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Finalmente chegou a tão sonhada revitalização da orla da Praia Central de Marataízes


Finalmente chegou a tão sonhada revitalização da orla da Praia Central de Marataízes: um projeto grandioso há muito tempo esperado para se mudar o turismo local.

Marataízes é uma cidade linear de praias com lagunas e lagoas. Foi abençoada com essa geografia e já possui uma via no alto do morro para o tráfego pesado de veículos (agora e no futuro) para não necessitarmos do tráfego dos veículos automotores dentro da cidade.

Fora deste contexto descrito temos o DNA deste projeto. Quando no seu primeiro mandato de governador, Casagrande doou um projeto de urbanização para a orla de Marataízes. Esse projeto foi feito pela AVANTEC e originalmente é um grande maciço de concreto que vai do Xodó até a igreja e, de quatro pistas chega a ter seis na altura da chegada da cidade. Isso por que "poderemos" precisar das 4 pistas. Ainda não precisamos. E se não precisarmos?

O que pude entender é que o projeto original teria continuidade com duas pistas pela orla após a igreja da Praia Central e voltaria também em duas pistas pela Avenida Rubens Rangel (ao invés da atual mão dupla). Entretanto o IEMA vetou esta ideia.

Sabendo que o princípio de mobilidade urbana do projeto original de urbanização da Praia Central não seguirá em frente, não seria melhor fazer um novo projeto? Mas os burocratas resolveram fazer "uma parte" do projeto original que é a atual obra que vai de perto da chegada a Marataízes até a igreja.

Com essas grandes decisões impactando a orla da cidade, nem uma audiência pública foi realizada para se escutar a opinião da sociedade. É aquela velha história, de uma puxadinha, depois outra e assim o ELEFENTE BRANCO começou a aparecer.

Ainda não consegui entender aquele cimentadão chamado de praça de eventos. Se esse espaço foi idealizado pensando naqueles shows até a madrugada com uma bagunça da cidade e seus decibéis absurdos, espero que este conceito tenha caído por terra, pois assim jamais poderemos falar de turismo de qualidade. Estou curioso para ver quais eventos justificarão aquele espaço ou se será um espaço a ser corrigido num futuro próximo. Futuramente teremos que trocar cimento por árvore e restinga?

O que será feito com o trânsito neste verão que se aproxima, com seus ônibus, caminhões, etc. em duas pistas passando pela igreja? Tadinha da nossa bucólica igreja, com suas missas ao ar livre. Acho que essas duas pistas serão para inglês ver, pois tirando a parte urbanizada o trânsito continuará como sempre foi e pior, já estaremos sabendo em qual contesto tivemos esta enorme intervenção na nossa cidade.

Vamos continuar pagando pelos nossos erros de não termos um Plano Diretor Municipal moderno? Ao invés de pensar no tráfego pelo alto do morro, ficaremos tapando o Sol com a peneira com projetos equivocados como este direcionando o tráfego para o litoral? Às vezes um diagnóstico errado nos leva a uma cirurgia desnecessária... e coitado do cliente.

Passada a euforia inicial da inauguração dessa primeira etapa, a missão da sociedade será entender o que foi feito e verificar se esse diagnóstico/cirurgia até aqui foi correto, ou se devemos procurar outro diagnóstico (burocratas que escutem a sociedade) para corrigir esta "primeira parte" da urbanização da orla.

Fica a sugestão: tirando a altíssima temporada (réveillon e carnaval), poderemos continuar com o trânsito do jeito que sempre foi e utilizar as duas pistas perto da praia para lazer: família, bicicleta, patinete, velocípede, etc. para minimizar o efeito visual de cidade abandonada pela ausência de trânsito e "criar" uma utilidade para estas novas duas pistas. 

Se concluirmos que temos um ELEFANTE BRANCO na sala de estar de Marataízes, fica a sugestão de se refazer esse projeto de urbanização em novos moldes, baseado no tráfego pesado no alto do morro e retomar as características principais de Marataízes, que são seu bucolismo, lazer, arborização nas praias, vegetação de restinga...

E o ser humano sendo privilegiado por todo o litoral, ao invés dos carros.

 

Rodrigo Paes Barreto Marcondes

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