Bate-flechas fortalece a cultura afro-brasileira - Jornal Fato
Religião

Bate-flechas fortalece a cultura afro-brasileira

O grupo ?Mártir São Sebastião?, dirigido pela mestre de bate-flechas Joana Darc, é uma homenagem ao padroeiro da entidade


Fotos: Divulgação

 

Ailton Weller

 

A mestra do bate-flechas - manifestação que é uma mistura de elementos dos rituais indígenas, da cultura negra e do catolicismo popular - Joanna Darc de Oliveira que, há 41 anos se dedica a esse 'compromisso de vida', como ela mesma define, agora faz parte de um seleto grupo incluído no rol de patrimônio vivo de Cachoeiro de Itapemirim. A certificação aconteceu na semana passada e a escolha partiu do último edital da Lei Mestre João Inácio, lançado neste ano, após avaliação pelos membros do Conselho Municipal de Registro de Patrimônio Vivo, que consideraram a relevância do trabalho desenvolvido em prol da cultura cachoeirense, idade e avaliação da situação de carência social.

 

"Desde os sete anos de idade que me dedico a essa atividade, na minha humilde casa de oração, na rua Abel Cardoso Coelho, bairro Ruy Pinto Bandeira. Tenho muito orgulho de onde vim, daquilo que faço de forma comunitária e, principalmente, tenho orgulho da minha raiz", afirma.

 

O grupo 'Mártir São Sebastião', dirigido por Joanna Darc, é uma homenagem ao santo de devoção e padroeiro da entidade. Em 2011, a associação de bate-flechas foi contemplada pelo edital "Prêmio Renato Pacheco", da Secretaria de Estado da Cultura e recebeu recursos para a aquisição de indumentárias, adereços e instrumentos musicais. "Nossa religião tem como base o espiritismo e 20 pessoas integram o corpo diretor. Nosso trabalho é baseado no aprendizado e o conhecimento, pois levamos para o povo um pouco da nossa cultura afro", explica.

 

"Quando botamos em prática o som dos atabaques, o nosso canto e movimento das flechas lembramos nossos ancestrais, celebramos a vida e saudamos o guerreiro São Sebastião", detalha Joanna Darc.

 

Bate-flechas

 

Com o nome de Bate-flechas ou dança das flechas, a expressão folclórica, de intenção religiosa, louva São Sebastião e São João Batista.

 

O grupo, formado por homens e mulheres, sem número determinado, se apresenta em terreiro, e pode ser integrado também pelos assistentes.

 

Em geral, a roupa é a comum, mas há os que se vestem como índios, com saias de palmito, penachos coloridos, colares de contas, adornos de pena nos braços e tornozelos. O instrumental se assemelha ao de uma pequena banda musical, mas alguns conjuntos adotam apenas os tambores.

 

Cada dançador porta duas flechas que servem para embelezar as evoluções e funcionam como marcadoras de ritmo, acompanhando as batidas de pés.

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