Síndrome de Hardy - Jornal Fato
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Síndrome de Hardy

A impressão é de que as coisas só pioram


Há exatos 65 dias tenho sofrido com as consequências da chicungunya. As recomendações médicas são sempre as mesmas: repouso, hidratação e remédio para dor. Nada além disso. Nenhum remédio que você tome e três dias depois esteja melhor. A impressão é de que as coisas só pioram.

Ainda fico me perguntando como um mosquito tão pequeno pode provocar danos tão dolorosos e duradouros, senão permanentes, segundo alguns estudos não conclusivos. Isso em pleno Século XXI.  No BNH, onde moro, é rara a casa que não tenha pelo menos uma pessoa com dengue.

Casos de chicungunya sei de vários, chegando em alguns casos a contaminar a família toda. Cuidados básicos da população certamente poderiam ter evitado o que já é uma epidemia. Mas e a substância usada? O mosquito é mais forte do que ela?

E convivendo com o "Chico Cunha", como diz a minha filha, me pego a pensar em como podemos ser contaminados por pessoas tóxicas e negativas. Li isso recentemente num artigo, que citou um personagem da minha infância, o Hardy, a hiena que vivia reclamando: "oh, céus, oh vida, oh amargura, oh azar".

Hardy tinha um amigo corajoso e destemido, o leão Lippy, aventureiro e ousado. Pensa num otimista de nascença. Era ele, que tinha a capacidade de transformar obstáculos em trampolim, ao contrário da hiena, que via a vida pelo lado menos favorável possível. Tinha o espírito derrotado e contagiaria mortalmente qualquer desatento.

O referido artigo diz que esse espírito derrotado tem nome. É a Síndrome de Hardy, grave porque após o contágio, as chances de cura são bem reduzidas. A transmissão dessa "doença" se dá através das palavras. Palavras negativas e desencorajadoras jogadas sobre nós ao longo do dia. Mas também através dos olhos, que são porta de entrada. O contágio visual acontece cada vez que lemos textos de fontes não confiáveis pela internet. Principalmente quando o divulgamos como se verdadeiros fossem, sem nenhum senso crítico ou apuração dos fatos.

Claro que a Síndrome de Hardy afeta prioritariamente às pessoas de baixa capacidade de análise e julgamento, que adotam o comportamento típico de bando ou manada, em que o "vírus" inoculado é ativado imediatamente, potencializando a cultura do ódio tão comum nos dias atuais e muito bem disfarçada até passado recente.

O que me preocupa é onde a fúria dessa manada, que tem se descontrolado assustadoramente a cada, dia vai levar. Ouso dizer, sem medo de errar, que para o precipício. A sorte é que essa síndrome tem vacina. Ela se chama, nas palavras do autor, bom senso + positividade plus. Ele diz que é preciso descobrir os criadouros para que a sanidade física e mental dos profissionais, empresários e empresas seja restaurada.

Parece simples. E tem que ser. Ou continuaremos despencando ladeira abaixo, cheios de lamúrias e reclamações, culpando o mundo por nossa falta de planejamento e atitude. Xô Síndrome de Hardy.


Anete Lacerda Jornalista

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