Se a poesia não cabe em si
por que em mim?
Se a poesia não cabe em si
por que em mim?
Talvez, a princípio, pela emoção que provoque o delírio
e a arte que se sabe de que vive
tanto quanto necessita do poeta para o canto.
Na desmesura da poética
Como estética que a natura feito música
Da pergunta sem resposta
exposta na estrofe confusa
sem saber de onde vem
nem quando
mudando
com universo paralelo da palavra
E a metáfora absurda vivendo à margem
enquanto testa a fôrma complexa
Na voltagem esotérica do poema que é pele da poesia
dos versos de que é linha
linha de prata costurando a alma...
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como se escreve carinho?
decerto com desalinho
nos cabelo
nas mechas onduladas
e apelos ditos aos ouvidos
baixinhos:
Me beija!
com brilho acústico do tempo inexistente quando nos vemos
com apreço demente do desenho trêmulo da mão que não se cansa
Assim escrevo carinho
enfim o que é para ser
com suspiro de alívio
onde está apenas você
e descubro afeto do guarda-livros por números difíceis
possíveis e exatos
E grafo carinho assim
No caminho farto das rosas claras
onde me bastas
bela sob a matéria fina
com a ponta de luzes na conta dos dedos escorregadios
na tua cútis livre...lentamente... aos poucos, em círculos
Com vinho...tinto que bebemos juntos
nas taças abrindo-se em cachos
assim escrevo carinho
após tudo isso
bem devagarinho
aos pouquinhos
despertando anjos em nós....