Homenagem aos 103 anos do Estrela do Norte F. C - Jornal Fato
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Homenagem aos 103 anos do Estrela do Norte F. C

Quem não tinha dinheiro pra comprar ingresso tinha de ficar mesmo era no morro


Foto: Atenas Notícias

Quem não tinha dinheiro pra comprar ingresso tinha de ficar mesmo era no morro. Os mais corajosos ficavam lá em cima, trepados no muro. Outros se ajeitavam num barranco que havia ali perto da rampa que dá acesso ao Hospital Infantil. No lugar da rua, existia a linha de trem. Na década de cinquenta, a famosa Maria Fumaça passava em frente ao portão principal do campo do Estrela do Norte Futebol Clube, no bairro Sumaré.

Eu preferia a subida do Morro da Palha, porque, naquele local, havia mais espaço pra galera correr, na hora do aperto. De vez em quando, um gaiato gritava: "Polícia!" E era um corre-corre desgraçado.  A visão do campo também era parcial, mas a turma vibrava com a mesma intensidade de quem estava lá dentro, nas gerais, nas arquibancadas...

No finalzinho do jogo, os dirigentes mandavam abrir os portões do estádio. Que felicidade! Todo mundo corria feito uma carneirada, pra assistir aos últimos minutinhos da partida. Mas, para nós, torcedores de morro, era o tempo suficiente pra curtir as jogadas espetaculares de craques do famoso "Time de Sumaré".

Seu Zezinho, de saudosa memória, durante anos, fez de sua escolinha uma verdadeira fábrica de craques. Ele tinha o dom quase divino de descobrir talentos. Quando percebia que o moleque tinha intimidade com a bola, investia nele. Além de ensinar futebol, seu Zezinho dava aulas de comportamento, de civismo, de brasilidade, de respeito. Hoje, dá raiva quando se vê, na televisão, um jogador de time grande fazer um gol, correr pra torcida e tirar a camisa. Quanta estupidez! Seria o caso de exibir a camisa, com orgulho, como ensinava o velho mestre.

E o Estrela, de tantas glórias, Campeão Sulino, Campeão da Copa Espírito Santo, em várias temporadas, e mesmo cheio de profissionais importados das grandes cidades, e até das Capitais, foi parar numa inexpressiva Segunda Divisão... Mas hoje, graças ao esforço conjunto de sua diretoria, dos atletas, dos patrocinadores e dos associados, deu a volta por cima, e, merecidamente, retornou à elite do futebol capixaba.

Esperamos que, neste ano de 2019, em que comemora seus 103 anos de existência, o Estrela do Norte F. C. possa repetir a façanha de 2014, quando levantou a taça de Campeão Capixaba Série A, para delírio de sua numerosa e inflamada torcida.

 

Do livro "Eu e meu Umbigo" - 1997 - adaptado

 

Solimar Soares da Silva

E-mail: [email protected]


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