Entre necessidades e escolhas - Jornal Fato
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Entre necessidades e escolhas

Às vezes, a preguiça ganha, às vezes, não


Após 30 dias de férias, quase integralmente em quarentena, pois, lá em casa, primeiro chegou a suspeita da COVID-19 em mim, mas, embora meu resultado do exame swab tenha sido negativo, o esposo passou mal e testou positivo, a vida retoma, aos poucos, sua rotina diária, mas ainda com restrições sem prazo para terminar.

Assim, desde segunda-feira, às 05h30 toca o despertador ao lado da cama e, num relance, estendo o braço e desligo o celular. Os olhos teimam em ficar fechados, mas, na mente surge um incômodo que tenta me fazer ficar de pé. Daí em diante, instaura-se um conflito mortal que dura cerca de 10 minutos: o pensamento incorpora um relógio teimoso que, no seu tic-tac, diz: acorda, acorda, ..., levanta que esta cama não lhe pertence. Levanta e vai se exercitar, vai cuidar deste corpo, templo do Espírito Santo de Deus, e que, se ocioso, tem acelerada sua deterioração natural.

Às vezes, a preguiça ganha, às vezes, não. Todavia, esta semana, até agora, a voz da mente venceu e isto me deixa muito orgulhosa. Nem me importo que a vitória decorra da lembrança de que já se passaram 4 décadas por aqui e, com ela, surgem dores e outras coisinhas a mais que impõem uma rotina de exercícios junto às demais atividades essenciais e irrenunciáveis.

Diante disto, por vezes, deparo-me com duas escolhas a serem feitas: exercícios diários ou dores constantes. Isto faz o sono perder sua majestade. Vencido o sono, só me resta, em 10 minutos (se demorar mais, desisto), levantar, agradecer a Deus pelo dia e me arrumar para, às 06h00, chegar à academia, sufocada pela máscara, mas vitoriosa por ter conseguido mostrar à preguiça que eu ainda mando.

Contudo, não para aí, às 08h00 tem início as atividades profissionais e, depois das 18h00, além da presença e dos cuidados junto à família, surgem os compromissos junto à Deus.

Quanto a isto, faz um tempo que tenho entendido que, se somos formados por corpo, alma e espírito, diariamente, precisamos de

manter em equilíbrio este tripé que completa nossa composição existencial.

Por ter este entendimento, tento, especialmente através da oração cotidiana, embora nem sempre consiga, ser mais leve, principalmente, junto aos da minha casa. Esta receita, confesso, tem feito muito bem a mim mesma e as minhas relações cotidianas, especialmente junto a família.

A experiência diária que a busca pela intimidade com Deus tem me proporcionado surpreendem-me, pois sinto em mim uma leveza e uma graciosidade irradiante, o que tem interferido nas escolhas e também nos textos que escrevo.

É bem verdade que, não raro, as ações e reações não são as esperadas e geram decepções, em mim e no outro, contudo, tenho escolhido, todos os dias, não abrir mão da liberdade que, em Cristo Jesus, tenho tido a oportunidade de viver. Deste modo, quando erro, tento recomeçar em busca do acerto. Quando me sinto fraca, acho força na oração.

Só não abro mão de buscar a vivência cristã e de viver a experiência de paz que, somente em Jesus, consigo alcançar. Com Ele os olhos se abrem para enxergar, mesmo nos desafios, uma luminosidade que não tenho palavras para explicar.

Assim, entre a rotina, composta por exercício, apenas o mínimo necessário à saúde, e por trabalho, além de outras tantas atitudes e obrigações, algumas escolhas, na minha vida, são essenciais: estar perto da família e estar ligada às coisas de Deus, o resto vou - vamos - enfrentando, superando, vencendo, às vezes, perdendo, mas, sempre, sempre aprendendo.


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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