CHEGARÁ O DIA DO PROFESSOR
Uma data especial não poderia passar em branco
Por Pâmela Gualandi
Uma data especial não poderia passar em branco; que dirá, sem texto.
Quando eu estava no ensino médio, a escola que estudava participou de um concurso de poesia a nível estadual, e eu fiquei entre os três colocados. Declamei a poesia ao som de Mozart; foi feita a filmagem e enviada para TV escola. Qual a finalidade? Nem me recordo, pois minha vontade mesmo era fazer o que eu amava: escrever.
Mas, o que há de semelhante entre a data e o concurso?
Segue a poesia:
"Tu, menino que em minha porta bateste pedindo um pedaço de pão
Tu, mãe aflita e andarilha que pede para teu filho o direito à educação.
Tua fome me leva a refletir que ela é diferente da que podemos imaginar.
O pão que te oferecem mata a fome do estômago e pode até sustentar,
Mas tua fome ainda persiste nas entranhas do teu ser, e como diz o Soberano:
Nem só de pão se vive o homem?"
Alguém precisa entender!
O educador é aquele que acredita nas possibilidades do aluno matando a fome pelo aprendizado.
É aquele que alimenta a esperança de um futuro aos pais aflitos por um diploma para seu filho.
É aquele que passa meio período ou até mesmo o dia todo com nosso bem mais precioso.
É aquele que nos fins de semana continua planejando as atividades da semana seguinte.
Porém, deveria ser aquele que tem o salário mais alto por ser tão valioso o seu trabalho.
Um sonho não é mesmo?
Segundo dados do MEC, o salário-base do professor neste ano é de R$ 2.557,74, para os profissionais do setor público; lembrando que, para ser professor, necessita-se da conclusão do magistério, ensino superior. Conforme dados de fontes de prefeituras, um cargo comissionado, sem a necessidade de ter concluído o ensino superior, como o de consultores, tem o valor acima de R$ 3.000,00; vemos a real desvalorização do magistério público que tanto contribui para a formação: ler e escrever, somar e multiplicar, cuidar do meio ambiente e olhar para cima e ver que podemos alçar voos mais altos.
Um desejo? Que os professores sejam valorizados financeiramente como merecem para não precisarem mais de dizer "e o salário, oh". Que a educação seja vista como prioridade pelos órgãos públicos, tendo seus recursos aplicados de forma eficaz para benefício de quem os utiliza: os alunos, que mesmo com dificuldades (seja no translado até a escola ou dentro de casa), buscam um futuro melhor. Afinal, qual educador nunca ouviu a frase "qual é a hora da merenda?".
Nem só de pão se vive o homem. Alguém precisa entender!