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No decorrer da vida escolar, sempre fui uma aluna preocupada com as notas


No decorrer da vida escolar, sempre fui uma aluna preocupada com as notas. Nunca fui das piores, mas também não era a melhor. Contudo, sempre dei conta do recado, pois, se a situação apertava, eu tirava o pé do freio e estudava mais. Se acalmava, eu ficava mais tranquila para enfrentar a maré com certa mansidão. Era uma aluna do tipo tradicional, qual seja: faz o que tem que fazer, o que hoje entendo ser apenas o mínimo a ser feito.

Todavia, sempre fiz questão de cumprir as tarefas, de assumir a frente dos trabalhos escolares e sempre, sem deixar de ser aluna com suas conversas paralelas ocasionais, carreguei em mim a necessidade de respeitar o professor dentro da sala de aula.

Com essa conduta, não era um tipo de aluna que todos os professores comentam nas reuniões, mas também nunca fui daquelas que ninguém se lembrava.

Estar no quadro mediano era suficiente para mim na época, mas não abria mão de ser aprovada, com tranquilidade, no final do ano letivo.

Apesar disso, certo dia, na época estudava no Liceu Muniz Freire, enquanto assistia a uma aula de química com a professora Marlene, hoje falecida, sentada na minha cadeira, comecei a perceber que dois colegas, nas cadeiras da fileira ao lado, começaram a conversar e a rir com certa intensidade.

Fiquei distraída nesse momento, pois comecei a observar os dois. Olhei para uma amiga atrás de mim e, sem saber o que acontecia ou as razões das gargalhadas vizinhas, comecei a rir incessantemente. Cai numa crise de riso que não mais consegui conter.

Lembro que a professora perguntou o que ocorria, mas eu apenas ria. Ela disse: Katiuscia, até você!? Mas eu ria ainda mais.

Envergonhada, mas em meio a gargalhadas, os dois colegas, eu e, agora também, minha amiga Mariusa, fomos chamados a atenção quando, de repente, ouvimos a ordem:

- Os quatros para fora de sala agora!

Descontrolada nos risos, juntei o material e saí da sala dando gargalhadas junto aos outros três alunos.

Até hoje me lembro desse fato e a lembrança da situação faz-me sorrir, não pelo desrespeito, mas pelo descontrole no dia. Contudo, na aula seguinte com aquela professora, não abri mão de pedir desculpas, pedido que foi aceito.     

Hoje, vejo alguns alunos que ameaçam, que humilham, que querem ser a voz ativa na sala de aula, alunos que reclamam do professor exigente e que criticam o professor mais maleável. Vejo alunos que tratam o professor com indiferença, que buscam a direção quando recebem faltas porque saíram da sala de aula, que falam mal quando tiram notas ruins porque não estudaram, que caem em cima do educador se, no mesmo dia, for agendada uma prova e um trabalho. E, por triste, essa realidade não se extrai da educação infantil, mas, especialmente, da média e universitária.

Não raro, um simples comentário maldoso, leva toda sala de aula a zombar do educador. Isso se ignorarmos os casos de violência física, o que não se pode aceitar. Muitas vezes, as palavras RESPEITO e LIMITE parecem não existir no dicionário brasileiro.

Apesar disso, mesmo enfrentando desafios diversos, estes emocionais, psíquicos e, por vezes, físicos, o professor continua dando "seu sangue" na esperança de que, no futuro, seus alunos façam a diferença.  E, por esse profissional, mesmo sem perceber, muitos homens e mulheres deram - e darão - certo na vida.

Assim, nessa semana, não poderia me calar e deixar de parabenizar os professores. Não só dia 15 de outubro, mas, todos os dias do ano, lhes são pertencentes. Todos os dias fazem jus de serem lembrados pelas renúncias, pelas horas despendidas no preparo das aulas, pelo tempo de descanso gasto na elaboração e na correção das avaliações, pela vida gastada em prol de um país melhor. Parabéns todos os dias aos professores que não desistem de sua missão.

               

               

               


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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