Sonhar na Poesia - Jornal Fato
Artigos

Sonhar na Poesia

Pois bem, gratamente surpreendido com o convite de prefaciar essa delicada obra poética, muito honrado mesmo, digo logo que é obra e poesias para se guardar colada no peito


Quanta alegria e quanta responsabilidade foi prefaciar o livro de poesias de beleza extrema, escritos por D. Penha, minha amiga, filha de meu amigo Nelson Sylvan e esposa de meu também amigo Iltinho Machado.

Pois é - três pessoas - Penha, Nelson e Iltinho, os quais conheci um a um, em tempos diversos, cada um deles com um cabedal de sabedoria diferente e muito especial - coisa difícil de ocorrer e que bom que ocorra.

D. Penha, comecei a conhecer quando li e lia algumas das poesias dela, na revisa Sete Dias. Poesias muito acima do simples, com um olhar muito especial para o Amor que ela dedica à vida, ao marido, aos filhos, aos pais e à nossa terra querida.

Depois veio o conhecimento mais próximo, quer seja na entrada do Edifício Primus, onde ela mora, quer seja no Centro Operário, comandado por seu pai; quer seja na porta do Café Mourad's, por onde, quando ela passava, sempre me deixava boas notícias de "Seo" Nelson.

Pois bem, gratamente surpreendido com o convite de prefaciar essa delicada obra poética, muito honrado mesmo, digo logo que é obra e poesias para se guardar colada no peito.

Como se sabe, há certas artes, artes de delicadeza suprema, que nos elevam a alma. Bordados, pinturas, iluminuras... tudo às vezes simples, ao mesmo tempo que bastante sofisticadas.

Como são, ao mesmo tempo, simples e sofisticados, os versos que a querida Penha borda em suas poesias que agora ela reúne em livro - ainda bem. Detentora de extrema sensibilidade - é uma antena delicadíssima, como diz o poeta Newton Braga.

Sua visão do mundo (ao mesmo tempo de sonhos, ao mesmo tempo de realidade) vai, devagar, nos encantando, enquanto viajamos em seus sonhos e percepções.

Essa bela e delicada mulher, cujo marido e pai tive o privilégio de conhecer, conviver e nutrir profunda amizade (amizade ainda a ser escrita), veio guardando esse precioso dom poético, apenas para os mais íntimos, e, raras vezes, em partilhas especiais no Sete Dias.

Que "pecado"! Estamos, todos, tão precisados desse alento, para deleite e elevação, para respiro de nossas almas, aflitíssimas. Parabéns Penha. E muito obrigado, em meu nome e no de todos os leitores que haverão de se inspirar em sua obra - na poesia e na vida. Gratidão.

"Sem música a vida seria um erro", disse Nietzsche. Assim devemos entender e estender: - sem a Arte, a vida seria um erro. Gozemos do acerto da Poesia Maiúscula de D. Penha - é o convite que deixo aos ilustres leitores dessas páginas poéticas encantadas e encantadoras.

(Prefácio que fiz para o livro de poesias "Sonhar na Poesia", de Maria da Penha Sylvan Machado).

 

Onde Comprar Livros Cachoeirenses?

A maioria dos leitores de livros de Cachoeiro não sabe aonde comprar livros de... autores cachoeirenses.

Não temos livraria cachoeirense especializada em livros cachoeirenses ou que tenha em suas prateleiras uma grande quantidade deles, à disposição do leitor.

Isso faz com que nossos escritores também não tenham acesso a quantidade de leitores que deveriam ter. Do lado "inverso", a maioria de nós cachoeirenses não conhecemos a maioria dos livros lançados... pelos cachoeirenses.

Por isso, enquanto não tivermos livraria dessa especialidade local - e até quando a tivermos - sugiro que a Secretaria Municipal de Cultura tenha em exposição, numa estante específica da futura Biblioteca Pública Municipal Walter Paiva dos Santos (que ficará no Palácio Bernardino Monteiro, prestes a ser reinaugurado), todos os livros de autores cachoeirenses e, quem sabe, de autores do sul do Espirito Santo, com os contatos dos autores e editores. É uma ideia que enriquecerá nossa literatura e nossos autores.

É uma ideia. Vai que cola...

 

Fernando Pessoa e a Maçonaria

"Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra ordem semelhante ou diferente. Não sou, porém, anti-maçom, pois o que sei do assunto me leva a ter ima ideia absolutamente favorável da Ordem Maçônica.

A estas duas circunstâncias, que em certo modo me habilitam a poder ser imparcial na matéria, acresce a de que, por virtude de certos estudos meus, cuja natureza confina com a parte oculta da Maçonaria - parte que nada tem de político ou social -, fui necessariamente levado a estudar também esse assunto - assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora. Tendo eu, porém, certa preparação, cuja natureza me não proponho indicar, pude ir, embora lentamente, compreendendo o que lia e sabendo meditar o que compreendia.

Posso hoje dizer, sem que use de excesso de vaidade, que pouca gente haverá, fora da Maçonaria, aqui ou em qualquer outra parte, que tanto tenha conseguido entranhar-se na alma daquela vida, e portanto, e derivadamente, nos seus aspectos por assim dizer externos".

(Texto de Fernando Pessoa (1888/1935), um dos maiores poetas portugueses, se não o maior, ao lado de Camões. O texto é parte de pequeno livro escrito por Pessoa, a propósito de projeto de lei do Poder Legislativo português que pretendia extinguir a Maçonaria portuguesa).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

Comentários