Popularmente acredita-se que água com açúcar acalma e diminui o stress. Porém está provado que o melhor calmante é a água salgada - água do mar. Sou testemunha dessa verdade. Habitualmente entro no mar todos os dias das férias. O mar refresca, hidrata, acalma, enrijece os músculos, rejuvenesce enfim. Não sei se é psicológico, mas sinto-me remoçar a cada verão. A água do mar favorece-nos a adquirir o bronzeado perfeito. As pessoas se transformam em contato com o mar. Sol e mar são os meus elementos preferenciais. Aprecio a natureza na sua totalidade, mas nada se compara a um banho de mar ou simplesmente ficar apreciando o vai e vem das ondas quando se aproxima a tarde.

 

Minha amiga, que não gosta de praia, atravessa a passagem do Ano Novo banhando-se em sal grosso. Eu tenho o mesmo ritual na água, que já vem salgada pelas mãos do criador. E entro no mar na certeza que ele me cura de todas as mazelas físicas e espirituais, inclusive ressacas, enxaquecas, ziquiziras, mau olhado, encosto e chateações.

 

Durante um tempo participei de um trabalho de autoconhecimento denominado PRH - Personalidade e Relações Humanas. A administradora do curso pedia-nos, no final de cada sessão de grupo, que durava em média uma semana em ambiente de reclusão, que a levássemos até o mar. O seu ritual era de veneração pela água que cura e limpa, que ajuda a descarregar todas as angústias e sofrimentos partilhados durante a sessão, e ficava se banhando por horas e ao final exclamava que havia entregue ao mar todo o peso das angústias alheias, que estava renovada e pronta para outra sessão.

 

Em Marataízes tem uma praia denominada Bacia das Turcas. Segundo os antigos moradores era o local aonde as mulheres dos libaneses tomavam banho. Elas entravam no mar de roupa e se abaixavam para terem as partes íntimas molhadas pela água que consideravam curativas. Meu sogro, também libanês, não tomava banho de água doce após o banho de mar, para não perder as qualidades terapêuticas da água salgada.

 

Dorival Caymmi, apaixonado pelo mar, compôs "É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar...".  Ainda não penso em morte, mas já comunico a amigas e familiares que se for acometida por doença que me incapacite de ir até o mar, me carreguem em cadeiras de rodas, no colo, seja lá como for. Mas não me deixem longe das águas, afinal também prefiro morrer no mar...