Só nos damos conta da efemeridade da vida quando perdemos nossos pais ou alguém muito próximo de nós. Até então, salvo alguma fatalidade, não encaramos a morte como algo previsível. Vive-se o hoje como se os dias subsequentes estivessem todos à nossa disposição, independente das condições que extrapolam à normalidade - excessos de comida, bebida, fumo, trabalho, sexo desregrado, estresse, pouco sono, entre outros fatores negativos.

Infelizmente, quando conscientemente nos damos conta de que a vida é passageira, já atravessamos quase todo o caminho e nos encontramos diante do tempo limitado que nos resta. Sem citar quantos ficaram pelo caminho, numa viagem da qual não possuímos as passagens indicando o tempo a ser gasto e o destino final, e muito menos se haverá retorno.

A efemeridade da vida é uma expressão que nos lembra que ela é transitória, fugaz até, e que é imperioso vive-la intensamente a cada segundo. Escrevo enquanto ouço a algazarra de crianças nas casas vizinhas, e me recordo que há alguns anos havia movimentação idêntica na nossa, repleta de filhos e posteriormente de netos, comemorando aniversários ou simplesmente curtindo amigos. Hoje a nossa casa é silenciosa, tranquila, organizada, e habitada por apenas dois, eu e meu marido, ficou grande para nós, tenho saudade do movimento e do alvoroço, mas sou consciente que tudo tem seu tempo, e ela contém a medida do amor que nos uniu há tantos anos e que preservamos até hoje.

No mês de setembro, que escolhemos para unir nossos destinos, avalio se valeu a pena. E sempre concluo que sim, o amor é a vitória da vida. E se me fosse permitido retornar ao passado, e com a experiência de hoje, repleta de cicatrizes incrustadas no corpo e na alma, não perderia um dia sequer com desentendimentos e brigas. Vivendo plenamente o amor, meu desejo é estar junto de quem começou comigo e que se manteve sempre ao meu lado. E na completude desse amor, que é humano e divino, num mundo lotado de tantas mazelas, que possamos ser um instrumento de união e paz, através das palavras faladas e escritas, dos gestos e atitudes, conosco e com todos que nos rodeiam.