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Muitas histórias

Sou jornalista há 36 anos, mas atuei a maior parte da vida profissional longe das redações


Sou jornalista há 36 anos, mas atuei a maior parte da vida profissional longe das redações, com assessoria de comunicação e marketing. Mas apurar e escrever sempre foi a minha grande paixão. Já externei isso em outras ocasiões.

Mas nos últimos meses tenho exercido a profissão de forma regular e contínua. Rotina às vezes estressante, quando o acesso à informação é difícil.  Mas é sempre apaixonante.

Podia escrever menos, parar de querer saber tanto, parar de ver uma grande história atrás de cada entrevistado. Mas quer saber, não faço nenhuma questão disso.

Amo ler pessoas e ouvir o que elas têm a dizer, mesmo que não tenham ainda se dado conta do quanto o que fazem ou vivem é interessante e merece ser compartilhado.

Do quanto vivências ensinam lições preciosas. E por isso estou tão apaixonada pela editoria do site Dia a Dia, Bravas Mulheres.

São histórias interessantes que amei escrever. Maria Laurinda é uma estrela que dispensa apresentações. É uma grife. E as conversas com elas sempre são agradáveis.

Conheci essa mulher forte na década de 90 militando no movimento feminista. Se tem alguém que não foge à luta é ela.

Outra entrevistada, que em nenhum momento citou a palavra feminista, e eu não perguntei sobre isso, disse que ensina as filhas ainda adolescentes que precisam ter a própria renda para não pedirem dinheiro ao marido. Para que não tenham que submeter a eles em função da dependência financeira. 

Outra desde muito pequena virava cambalhotas e todos da vizinhança se incomodavam e falavam para ela parar de brincar de "coisas de menino". Um vizinho chegou inclusive a dizer que ela poderia escolher qualquer brinquedo, desde que parasse de virar piruetas.

Ela aceitou, mas o vizinho, ao ver que a criança havia perdido a alegria, deixou o presente e a liberou para as traquinagens que talvez a tenham ajudado a ser hoje uma das maiores capoeiristas do Espírito Santo, a contra-mestra Ligeira.

São muitas histórias apaixonantes. E quero escrever todas elas com o mesmo brilho no olhar das primeiras matérias. E sabe o que aprendi nesse tempo de profissão? Os homens raramente se revelam.

Mande as mesmas perguntas para homens e mulheres. Mulheres entram nos detalhes, dão informações preciosas e caminhos até para escrever uma especial, se for o caso.

Os homens respondem tudo que foi perguntado. Você escreve sua matéria, atende o objetivo, mas não será possível uma leitura completa, na maioria das vezes. E se for escrever sobre esportes, especialmente o futebol, o olhar sobre sua competência será sempre desconfiado.

Mas a gente segue em frente fazendo o que escolheu fazer. Escrever umas mal traçadas linhas. Sempre com brilho no olhar e o coração acelerado.


Anete Lacerda Jornalista

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