Écio Barbosa Fraga, o Ausente sempre presente - Jornal Fato
Festa de Cachoeiro

Écio Barbosa Fraga, o Ausente sempre presente

Conceituado médico cirurgião robótico radicado em Belo Horizonte é o principal homenageado na Festa de Cachoeiro


- Foto: Divulgação

"Eu saí de Cachoeiro, mas Cachoeiro jamais saiu de mim", é o que, com orgulho, costuma sempre dizer o médico Écio Barbosa Fraga, quando a terra natal faz parte do assunto da conversa.

Oriundo de tradicional família da região, filho de Djalma Moreira da Fraga e Yolanda, o Cachoeirense Ausente Nº 1 de 2024 revela que está sempre na cidade, visitando familiares e amigos. 

O parque de exposições do município, inclusive, leva o nome do seu avô materno: o pecuarista Carlos Caiado Barbosa. 

"Um grande amigo até brincou: Écio, você é o cachoeirense ausente mais presente que já vi", disse, às gargalhadas, à reportagem do ES de FATO. 

Médico urologista de destaque, referência em cirurgia robótica, Écio Barbosa Fraga está radicado em Belo Horizonte, Minas Gerais, desde a década de 1980.

Onde também já recebeu importante honraria. Em 2003, a Câmara de Vereadores da capital mineira lhe concedeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte, em reconhecimento à sua atuação humanitária na medicina. 

Desde 1942, o seleto rol de homenageados com o título de Cachoeirense Ausente contempla ninguém menos do que Benjamim Silva (1944), Rubem Braga (1951) Roberto Carlos (1967), Raul Sampaio (1969), Jece Valadão (1971), Carlos Imperial (1973), Marcos Resende (1991).

Contudo, não há somente artistas, mas nomes de destaque em profissões variadas. Empresários, políticos, jornalistas, médicos - como agora, novamente - e, como não poderia deixar de ser, admirados professores.

Na seguinte entrevista, a figura principal da Festa de Cachoeiro deste ano expõe toda a emoção:

 

FATO- Como se sente ao retornar à sua terra natal para receber esta homenagem?

Écio Barbosa Fraga - Me sinto extremamente lisonjeado. Não passava pela minha cabeça que fosse ser indicado para ser Cachoeirense Ausente. Desde criança, sempre ouvíamos falar do Cachoeirense Ausente, considero muito nobre. Ter o meu nome lembrado é uma honra, a gente nunca acha que pode conseguir.

Principalmente, ao lado de pessoas tão nobres que estão marcadas na história de Cachoeiro. Pessoas de um quilate muito alto, como o próprio Newton Braga, o idealizador do título. Sou bairrista, não tem como a gente não ser bairrista. Estou muito lisonjeado e feliz. É muita responsabilidade honrar o nome de Cachoeiro e do nosso povo.            

 

Quais são suas lembranças mais queridas de Cachoeiro durante a infância e juventude?

Saí de Cachoeiro com 16 anos de idade para dar prosseguimento aos estudos. Fui para o Rio de Janeiro e depois voltei para o Espírito Santo, para ingressar na Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, na capital, onde cursei medicina. Mas, sempre nos fins de semana em que retornava e nas férias, recordo principalmente dos jogos de futebol que participava no icônico estádio do Estrela do Norte, time no qual atuei, e da festa da cidade. Também do tempo de estudante nas escolas Jardim de Infância, Fraternidade e Luz, Bernardino Monteiro, Polivalente Guandu e Guimarães Rosa. Das inúmeras amizades que cultivo em Cachoeiro, grande parte surgiu na turma da Polivalente Guandu, no período de 1972 a 1975, a primeira formada pela escola, que considero sem igual, cujos ensinamentos me prepararam para a vida tanto pessoal quanto profissional.

As lembranças são muitas. Desde pequeno, morei na Pinheiro Júnior, ao lado de Tiro de Guerra. Comecei a chutar bola na quadra do Tiro de Guerra, que era de terra, com meus amigos. Havia um terreno baldio ao lado do rio, onde jogávamos. A bola caía no rio, a gente nadava para buscá-la... Depois fui para o Estrela, para a escolinha do seu Zezinho.  

 

Quando você decidiu seguir a carreira de medicina, você imaginava que um dia seria homenageado por sua comunidade?

Sou o primeiro médico da minha família, a medicina caiu na minha vida muito cedo, de forma precoce, sempre admirei os médicos que frequentavam minha casa, médicos da família e amigos, como Lucínio Braga Machado, Ubaldo Caetano, Edson Moreira, e Gilson Carone. Tinha uma admiração muito grande pelo trabalho deles. Lembro que estava na fazenda do meu pai, ajudando ele com o gado. Eu tinha 14 anos de idade e disse que faria medicina. Ele falou para fazer mesmo. Se não, teria que lidar com a terra. Decidi pela cirurgia, e tive a sorte de passar por bons locais com boas pessoas. 

 

Pode compartilhar alguma história ou experiência marcante de sua carreira médica?

Foram muitas as situações marcantes, mais de 40 anos de carreira, várias histórias marcantes, inclusive com pessoas de Cachoeiro

Foram tantas, que não tenho como enumerar. Mas o que me marcou muito agora é que nunca imaginei que seria um cirurgião robótico. Há sete anos comecei a certificar em cirurgia robótica, gosto da área de tecnologia. Consegui atingir o objetivo, a medicina me proporcionou isso. Tenho um casal de filhos médicos, e digo sempre que a medicina é a nossa segunda mãe, temos a mãe biológica e a medicina. Meus filhos (Carlos Assis Caiado Fraga, 27 anos, e Isadora Assis Caiado Franga, 24 anos, com a esposa, a publicitária Eurídice Furletti Assis Fraga) seguem os meus passos, mas sempre foi uma coisa natural, nunca direcionei.

 

Qual foi a sua reação ao saber que seria homenageado por sua terra natal?

Fiquei sem chão na hora... Na minha família, todos temos casa em Iriri, lá é nosso ponto de encontro. Estive lá no dia 20 de abril, aniversário da minha mãe e não sabia de ainda. Voltei para BH, minha mãe veio comigo, para um casamento, encontrei com Sérgio Garschagen (Ausente de 2012), Acácio Frauches (Ausente de 2017), amigo de infância, e eu não sabia de nada.

Na semana seguinte, início de maio, recebi uma ligação de uma amiga, Valéria de Jordão, dizendo que eu estava indicado para Cachoeirense Ausente e não tinha como negar. Quando dei por mim... comecei a fazer um levantamento da minha vida, fiz uma retrospectiva, essa coisa bateu muito forte em mim... Quando o prefeito me ligou, para dar a notícia da eleição, estava no consultório atendendo um paciente... o paciente não entendeu nada. Sou um cara emotivo e fiquei muito emocionado. Estou me preparando para corresponder à altura essa honraria, ser o mais honesto possível com a coisas.

 

Quais são as mudanças mais significativas que você percebeu em Cachoeiro ao longo dos anos?

A cada vez que vou a Cachoeiro, percebo várias mudanças. A principal é o crescimento da cidade. Sempre fui muito boleiro. Lembro que quando ia para a AABB, o ônibus rodava e nunca chegava. Hoje, AABB ficou pra trás. Cachoeiro está chegando na Safra, passou do aeroporto. Fico contente com isso. Vejo Cachoeiro com um crescimento absurdo. 

 

Que mensagem gostaria de deixar, especialmente, para os jovens que aspiram a seguir carreiras desafiadoras como a medicina?

A mensagem é para que façam tudo muito bem feito, que sejam honestos, corretos, que não pensem inicialmente na parte financeira, que é uma consequência... Minha vida sempre foi tratada desse jeito, sempre fiz assim, priorizei a ética, a honestidade. Aprendi com meu pai, com meus tios Eck Moreira da Fraga e Vicente Garambone, e com os amigos da família, Edil Leão e Eraldo Oliveira Nascimento.  Pessoas que tive exemplo de vida, forjaram a minha educação.

 

Durante os anos longe, o que você mais sentiu falta da sua terra natal?

Sem sombra de dúvida, não foi só da família. Além da família, os amigos, que considero verdadeiros irmãos, sempre senti muita saudade. Encontrar com os amigos, jogar um futebol, fazer um churrasco... bailes do Jaraguá, do Caçadores, do Ita... Sem sobras de dúvidas, são as amizades que me trazem mais saudades. Tenho uma turma de futebol de Cachoeiro, todos os anos nos reunimos para jogar sábado antes do Carnaval, chamada Mackenzie. Amigos de futebol da AABB, do Jaraguá, do Estrela, do Ouro Branco, uma verdadeira família. Saio de BH rindo para os encontros.

 

O que esta homenagem significa para você e como você acredita que ela reflete sua jornada profissional e pessoal?

Sempre levei o nome de Cachoeiro por onde passei e tive muita sorte por Deus me permitir passar por bons lugares e conhecer boas pessoas. Gostaria de agradecer ao povo de Cachoeiro, a todas as entidades que apoiaram meu nome, sobretudo. Sinceramente, só gostaria de agradecer.

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