Conexão Mansur: Livros? Ora, sim, Livros! - Jornal Fato
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Conexão Mansur: Livros? Ora, sim, Livros!

Sempre que faço a doação de um livro, faço marcando-o, com marcador amarelo, alguma ou algumas frases dele


- Ilustração: Zé Ricardo

Tenho uma mania, da qual gosto muito, mania de doar livros principalmente para jovens, mas só quando, depois de conversa sem ideologias ou coisas frouxas, verifico que a doação pode fazer bem a quem a recebe; a mim sempre faz.

Atualmente tem um livro especial, que gosto muito, com preço de venda razoável no comércio, o qual preço me permite adquiri-lo pra bem mais de exemplar único e promover disseminação em maior quantidade dele, aliada à sua melhor qualidade.

E tem rotina que insisto em seguir: - sempre que faço a doação de um livro, faço marcando-o, com marcador amarelo, alguma ou algumas frases dele (máximo 3), cuja página fica também destacada com um stick (mais conhecido como marcador de... página). Duas frases, eu quem escolho e leio. A terceira o outro leitor faz o mesmo. (Em resumo - abro o livro aleatoriamente, busco uma frase dele, leio-a para o jovem - e não só jovem, fique claro. Em seguida, abro-o em outra página, leio e marco a frase. Finalmente, passo o livro para a pessoa que entendi merecedora do livro, e peço a ela que escolha, também em página aleatória, frase de qualquer das páginas).

Aí acontece o que me emociona e o que sempre me impulsiona a continuar a doar tal livro (e outros, também). Lida a frase aleatória, ou frases, o rosto do jovem ou da jovem, de repente, sem nenhuma preparação ou combinação, se ilumina com o texto lido. Quase sempre, mais de 90%, trata-se de frase arrebatadora que, entendo eu, ficará para sempre fixada na memória e no coração de quem a lê.

Faço isso agora, enquanto preparo a crônica, abrindo tal livro, como se eu o estivesse recebendo.

E antes de abrir o livro, agora, desde já informo que o abro na página 106. Vamos lá!!?? Está escrito: "- Rodeie-se dos inteligentes e competentes".

Dia desses estava eu na Lojas Americanas, em Cachoeiro, onde existe uma livraria, para adquirir mais alguns exemplares do tal livro. Existiam só três deles na prateleira. E, coincidentemente, três mocinhas bem jovens, vestidas com uniforme escolar, da Escola cachoeirense CELP, também olhavam para a prateleira. Perguntei a elas que livros estavam comprando. Me responderam: - "Nenhum, só estamos olhando".

Aí meu cérebro de leitor e divulgador de livros bateu mais forte e me ordenou: - Mansur, sorteia um livro para uma delas! Mas o meu coração atropelou o cérebro e me mandou um questionamento: -"Como assim? São três leitoras"!

Pronto, cada uma ganhou um exemplar desse livro, claro que cada uma fazendo leitura aleatória de duas frases "quaisquer" dele, ao tempo em que todas iam se emocionando com a leitura pessoal e de cada uma delas. Emoção que já deve ter ocorrido na minha presença a bem mais de centena de exemplares dele, que já distribuí para quem merece e demonstra merecer.

Pronto. Comprei três exemplares do livro, fiquei sem nenhum, e saí feliz da livraria, muito feliz. Qual o livro? - "A Arte da Sabedoria", de Baltasar Gracián, jesuíta espanhol (1601-1658), tradução de Luís Roberto Antonik, Faro Editorial.

 

Teatro dimerizável, revest-frame

A construção e entrega à sociedade cachoeirense do Teatro Rubem Braga, que veio a ser inaugurado há muito tempo, 28 de abril de 2000, na Avenida Beira Rio, quando prefeito Theodorico Ferraço, foi momento marcante, ao qual compareci e muita mais gente compareceu.

Àquela época, guardo na memória até os dias de hoje, me surpreendeu a altura do piso do teatro, bem acima da pista da Avenida Beira Rio e do leito do Rio Itapemirim. E tal altura me surpreendeu tanto que cheguei a imaginar um quase excesso na construção, para além, bem além de até aonde o nosso rio poderia chegar, numa enchente poderosa, que não conhecíamos antes, mas conhecemos agora.

Passaram-se anos e nenhuma surpresa nas agora mais frequentes enchentes do Rio. Com as chuvas que desciam o Rio, o Teatro Rubem Braga sequer era atingido em linha mínima.

Até que não. Eis que em início do ano 2020, janeiro, desabou temporal, o rio subiu mais que o normal (o que dizem ser agora o novo normal), as escadarias do Teatro foram vencidas de uma subida só; o teatro foi literalmente destruído, tal qual está hoje, abandonado, e sem possibilidade de qualquer uso.

Aquilo que não temos medo hoje, amanhã poderemos ter, quando o objeto que se apresenta é a nova natureza de nosso tempo - o Rio de nosso tempo, as cheias de nosso tempo, que cada vez vem mais vezes, cada vez mais volumoso.

Com essa experiência de observação, que eu não tinha antes, passei a entender que, muito ou pouco, sempre que se for construir à beira-rio, daqui para a frente há de se ter preocupação bem maior do que a que tínhamos antes... ou que não tínhamos antes.

E com essa nova visão, tomei um susto, quando vi os cálculos iniciais de construção - reforma, melhor dizendo - do Teatro Rubem Braga, coisa que os cálculos iniciais já indicam dinheiro a ser gasto em valor algo superior a cinco milhões de reais (isso mesmo, R$ 5.000.000,00, conforme informa a prefeitura em 05 de maio de 2023), sem contar que, nos dias de hoje e de antes também, existe sempre a possibilidade mais que real de reajustes pós-contratuais.

E outra coisa que me assustou muito, e reflete no preço da reconstrução, é a quantidade de "novidades", as quais qualquer um de nós sabe sempre aparecem. Assim, encontrei no projeto inicial da reforma do Teatro esses termos, os quais nunca ouvira falar: - - Estudo técnico apresentado que fará com que o imóvel do Teatro Rubem Braga tenha "iluminação de plateia totalmente dimerizável; espuma acústica revest-frame, varas cênicas motorizadas, cortina de veludo cênico dupla-face e mais assinatura acústica única e balizador embutido na parede, coisas chiques que não sabemos o que é (o leitor sabe?), mas não deveria estar num teatro reconhecidamente inundável, nos dias de hoje, como o Teatro Rubem Braga.

Creio que, às margens do Rio Itapemirim, sujeito a enchentes que não conhecíamos, as construções, quando permitidas pelas leis ambientais, haveriam de ser bem simples, com material simples, apenas com a novidade essencial e principal de elevar um pouco mais o piso do teatro, ou de qualquer construção, em mais de metro de altura. Assim, estaremos economizando valores públicos municipais milionários, quando a próxima enchente vier. É o que dizem, "conjuntamente juntos", a experiência e a prudência.

O Futuro dirá!

 

Professor Maciel e Evandro Moreira

Quem dá título a este texto, nesta página, são duas figuras das mais extraordinárias da História cachoeirense. Ambos compilaram em dois volumes cada um, essa mesma História, livros os mais comentados e procurados até hoje e, infelizmente, muito mais que esgotados, para desrespeito da memória de nosso Município e deles.

Homenageando a ambos, trago abaixo o nome dos Presidentes da Câmara de Cachoeiro, de 25 de março de 1867 (data da emancipação de Cachoeiro), até 1914, relembrados pelo Prof. Maciel, às págs. 91/92 do primeiro volume do seu "Voltando ao Cachoeiro Antigo" (a partir de 1914 o município passou a ser administrado por prefeitos, sendo o primeiro deles, em Cachoeiro, o Cel. Francisco Braga, pai de Rubem Braga.

Os Presidentes da Câmara, com os deveres de Prefeito de Cachoeiro, foram:

01 - Francisco Xavier Monteiro Nogueira da Gama; 02 - Joaquim Antonio de Oliveira Seabra; 03 - Basílio Carvalho Daemon; 04 - Manoel Batista Fluminense; 05 - Gil Diniz Goulart; 06 - Carlos Bernardino Maciel; 07 - Manoel Leite de Novaes Mello; 08 - Eugênio Pires de Amorim; 09 - Rafael di Martino; 10 - Diogo Pires de Amorim; 11 - Francisco Guardia; 12 - Constantino Serra; 13 - Bernardo Horta de Araújo; 14 - José Gomes Pinheiro Júnior; 15 - Marcondes de Souza; 16 - Antonio de Souza Monteiro; 17 - Felinto Martins; 18 - Joaquim Teixeira de Mesquita.

(Esses livros de Evandro Moreira e do Professor Maciel merecem ser republicados imediatamente. Eles fazem falta imensa, principalmente para a JUVENTUDE ESTUDIOSA e SEUS PROFESSORES).

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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