Prezado Tempo, - Jornal Fato
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Prezado Tempo,


 

Estava para escrever para o senhor há muitas épocas, mas, como fiz com muitas coisas, deixei o senhor passar e delimitar a hora exata para que eu pudesse registrar algumas considerações sobre suas atitudes. Sei que este ano não foi fácil para ninguém. O mundo e o nosso país passaram por problemas complexos, ainda, sem resolução.

Todos dizem que o senhor é o determinante para todas as coisas, sejam elas boas ou ruins. Dizem que somente o senhor é capaz de resolver os grandes dilemas, basta nós esperarmos sua atuação. E ela, muitas vezes, eu acho, é lenta como gota que escorre de folha de orvalho em dia de geada. Outros, a seu favor, falam que age no momento propício, quando tem que ser, sabe.

Sei que nós vivemos em sua função, determinante para indicar a hora do trabalho, o momento de dizer coisas do coração, o momento exato para abrandar aflições da alma. Logo, sua importância é vital para que consigamos sucesso, fracassemos e superemos os males.

Neste momento, no qual as pessoas renovam suas esperanças, tentando deixá-las mais bonitas e familiares, o senhor torna-se de suma importância para que se plante o futuro. É comum nestes dias pontuar o que foi enriquecedor, foi bom ao coração e à mente e o que deixou marcas doloridas e inflamadas. E, aí, o senhor, novamente, atua como bálsamo ou como um veneno.

Queria dizer que este ano reinaugurei muitas coisas em mim. Com o seu auxílio, superei os muros que teimavam cercar a minha casa, aproximei afetos e pessoas e dimensionei minha função nesta sociedade ainda que injusta e impetuosa. Experimentei cenários e nem neguei meu papel feminino e minha poesia. Tenho que agradecê-lo por tudo isso.

Agora, o senhor nos dará um renovo; uma possibilidade de reconstruir um presente melhor, com ideais de igualdade, felicidade e paz. Realmente, senhor Tempo, é o que todos queremos. Apagar o que nos deixou acinzentados e amargos para que, nesta nova etapa, haja coloridos, arco-íris em nossos céus.  Queremos muito que o senhor nos ajude a sermos sujeitos melhores, menos toscos e individualistas e mais solidários, amorosos e complacentes.

Desejamos também que o senhor seja mais compreensível conosco. Seja paciente com nossos erros, fazendo-nos entender as lições tiradas a partir deles, pois, acredito que poderemos ser humanos mais reflexivos e ponderados nos pensamentos e atitudes, vendo o outro como parte de nós.

Espero que compreenda a carta, haja vista a necessidade de expor meus sentimentos e minhas opiniões, como também meu grande sonho de ter um ano novo mais feliz, com conquistas e vitórias capazes de me transformar em uma pessoa mais forte, justa e humana. Sei, coloco aqui, que isso também é o desejo de todos os meus semelhantes.

Deixo, ao senhor, um abraço de vida e agradecida por tudo que fez por nós!

 

Simone Lacerda é professora.

cheirosensaiosepoesia.blogspot.com.br

 


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