Leandro Moreira

Um vídeo tem causado grande repercussão no meio jurídico. Três jovens, acusados de tráfico de drogas, são filmados afirmando que serão absolvidos pela juíza Graciene Pereira Pinto minutos antes da audiência que ocorreu no dia 8 de maio, em Mimoso do Sul.

No julgamento, eles foram inocentados. Ontem, representantes da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages) reuniram a imprensa para manifestar apoio à juíza e repúdio à gravação feita.

Os réus foram detidos por tráfico durante o carnaval em Mimoso do Sul, neste ano. Na filmagem, é possível ouvir duas pessoas, que não aparecem no vídeo, conversando a respeito da audiência. Logo, um diz que é a juíza Graciene que conduzirá a audiência "" informação suficiente para arrancar sorrisos dos réus e fazer com que um a chame de "mãe"?. Uma pessoa pergunta: "Ela vai te soltar?"?; o réu responde: "Vai me soltar..."?, em meio a risos.

O vídeo foi postado na internet e ganhou atenção da imprensa mimosense. O presidente da Amages, o juiz de Direito Sérgio Ricardo de Souza, durante o encontro de ontem, defendeu a juíza e informou que há apuração para identificar o autor do vídeo, que sofrerá as punições administrativas "pelo desvio de conduta"?.

De acordo com Sérgio, a suspeita é de que o vídeo foi feito por agentes da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) que conduziam os presos à audiência. Ele afirmou que "a entrevista foi montada"? e que as "perguntas induziam as respostas"?.

"Fizeram isso certamente por não concordarem com a liberação daqueles presos e saberem da postura da juíza, que respeita a Constituição Federal e liberta as pessoas quando elas têm direito a isso, garantido pela legislação"?.

Sérgio acrescentou que existe uma particularidade no vídeo. "Tratavam-se de pessoas que estavam presas, sob a custódia de quem montou o vídeo. A pessoa que está presa e sob a custódia do outro não tem a liberdade necessária para dar uma entrevista. Eram agentes penitenciários fazendo papel de jornalistas"?.

Promotor pediu absolvição

Graciene Pereira Pinto é titular da 2ª Vara da Infância, Criminal, Ã"rfãos e Sucessões de Mimoso do Sul. A respeito do julgamento do dia 8 de maio, ela contou que, na ocasião, o promotor solicitou a absolvição dos réus por falta de provas e ela seguiu o pedido. "Há de haver justiça no julgamento, é preciso de provas para condenar"?, reforçou.

"Este vídeo é uma tentativa de desqualificar o meu trabalho"?, acredita a juíza. Graciene informou que já respondeu pela Vara de Execuções Penais de Cachoeiro em 2007, quando tinha a função de fiscalizar o presídio Monte Líbano, requerendo à direção o cumprimento de direitos e benefícios dos presidiários, tais como medicamentos, por exemplo.

"Ã? comum que os presos gostem deste tipo de atuação, que, na verdade, era o meu trabalho em Cachoeiro. Não tem como controlar uma declaração. Sempre os tratei com respeito, da mesma forma como faço com todo mundo"?. Graciene é juíza desde 2002.