Feminicídio: "Juliana era independente", diz familiar ao FATO - Jornal Fato
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Feminicídio: "Juliana era independente", diz familiar ao FATO

Assassinada brutalmente pelo ex-namorado, a vítima deu todo o conforto e apoio ao seu assassino, que tirou sua vida no último sábado (08).


Trabalhadora, amável, de bom trato e independente. Essas eram algumas das características de Juliana Alacrino Machado Rocha, de 37 anos. Ela é a primeira vítima de feminicídio de 2022, morta com uma facada na clavícula e outra na testa, no último sábado (08) em sua residência no Bairro Guandu.

O assassino, seu ex-namorado de 27 anos, tentou ainda pular do prédio onde estavam, se machucou e ficou internado na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro até ser transferido para o CDP da cidade e está à disposição da Justiça. Ao delegado de plantão, Dr. Thiago Melo ele se limitou a dizer que havia tido uma crise de ciúmes e cometido o crime. Não deu mais detalhes, se mantendo no direito de ficar em silencio.

"Ele disse que teria perdido a cabeça e no surto de raiva cometeu o crime". disse o delegado. Porém ao longo da entrevista preferiu se manter em silêncio. Ele já foi indiciado por feminicídio e homicídio qualificado.

A vítima foi brutalmente morta a facadas e todo o apartamento onde estava o casal ficou manchado de sangue. O filho de Juliana de aproximadamente 6 anos viu toda a cena. O SAMU 192 chegou a ser acionado mas a mulher não resistiu aos ferimentos. A Equipe tentou reanimá-la no hospital, sem sucesso.

Uma pessoa da família, que pediu para não ser identificada, disse ao FATO que Juliana era uma mulher bem resolvida e independente. Trabalhava no Hospital Infantil e enfrentou o auge da pandemia covid-19.

"Ela tem uma filha de 20 anos e o pequeno de 5 aninhos que presenciou tudo e ligou para o pai relatando o que estava acontecendo. O (acusado) passou a morar com ela depois que se conheceram através de um amigo. Ele disse que não tinha onde morar ela deixou que ele ficasse em sua casa", conta o familiar.

O relacionamento durou cerca de 3 anos e o namorado começou a ameaçar Juliana. Ela chegou a pedir uma medida protetiva e dormiu na casa desta pessoa da família com medo do agressor.

"Juliana chegou até a trocar as chaves da casa, mas o (acusado) vivia perturbando ela no trabalho, esperando ela sair do serviço", conta a parente, que completa: "Ela era independente, tinha carro dela, casa, trabalhava... e ele aproveitava disso tudo".

No dia da tragédia, sábado (08), Juliana chegou a postar às 19h30 nas redes sociais que faria um lanche com seu filho.

Para sua família, ele ficou esperando Juliana voltar e subiu com ela para o apartamento. Ela não queria o namorado no imóvel. E aí a tragédia aconteceu.

Juliana foi sepultada no cemitério do Bairro Coronel Borges na tarde de domingo (09). A família clama por justiça.

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