Sobre o Amor - Jornal Fato
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Sobre o Amor

Muitas são as virtudes.


Muitas são as virtudes. O apóstolo Paulo considerava o amor como a mais importante. Podemos ter tudo, mas se não existir o amor nada seremos, dizia. O amor é assunto para reflexão de poetas, filósofos, diretores de cinema... E muitas são as histórias. Das histórias de amor as que ficam gravadas em nossas memórias são aquelas de amores trágicos, algo impossível de se realizar: Romeu e Julieta; Tristão e Isolda; As Pontes de Madison; Love Story; Abelardo e Heloísa. Como se para viver um grande amor precisasse do sofrimento, viver o céu e o inferno no mesmo instante. Nietzsche, o filósofo da alma humana, comparou o amor à cobiça, em todas as suas formas, entre um homem e uma mulher, e mesmo o amor ao próximo, considerava uma manifestação e desejo de posse, não só do corpo, mas do todo, inclusive a alma. Achava o verdadeiro amor, a amizade, uma virtude para poucos, ou mesmo não alcançável pelo ser humano. Isso, talvez, explique o ciúme doentio, a vigília constante, o felino querendo adivinhar o pensamento do outro. Explique os crimes passionais.

Rubem Alves, poeta e professor, no livro sobre o Nascimento, Morte e Ressurreição do Amor diz que a fascinação é pela imagem. Amamos os símbolos que vemos escritos em alguma parte do corpo da pessoa amada. Não existe razão no amor. Assim descreveu Drummond em As sem razões do amor: Amor é primo da morte, / e da morte vencedor, / por mais que o matem (e matam) / a cada instante de amor. O amor é descobridor. De Fernando Pessoa: Quando te vi amei-te já muito antes. Tornei a achar-te quando te encontrei. O amor é aliviador; a paixão é inquietante. Como se santo Agostinho dissesse: O que é que amo quando te amo? Inquieto pela saudade. Mas é a saudade que faz o amor crescer. Em uma de suas histórias Rubem Alves cita o Canto do Pássaro Encantado, a menina se apaixonou pelo pássaro, ele possuía a liberdade de voar, de suas viagens trazia histórias e cores diferentes em suas asas, e enchia de alegria os dias daquela menina. Até que um dia ela resolve prender o pássaro, ele perdeu o encanto e adoeceu. Mesmo sofrendo ela o libertou. Ficou com a saudade e a alegria de saber que ele poderia voltar.

De todos os amores, o mais fascinante é o amor de uma mãe pelo filho. De todas as formas de amor, o amor da mãe pelo filho nada mudou, nem com a modernidade. É o mais intenso. E é na música que mais claramente lembramos: "Que saudade é o pior tormento / É pior do que o esquecimento [...] A saudade é arrumar o quarto do filho que já se foi." Paulo Mendes Campos, um dos nossos melhores cronistas, escreveu: O amor acaba. O jornalista, José Carlos Oliveira, logo em seguida escreve: O amor começa. Verdade, com as mães, o amor sempre recomeça no meio de uma noite ou numa manhã bem cedo, nos cuidados ao filho. O diretor Wim Wenders em Paris / Texas conta a história de amor de um homem de meia idade por uma jovem no final da adolescência. O filme esclarece o que Nietzsche escreveu: Perdoar o que você fez comigo é fácil. Mas como posso perdoá-la por aquilo que você fez consigo mesma?

 

Sergio Damião Santana Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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