Realidade cruel - Jornal Fato
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Realidade cruel

A idosa que sofreu o abuso ainda se recorda do olhar sarcástico do homem, como se pelo fato de ser homem ele tivesse o direito de tratar mulher de forma desrespeitosa


- Foto: Reprodução/Web

A história é real, aconteceu com uma mulher idosa, independente, saudável e em condições de se defender.

A referida mulher foi a um Posto de Gasolina às 8 horas, estacionou o carro nas imediações do posto, já que seu objetivo era tirar dinheiro na caixa eletrônica da Loja de Conveniência. O posto que frequenta tem lojas, bar, e as vagas em frente a Conveniência estavam todas ocupadas. Pegou o dinheiro e retornou ao carro. Por ali os frentistas se fazem presentes e ela estava tranquila, o ambiente sempre fora seguro.

Ao entrar no carro percebeu que alguém segurou a porta, imediatamente pensou tratar-se de alguma pessoa amiga, quando deu de cara com um estranho fechou imediatamente a porta puxando-a com força. O desconhecido deu um pulo e se deitou no capô do veículo, ao lado da motorista. E com as mãos apontava as pernas dela, que estava de saia e demonstrava com gestos obscenos o que ele desejava. O olhar do indivíduo era de escárnio. O constrangimento dela foi tanto que ao perceber as intenções do sujeito ligou imediatamente o carro, deu ré e sumiu do local.  Só que totalmente constrangida e desestabilizada. Ela conseguiu observar que o agressor deveria ter entre 40 e 50 anos, branco, vestido com roupas normais, não aparentava ser andarilho nem mendigo. Ele correu para o asfalto ainda gesticulando obscenidade para ela.

Ao narrar o fato para algumas pessoas mais íntimas, todos perguntaram por que não apertou a buzina para assustá-lo, ela nem lembrou de buzinar na hora do sufoco, só de sair daquela situação constrangedora. Por sugestão, de gente amiga, retornou ao Posto no dia seguinte para conversar com o gerente. Que garantiu a segurança do local e que concordou ter visto o cidadão estranho, só que não percebeu nada fora da rotina.

Concluindo, restou à senhora um enorme constrangimento, ela fora assediada e sofrera em poucos minutos violência sexual, moral e psicológica. Não se sentiu acolhida devidamente, poucas pessoas entenderam a sua dor. Se para ela, uma idosa de classe média, independente, ocorreu uma situação dessas, imagine para aquelas que vivem em periferia, sem proteção social e que desconhecem os próprios direitos? A idosa que sofreu o abuso ainda se recorda do olhar sarcástico do homem, como se pelo fato de ser homem ele tivesse o direito de tratar mulher de forma desrespeitosa.  Foi um fato que aconteceu rapidamente, mas que deixou marcas. Imaginem as feridas não cicatrizadas das que são abusadas e desrespeitadas em toda sua vida, crianças, adolescentes, casadas, idosas...infelizmente a vida da mulher ainda é feita de humilhação e dor.

 


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