Reconhecimento além das fronteiras - Jornal Fato
Festa de Cachoeiro

Reconhecimento além das fronteiras

Nascido no Rio de Janeiro e há 40 anos trabalhando na cidade, o Cachoeirense Presente é referência no setor de saúde, à frente do Heci


- Foto: Divulgação

Figura importante para o sistema de saúde pública de Cachoeiro de Itapemirim e de toda a região sul do Espírito Santo, à frente da instituição local maior prestadora de serviços para o SUS, Wagner Medeiros Junior foi escolhido, em maio, pela Câmara de Vereadores, para receber o título de Cachoeirense Presente Nº 1 de 2024.

A honraria é concedida desde 1990, pelo Poder Legislativo Municipal, a pessoas que são exemplos de vida e se destacam no dia a dia da cidade com o seu trabalho. 

Superintendente do Hospital Evangélico local (Heci) há 35 anos, Wagner Medeiros é um dos principais responsáveis pelo progresso da instituição, que tornou-se referência nacional em cirurgia bariátrica e no tratamento do câncer; recebeu nota A do Ministério da Saúde em cirurgia cardíaca, entre outras expressivas conquistas e resultados. 

Formado em Economia e com pós-graduação em Administração Hospitalar, a atuação do Cachoeirense Presente de 2024 na saúde não para por aí. Medeiros presidiu a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado do Espírito Santo, foi Secretário Municipal de Saúde de 1997 a 2000.

Além disso, lecionou Estatística nas faculdades de Filosofia, Ciências Contábeis e Administração durante 15 anos.

Como se não bastasse, também é escritor e membro da Academia Cachoeirense de Letras.

Nascido em 1955, na cidade de Barra de São João, litoral norte do Rio de Janeiro, reside em Cachoeiro do Itapemirim desde 1985. Casado com Cristina Medeiros, tem três filhos e um neto.

Na seguinte entrevista ao ES de FATO, Wagner Medeiros Junior fala sobre a homenagem e seu trabalho, no qual as palavras equipe e conduta humanística estão sempre presentes. 

 

FATO- Como se sente ao receber o título de Cachoeirense Presente Nº 1 de 2024?

Wagner Medeiros - Me sinto lisonjeado por ter sido lembrado neste ano, porque tenho recebido homenagens em vida, e essa é uma das mais gratificantes? Ainda mais porque não nasci em Cachoeiro, embora esteja há quase 40 anos aqui. Em Cachoeiro, nasceram dois dos meus filhos e desenvolvi o trabalho mais importante da minha vida. Dei a sorte de poder trabalhar dentro do contexto da minha formação, que é a Economia, buscando melhorar a qualidade de vida das pessoas.

 

Quais foram os principais desafios que enfrentou ao longo dos 35 anos como superintendente do Heci?

Administrar qualquer área da saúde é um desafio. Área complexa, com escassez muito grande de recursos para satisfazer as necessidades gerais das pessoas. Mas sempre trabalhei em equipe, buscando eficiência, o que abranda o dia a dia. Compartilho, portanto, o título com toda a equipe, que vem trabalhando comigo nessa jornada. O título é de todos que trabalham comigo.

 

Pode nos contar um pouco sobre a transformação do Heci ao longo de sua gestão e quais conquistas considera mais significativas?

O hospital tem marcado de forma muito enfática o desenvolvimento da saúde em Cachoeiro. Tem um papel histórico, transformou a cidade em um centro de referência regional em atendimento hospitalar. É pioneiro em hemodiálise no Espírito Santo e em cirurgia cardíaca pediátrica. Em tratamento completo oncológico, fora da capital, e em cirurgia robótica. Hoje, oferece serviços extremamente especializados com profissionais de elevada capacidade técnica. O que nos dá a garantia de poder oferecer à população serviço de saúde com segurança e qualidade. A própria certificação pela ONA (Organização Nacional de Acreditação) comprova a qualidade do serviço.

 

Qual foi a motivação para implementar o Instituto do Coração e o Instituto dos Olhos no Heci?

O principal motivo é a necessidade da população. A gente foca a gestão nas lacunas existentes no segmento hospitalar, observando a função social. Nada aqui é feito ao acaso. Tudo, de forma técnica, com transparência e determinação.

 

Como o Hospital Evangélico conseguiu se tornar uma referência nacional em cirurgia bariátrica e no tratamento do câncer?

Primeiro, na escolha dos profissionais gabaritados. E focando recursos financeiros na aquisição de equipamentos de ponta.

 

O que significa receber uma nota A do Ministério da Saúde em cirurgia cardíaca? Como foi esse processo?

No Espírito Santo só dois hospitais obtiveram a nota A: o Heci e o Hospital Evangélico de Vila Velha. O Ministério da Saúde fez auditoria em todos os serviços existentes no Brasil, considerando vários fatores técnicos, como mortalidade, complexidade, equipe disponível, quantidade de oferta ao SUS. Foi muito gratificante, atesta que temos feito o serviço de forma correta, como comprova a população, que demonstra satisfação e se sente segura.

 

Como avalia a importância da integração entre o Hospital Evangélico e o SUS para a região?

A população do sul do Espírito Santo não precisa sair para buscar atendimento nas capitais. Invertemos o jogo: pacientes de todo o Brasil vêm para cá. 51% dos atendimentos no Heci correspondem a pessoas de fora do município. Inclusive, pessoas de poder aquisitivo, as quais os próprios médicos indicam o Heci. 

 

Além de sua atuação no Heci, também foi Secretário de Saúde e professor. Como essas experiências complementaram seu trabalho no hospital?

Meu trabalho sempre foi muito focado no hospital. Assumi a Secretaria de Saúde de Cachoeiro na época em que era efetivada a municipalização da saúde. Implantamos as primeiras unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF), contemplando o nível básico nos distritos e na sede. Outro fator importante e determinante foi o apoio do então prefeito Theodorico Ferraço na não municipalização da assistência hospitalar, ficando sob a égide do Estado. Isso foi fundamental para permitir a Cachoeiro transformar-se em referência. Não faltaram recursos como em muitos municípios capixabas que municipalizaram a assistência hospitalar.

 

É membro da Academia Cachoeirense de Letras e escritor. De que forma a literatura e a escrita influenciam sua visão e prática na área da saúde?

Tive a sorte de gostar muito de leitura, sempre gostei e isso possibilitou aperfeiçoar meu conhecimento, sobretudo de economia e política. Sempre procurei me atualizar, me inteirar da situação econômica pela própria necessidade de planejamento futuro. E me deu embasamento, inclusive, para escrever ensaios na área de história.

 

Quais são os planos e aspirações para o futuro do Hospital Evangélico e da saúde na região?

Planos, temos muitos, mas não podemos divulgar, por questão estratégica. O objetivo é melhorar a área de saúde na região. Entre eles: inauguração do novo centro cirúrgico (mais moderno do Sul do Estado), prevista para setembro; modernização da fachada do Heci; obra do hospital do câncer (expectativa de reinício nos próximos 30 dias, com a celebração de novo contrato), o que vai proporcionar a formação de importante complexo hospitalar, totalizando 500 leitos (Cachoeiro e Itapemirim). Apesar da grande decepção com os prefeitos do litoral sul, que não valorizam a atuação, altamente deficitária, do único hospital da região, embora sejam municípios ricos. 

 

Que mensagem gostaria de deixar para os jovens profissionais que estão começando suas carreiras na área da saúde?

Primeiramente, que a área tem como foco principal a pessoa humana, que deve ser tratada com conduta humanística, solidariedade, empatia? e, quando procura o sistema, ainda por cima, está fragilizada. Uma das razões do sucesso do Heci é que todos os valores contemplam o ser humano.

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