela característica de dispersão no território, que é "explosiva". "Enquanto a dengue tem número de casos mais estáveis em um período de monitoramento, o chikungunya é mais explosivo, pois aumenta o número de repente e isso acaba inflando o sistema de saúde, a assistência, uma vez que a dor é persistente".

Além disso, ela pontua também que há no Brasil um grande número de pessoas suscetíveis à doença. "Já temos 1.396 municípios afetados pelo chikungunya no País hoje. E já existem estados que não tinham históricos de circulação do vírus que está ocorrendo, como no Paraná e no Mato Grosso do Sul, e temos observado um aumento de casos no Espírito Santo em relação ao ano anterior", ressaltou.

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