Deputado Allan Ferreira anuncia rompimento com gestão Victor Coelho - Jornal Fato
Política

Deputado Allan Ferreira anuncia rompimento com gestão Victor Coelho

Estopim foi a exoneração de secretárias filiadas ao Podemos e tem como pano de fundo as articulações para as eleições municipais num "momento conflitante e de difícil convergência"


O deputado estadual Allan Ferreira (Podemos) anunciou o rompimento com o prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB) e sua gestão na manhã desta terça-feira (2). A decisão vem na esteira das exonerações das secretárias municipais Márcia Bezerra, de Desenvolvimento Social, e Luana Fonseca, de Cidadania, Trabalho e Direitos Humanos, publicadas hoje no Diário Oficial do Município.

"Márcia e Luana, são as mulheres que em 2020 fizeram o Podemos crescer em Cachoeiro, e com as exonerações, o governo Victor deixou bem claro que não conta com o Podemos".

Esse é o ponto mais incandescente de uma guerra que começou fria e foi esquentando ao longo de 2023. O pano de fundo é a disputa das eleições municipais. Allan se articula com outros políticos por uma candidatura que vai em direção diferente do que o grupo do prefeito planeja.

"Faltou diálogo da parte do governo municipal, quem não concorda com o projeto dele tornou-se adversário. Prova disso foram as exonerações de hoje de pessoas que caminharam com Victor, desde a época que ninguém sabia quem era ele", reforça Allan.

De fato, Marcia e Luana caminham com Victor desde o início. Fazem parte do grupo que dava apoio a seu irmão, Glauber Coelho, que morreu em acidente automobilístico em 2014, em plena campanha pela reeleição ao cargo de deputado.

O atual prefeito de Cachoeiro ocupou o espaço, assumiu o legado, venceu as eleições dois anos depois, se reelegeu em 2020 e se tornou a liderança política que é hoje.

Esse grupo herdado de Glauber, que inclui as duas, foi perdendo força ao longo dos sete anos na gestão municipal, enquanto Victor formava o seu próprio grupo, que hoje o ajuda a governar.

"A exoneração delas foi baseada em um projeto diferente da administração. Se o Podemos tem projeto, deveria haver respeito por parte deles", analisa Allan que assegura que Luana e Marcia não ficarão desamparadas. "Estarão comigo e Gilson Daniel, nosso presidente e deputado federal, que também está contrário a esse posicionamento", diz ele que atribui as decisões ao secretário de Governo, Thiago Bringer.

Apesar de citar a liderança estadual de seu partido, Allan separa a ruptura em Cachoeiro do apoio que pretende manter ao Governo do Estado, mesmo sendo o governador Renato Casagrande o principal aliado de Victor e sua gestão.

"O rompimento é no município. Nada vinculado ao Estado. Meu trabalho de deputado estadual é de base do governo estadual. Mas tenho que defender meu partido no município", pondera.

Depois de 2022, quando Allan teve apoio do grupo de Victor na campanha que o elegeu para a Assembleia, as articulações se tornaram divergentes. E devem continuar assim. "Na verdade, nos dois aspectos (político e institucional) já havia rompimento. Prova disso é que não recebemos convite para entregas de nada do governo, nem nas entregas do Estado onde o cerimonial é do município. Para a entrega do campo bom de bola, não fui convidado".

Apesar de tudo, o deputado não crava que ele e o prefeito estarão em palanques diversos, embora seja essa a maior probabilidade. "Se acaso ele mantiver o projeto dele a todo custo sim (estarão em frentes opostas). O prefeito tem o projeto dele e o Podemos tem o seu. E chegou um momento conflitante, que acho muito difícil a convergência".

 

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