Christyan, Bethânia e Airton
Christyan & Ralf, que formam a "dupla sertaneja mais afinada do Brasil". As aspas são justas. Contudo, pra mim, Christyan está acima da aclamação
Assim que acordei, nesta quinta-feira de céu bonito (pra minha surpresa, Tio Rei, vi até um par de tucanos; logo eles, coitados, que cheguei a julgá-los extintos...), soube que Christyan tornou-se um verso de Marília Mendonça.
Se a Austrália tem Bee Gees, yes, nós temos Christyan & Ralf, que formam - conjugação sempre presente - a "dupla sertaneja mais afinada do Brasil". As aspas são justas. Contudo, pra mim, Christyan está acima da aclamação.
Dos tempos de garoto, trago o ofício de versador de rimas faciais. Um exercício que divido, ainda hoje, com os diletos cruzmaltinos Ulysses Scarpini e Luciano Andrade. Vamos todos cantar de aflição...
Particularmente, Christyan parecia-me alguém próximo e, no entanto, rarefeito. Talvez porque eu o rimasse com a lembrança, tão real como inventada, de uma parente dos meus irmãos de coração, Cris e Priscila.
Se estou enganado, conheci-a numa noite de Natal, no Irajá, após eu ter comido pavê de chocolate pela primeira vez. De lá pra cá, só faço colocá-la, junto ao Christyan e ao pavê, dentro da mesma taça de sobremesa.
Têm sabor de saudade.
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Anteontem, dia 18, Maria Bethânia, pra rimar, fez 78. Eparrei! Na carta que lhe enviei, quase sete invernos atrás, escrevi, a certa altura:
Bom, antes de mais nada, confesso que, desde moleque, tenho em ti, Bethânia, uma referência materna. É que minha mãe Elza, numa antiga fotografia de álbum de família (ela, à época, uma pré-adolescente), assemelha-se lindamente a você.
O sorriso que parece nos ninar no colo. Os cabelos que ondulam feito maré serena e comprida. A magreza a conotar doçura? Parecenças que sempre estiveram guardadas num cantinho bem caro ao meu peito e que agora, enfim, tenho a oportunidade-alegria de externá-las nestas linhas que ora traço.
Sou fruto, também, de uma rima maternal entre Oxum e Oyá.
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Iê!
Viva o Mestre Airton,
bom capoeira de valor,
na malícia e no tom,
na cadência e no vigor.
É guardado e bem-quisto
por Deus Pai, o Criador,
contra todo imprevisto,
infortúnio e dissabor.
Quando até foi atingido
pelo intento da desgraça,
também foi protegido
por Santa Rita de Cássia.
No mistério de mironga
da capoeira mãe negra,
proteção e vida longa
Aruanda lhe conceda,
camará...