Conexão Mansur: "Voltando ao Cachoeiro Antigo" - Jornal Fato
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Conexão Mansur: "Voltando ao Cachoeiro Antigo"

Entenda mais sobre a obra do Professor Manoel Gonçalves Maciel.


- Ilustração: Zé Ricardo

 

(Publicado inicialmente em 2003, como apresentação do segundo volume do clássico livro do Professor Manoel Gonçalves Maciel, o Voltando ao Cachoeiro Antigo). - "COMO SE FOSSE UMA APRESENTAÇÃO... pois de apresentação não precisa o Professor Manoel Gonçalves Maciel e nem seus trabalhos do Cachoeiro Antigo. Mas é preciso dizer que o Professor Maciel entrega ao público interessado mais um volume - o segundo - do seu importantíssimo "Voltando ao Cachoeiro Antigo". Este volume II vai de 1926 a 1958, não sem entradas em anos anteriores, "se assim exigir a compreensão completa dos fatos", conforme anuncia o historiador.

Daí que, o compromisso do autor não é com o tempo linear, cronológico, embora possa parecer. E mais e muito mais que a completa apresentação dos fatos e acontecimentos pretéritos; porque a História não muda, mudam-se os tempos, mudam-se os costumes, mudam-se as interpretações, mudam-se as visões e, com isso, o historiador faz até o impossível - muda a História imutável.

Não fosse o Professor Maciel, como não fossem outros dedicados historiadores do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro, nossa terra seria o deserto no passado. Poucos são os que dispõem a escalavrar o passado em meio à papelada que vai ficando velha, amarela e irrespirável; sem paciência para ouvir as fontes vivas, ouvindo delas tudo e tendo a sabedoria de separar o que é fato ocorrido e o que é opinião pessoal (que também conta). Sem contar que o Professor Maciel é a própria História de Cachoeiro; basta olhar sua extensa contribuição à sociedade local em todas as áreas do conhecimento e de atividade. É olhar as informações que estão neste livro, encabeçadas pelo título "O Autor".

O livro que o leitor tem em mãos é obra de um homem dedicado, arguto, experiente e, mais do que tudo, feliz; de um homem paciente na solidez de seus anos bem vividos e lúcidos desse cachoeirense do Alegre. Professor Maciel, exemplo de coerência e persistência para nós que o conhecemos, para nós que convivemos com ele e o lemos.

Enfim, é o que diz Nietzsche, "todo grande homem tem uma força retroativa; por causa dele, toda a história é de novo colocada na balança, e mil segredos do passado saem de seus esconderijos... Nem se pode adivinhar o que um dia irá ser história. Talvez nem o passado esteja ainda descoberto em sua essência! Precisamos ainda de tantas forças retroativas". E o Professor Maciel é um desses homens, uma dessas forças retroativas que reescrevem a história do "Cachoeiro Antigo". Que as gerações posteriores possam se lembrar do esforço desse homem lúcido e estudioso que está na flor da felicidade, em seus oitenta e seis anos, disputando força e entusiasmo com os que mal atingiram a maioridade, que agora desceu aos 18 anos. Eis aí o livro, a história, o autor, o exemplo. (escrito quando eu era ex-secretário de Cultura de Cachoeiro e Membro da Academia Cachoeirense de Letras)".   

 

Manoel Carlos Amboss

 

 
 

003 - Carlinhos Amboss, cachoeirense de verdade, lúcido, em linha reta e com o mesmo e intenso espírito cachoeirense que o acompanha a vida inteira. Durante bem mais da metade desses 85 anos dele convivi com Carlinhos, como convivo até hoje. Independente de uma ou outra diferença no nosso modo de pensar dessemelhantemente as coisas do mundo, minha admiração por ele é especial - essa admiração não é só minha.

Certa vez "brigamos" por uma bobagem e ficamos meio que afastados. Isso foi há mais de década, bem mais. Lá atrás, logo após esse incidente pessoal, ambos fomos convidados, juntamente com duas dezenas de cachoeirenses, à reunião com o então Prefeito... no gabinete do prefeito.

Tudo corria normalmente, só que nós dois, cada qual a seu canto, estávamos meio que afastados do público presente, todo ele bem próximo do Prefeito. De repente, aproxima-se de mim o Carlinhos e me diz: - "É Mansur, é bom a gente conversar, nós dois, senão ninguém vai conversar conosco". É que eu e Carlinhos meio que afastados pessoalmente, ficamos -  só nós dois - solitários no Gabinete. E, por isso, recuperamos nossa amizade sincera, de vida inteira, como deve estar dando para perceber (nada pessoal contra o então prefeito, diga-se logo).

Louvando o momento descrito aí em cima, nesses dias de seus 85 anos bem vividos, homenageio Carlinhos, com muito orgulho de ser muito amigo dele.

Pessoa e cidadão que, às vezes, parece carrancudo, Carlinhos é permanentemente de bom caráter e extremamente dedicado às boas coisas, causas e gente de Cachoeiro, sob qualquer ponto de vista.

Dele já disse e vale repetir: - "Ajuda a cidade sem fazer propaganda, sem se auto divulgar; serve à sociedade e aos mais precisados sem falar com ninguém.  Carlinhos, entre tantos outros voluntariados que exerceu, foi professor voluntário de aulas de educação do trânsito da empresa de transportes coletivos, então Viação Flecha Branca. Ia ele ensinar aos motoristas dos ônibus, noções de urbanidade no trânsito, não só de respeito às leis, como da boa educação e prevenção que deve ter quem transporta pessoas no dia a dia tumultuado da cidade. Foi membro do Conselho do Plano Diretor; era elemento moderador, de quem saia as melhores ideias para a cidade.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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