Ao pé da letra
Eu pretendia falar da borboletinha branca que, no último domingo, pousou bem no meio da minha cabeça...
Ao pé da letra
Mais do mesmo, eu pretendia falar da borboletinha branca que, no último domingo, pousou bem no meio da minha cabeça (do meu ori, Fiúza; anote mais esta), no momento em que os ventos proseavam comigo. Pensei, ainda, em escrever sobre a trupe que desembarcou, nesta semana, no descampado perto do nosso cazuá, onde, junto às lonas do circo, será armada a futura lembrança de alguma criança que, no pretérito mais-que-perfeito, era eu.
No entanto, mestre Drummond (saravá, mineiro!), tinha uma frase no meio do caminho: "Tudo vira notícia". Máxima tão calejada quanto dedo de redator à moda antiga, dos tempos da Olivetti. Que não é o Lincoln, o "mago do pop". Contudo, o que de dedo e de pop couberam nessa premissa jornalística, recentemente, foram os pés da cantora Anitta. Como naquele slogan, aconteceram, viraram manchete.
Só porque o affair da artista carioca, o ator italiano Simone Susinna, inovou na forma de oficializar um relacionamento amoroso. Desprezando textões ou quaisquer outros convencionalismos, ele - que, igual a mim, conhece o melhor da vida - simplesmente postou nas redes sociais um vídeo no qual beijava os pezinhos de sua namorada. Bravo, bambino! Taí um exemplo que eu vou levar para a minha vida. Ao pé da letra.
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FEL, MINHA BOCA TEM O FEL: De vez em quando, até a poesia me cansa. Nessas ocasiões, sinto ânsia de fel. Mas não o cuspo na rua, porque aprendi a respeitar a sacralidade do chão, no qual jogo apenas o primeiro gole do dia. Um rito reconhecido, inclusive, pelo bispo Edir Macedo-ou-mais-tarde. Quem diria. Em entrevista ao Roberto Cabrini, há alguns anos, ele comparou a extorsão, ops!, o dízimo de sua igreja ao gole pro santo, este, sim, purificado (ou destilado) em devoção e intenção.
Ah, antes que eu me esqueça: a poesia, pelo contrário, jamais se cansa de mim.
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É A RITA, É BONITA E É BONITA: Sempre evitei, em meus textos, todo e qualquer caráter opinativo. Porém, não resisto a dar meu pitaco na polêmica em torno do comercial dos 70 anos da Volkswagen no Brasil, protagonizado por Estrelis Regina, "rediviva" por inteligência artificial, e por sua filha, a cantora Maria Rita (cada vez mais versada no samba de terreiro). Ocorre que, entre quem o desaprova e o elogia, eu fico - ao modo Gonzaguinha - com a pureza das lágrimas de Maria Rita.
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URUBU, NA PAZ, NÃO É GALINHA: O gaiato, num dia feliz, enxerga beleza e lirismo até no voo do urubu. Ele haverá de rimá-lo com Caracu - é o que horário permite - e, num verso decassílabo, verter a carniça em fina flor (da malandragem). Podem apostar, do primeiro ao quinto, que vão chamá-lo de maluco - e quem, hoje, não é? - ou de herege. O que em nada vai magoá-lo. Zombeteiro, devolverá a seus potenciais detratores que "mais vale um urubu voando do que duas galinhas na mão".