Chegando a hora de votar - Jornal Fato
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Chegando a hora de votar

As eleições estão aí, batendo em nossas portas.


- Ilustração: Zé Ricardo

Coincidentemente, pesquisando coisas diversas no meu computador, encontrei o texto abaixo, de 31 de agosto de 2013, no qual eu comentava crônica política escrita por Fernando Pedreira, jornalista.

Abaixo vão o meu texto e os de Fernando Pedreira, bastante atuais, até porque as eleições estão aí, batendo em nossas portas.

Trata-se de excerto de crônica retirado do livro de Pedreira, "A Liberdade e a Ostra" (pág. 99), publicada originariamente no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, de 06/07/1975, portanto, há mais de 47 anos.

Aqui vão os textos de Fernando Pedreira:

1 - "Tudo o que pode fazer o instituto da representação popular, mesmo quando perfeitamente aplicado, é reunir no palco do Congresso uma imagem aproximada do País: do muito que ele pode ter de bom, mas também daquilo que ele tem de mau e de podre e que precisa ser corrigido ou simplesmente amputado. Condenar e punir essa imagem é obra fútil, se não temos coragem de ir até o tecido social que o produziu".

2 - "Há uns poucos anos, nos Estados Unidos, um deputado pelo Harlem nova-iorquino, foi apanhado na prática de atos diversos de corrupção. Diante das acusações e das provas apresentadas, a própria Câmara norte-americana cassou-lhe o exercício do mandato. Dois anos depois, nas eleições seguintes, o mesmo deputado era outra vez eleito pela mesma circunscrição em que pregava e praticava as suas falcatruas". (Entenda-se, à esquerda, à direita ou ao centro, não importa, importa é o nosso voto).

Dissera eu, lá em 2013, e confirmo agora: - Os dois textos se complementam, e também tratam de dois assuntos diferentes:

- (a) o primeiro texto de Fernando Pedreira parece mostrar: - não adianta a gente só ficar neste espelho (imagem) que é a rede social e esquecer da vida real, pois assim nada vai mudar na política;

- (b) o segundo texto de Fernando Pedreira diz - corretamente - que somos nós mesmos quem elegemos aqueles que - depois - nós mesmos chamamos de corruptos.

 

MISSÃO BATISTA - Declaração

Loren M. Reno

Tendo sido frequentemente convidado por diversos amigos a tomar parte ativa na política atual ou a usar de minha influência entre os batistas no sentido de fazê-los votar neste ou naquele candidato, tenho dado sempre a mesma resposta a todos: Não.

Agradeço sinceramente a todos pela prova de confiança que assim dão aos batistas, que é também o reconhecimento da sua influência neste Estado.

Em vista, porém, de alguns amigos aproveitarem-se da resposta negativa que lhes dou para propalarem adiante que estou prestando meu apoio ao partido contrário, julgo conveniente tornar pública a minha atitude e a posição dos batistas não só na política estadual, como em qualquer outra.

Na qualidade de diretor da Missão Batista vitoriense e pastor das igrejas batistas deste Estado e Oeste de Minas, jamais ousarei rebaixar meu posto, minha posição, embora humilde, intrometendo-me na política. Exerço nesta hospitaleira e pequenina parte da grande pátria brasileira um cargo religioso: vivo empenhado na grande obra da evangelização e Educação e não em partidos políticos, sejam eles quais forem. Do campo espiritual para o terreno da política, é natural que não deva descer. "Cada qual em seu lugar"; ora, sendo minha missão, como acima ficou dito, tratar das coisas espirituais, não devo deixar-me levar de um lado para o outro, impulsionado pelas amizades pessoais.

Além disso, creio que cada batista eleitor deve ter a capacidade e o discernimento bastante para, por si mesmo, usar do privilégio da urna; e se ele não tem essa capacidade, esse discernimento, não deve então votar, não deve ser eleitor.

Confio que os batistas deste Estado são bem suficientes para exercerem os direitos de cidadãos e gozarem dos privilégios lógicos do voto, sem que um estrangeiro como eu lhes vá recomendar que votem neste ou naquele. Cada qual tem sua própria opinião e votará de acordo com esta; alguns com o governo, outros com a oposição. Talvez em alguns municípios a maioria vote no candidato do governo, em outros, no da oposição, em conformidade com as circunstâncias e a política local.

Só uma coisa posso garantir: seja qual for o futuro presidente deste Estado, ele encontrará em cada batista um cidadão respeitador das leis, pronto a lhe prestar o maior auxílio moral no que tiver por alvo o real benefício do Estado, e isto ainda mesmo que tenha votado contra ele no pleito a se ferir em breves dias. O voto de cada um representará a sua opinião, mas o candidato eleito representará a opinião pública do Estado, e os batistas, como genuinamente democráticos, obedecerão a esse princípio republicano e de verdadeira democracia. A decisão da maioria de ser respeitada.

Nossas declarações são absolutamente francas e espero que sejam tidas como sinceras.

(O autor, Loren Reno, pastor americano, viveu em Vitória - ES, de 1904  a 1935, quando faleceu. Dos grandes religiosos do Brasil, escreveu esse artigo em 1916, há mais de século. Foi publicado no Diário da Manhã, de Vitória, de 20 de fevereiro de 1916; foi recuperado por Robson Bahiense Tambarotti, que o publicou no facebook. É boa indicação de leitura, para que a gente não misture política com religião ou com qualquer outro interesse PESSOAL nosso).

 

Como Escrever: Lições de Rubem Braga

Há algum tempo a Editora Autêntica editou três livros de crônicas de Rubem Braga, todas inéditas em livro, publicadas apenas em jornais da década de 1940 até as vésperas da morte do maior cronista brasileiro.

Num desses livros, o "Bilhete a um Candidato", Rubem Braga deu verdadeira aula de redação para quem quisesse e queira aprender.

Essa lição foi publicada originalmente em 27 de maio de 1951, no jornal carioca "Correio da Manhã". Está na página 52 do livro.

Diz Rubem:

"- A única maneira certa de escrever bem é ir dizendo o que nos dá na telha; não há melhor regra do que a veneta, e se eu tivesse alguma autoridade além da longa prática, eu daria este conselho aos moços prosadores e poetas":

- "Não digam nunca que estão com vontade de morrer quando acontece que estão com vontade é de tomar banho de mar; sejam vulgares quando se sentirem vulgares; não façam mistérios das coisas simples, porque elas já são, na verdade, demasiado misteriosas; e quando olhando a janela, acharem que a manhã está muito bonita, escrevam exatamente assim: a manhã está muito bonita; quando estiverem indignados, escrevam com indignação".

É a lição primordial do maior cronista brasileiro, Rubem Braga, cachoeirense nascido na Rua 25 de março: - "ESCREVA COM SIMPLICIDADE".


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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