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As três biografias desta conexão foram transcritas do livro "CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - EDIÇÃO HISTÓRICA", 1976, clássico mais que esgotado


- Ilustração: Zé Ricardo

As três biografias desta conexão foram transcritas do livro "CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - EDIÇÃO HISTÓRICA", 1976, clássico mais que esgotado. Foram seus editores, Salvador Obiol de Freitas (uruguaio), Margarita Ruegg (argentina) e Carlos Alberto Pinheiro (cachoeirense). A apresentação e notas do volume foram do cachoeirense Waldemar Mendes de Andrade. Os também cachoeirenses Heitor de Paula Beiriz, Byron Tavares, João Eurípedes Franklin Leal, Teresinha de Jesus Rosa Dalto e Rubens Penedo colaboraram grandemente para o sucesso do livro, que merece reedição.

Resolvi publicar essas "pequenas" biografias, nesta Conexão, depois de publicá-las em minha página no facebook e receber mensagem de Ana Emilia Moraes Rettore, dentre outras: - "Ótima essa iniciativa de identificar os vultos históricos que dão nome a ruas, bairros, escolas e unidades públicas da cidade".

É o que anda faltando por aqui (mas brevemente nomes de cachoeirenses importantes terão placas indicando onde nasceram ou passaram -bom começo - aguardem; ainda é segredo).

 

FRANCISCO DE CARVALHO BRAGA

 

 

Prefeito de Cachoeiro, 1914/1916 - Nascido em Guaratinguetá (SP), passou parte da juventude no Rio de Janeiro, transferindo-se depois para Cachoeiro de Itapemirim, onde casou com Rachel Coelho Braga, filha de um conceituado fazendeiro. O casal teve treze filhos, dos quais apenas sete chegaram à idade adulta: Jerônimo, Carmozina, Newton, Rubem, Armando, Ieda e Anna Graça.

Francisco Braga exerceu as funções de tabelião e escrivão no Cartório do 1º Ofício, onde terminou sua vida. Residia à Rua 25 de Março, em frente ao Centro Operário e de Proteção Mútua, entidade de que foi presidente. Tinha uma cultura geral muito sólida, gostava de boa literatura e expressava-se com muito acerto.

No seu período de governo, Francisco Braga organizou a administração da Prefeitura. Pequenina como era a cidade naquela época, começando onde está a Igreja Velha (Matriz Nosso Senhor dos Passos) e acabando nas proximidades do Hotel Itabira, quase uma aldeia, portanto, pouco teria o prefeito a fazer. Apesar disso, arrumou as ruas da cidade, calçou as cabeceiras das pontes com pedras toscas (conhecidas como pé-de-moleque), e instalou em bases mais modernas, através do Decreto nº 16, de 7 de julho de 1914, o serviço de luz elétrica.

Francisco de Carvalho Braga, preocupado com o sossego da cidade, proibiu, pelo Decreto nº 16, de 7 de julho de 1914, que as carroças ou carros de boi trafegassem pelas ruas com os eixos apertados, o que provocava incômodos chiados. Antecipava-se, assim, às modernas preocupações com a poluição sonora.

 

JOÃO CÂNDIDO BORGES DE ATHAYDE

 

 

(É o Coronel Borges). Nasceu em 27 de dezembro de 1844, em Brejo dos Patos, município de Itapemirim. Filho de Joaquim Borges de Athayde e de Joana Borges de Athayde, casou-se com Francisca Carolina de Barros, natural de Barra Mansa. O casal teve quatro filhos: Maria Isabel, Áurea, Genésio e Maria da Assumpção.

Quando estourou a Guerra do Paraguai, movido por questões particulares, João Cândido dirigiu-se para Vitória, tomando o navio que o levaria para a guerra, como voluntário. Foi incorporado ao grupo de recrutas, tomando parte de diversas batalhas, como Itororó, Lornas, Valentinas, Haiti e Riachuelo. Seus feitos ficaram registrados nos anais do Ministério da Guerra.

Tendo sido ferido e perdido um dos olhos, foi recolhido a um hospital, onde permaneceu durante muitos meses. Foi dispensado por serviços prestados e recebeu o título de Coronel, passando a receber um soldo mensal. Foi, ainda, agraciado com duas medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze.

Voltando a Cachoeiro, exerceu os cargos de tabelião, escrivão e oficial do Registro Civil de Imóveis.

Político destacado, foi ardoroso defensor da monarquia, tendo sérios problemas com os republicanos que despontavam e se firmavam, como Bernardo Horta.

Proclamada a República, o Coronel Borges reconheceu-a. Foi vereador e presidente da Câmara.

Faleceu em 5 de agosto de 1916. Cachoeiro prestou-lhe homenagem póstuma colocando o seu nome em populoso bairro localizado em terras que foram de sua propriedade (Bairro Coronel Borges).

 

ANACLETO RAMOS

 

 

Anacleto Ramos, nascido em 30 de março de 1876 em Barra de Itapemirim, foi trazido cinco anos mais tarde para Cachoeiro. Depois de fazer os estudos primários com o Professor Quintiliano de Azevedo, dedicou-se ao comércio. Casado em 1900 com Carly Levy, filha de Samuel Levy, tornou-se personagem de grande importância para a cidade, que beneficiou, até o fim da sua vida, por todos os meios ao seu alcance.

Participante ativo na vida da cidade, militou em diversas instituições, sempre ocupando cargos de responsabilidade tais como: Loja Maçônica Fraternidade e Luz (de que foi presidente e sócio benemérito), União Operária (presidente), Cooperativa de Laticínios (fundador, presidente e tesoureiro), Clube Caçadores Carnavalescos (presidente), e Santa Casa de Misericórdia (presidente do Conselho, além de diversas outras funções).

Dono da Fazenda Aquidabã, ali fundou o Parque Aquidabã, que dividiu em lotes, vendidos a famílias de poucos recursos econômicos por preços acessíveis e com grandes facilidades de pagamento.

Atendendo às necessidades que o desenvolvimento da cidade manifestava, fez doação de inúmeros terrenos aos operários da prefeitura, bem como aos ferroviários, no lugar em que hoje se levanta o Bairro dos Ferroviários. Foram donativos seus, também, os terrenos da Campanha de Alfabetização, do Tiro de Guerra (para o qual fez construir o prédio), do Grupo Escolar Anacleto Ramos e Faculdade de Direito e da Igreja de São Sebastião. Vereador oposicionista antes da revolução de 30, foi fundador do PSD em Vitória. Falecido em outubro de 1970, com noventa e cinco anos de idade, teve um enterro em que a população de Cachoeiro manifestou todo o agradecimento que a vida deste benfeitor merecia sobejamente.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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