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Todos os dias parecem iguais


Todos os dias parecem iguais. O celular desperta, os olhos se abrem, o desejo de permanecer na cama, mas, se a coragem faltar, como os filhos irão se levantar, tomar café e chegar a tempo na escola? Como cuidar da saúde e trabalhar?

Após liberar as crias, necessário se movimentar. Depois que a idade chega nos "enta", o corpo não aguenta se ficar parado, mas, mesmo os exercícios, consolidam-se na correria, pois, aproximam-se da hora de iniciar o trabalho. Às vezes, a preguiça domina e os exercícios ficam de escanteio, mas, quando surgem as dores, volto à rotina matinal sem exclusões.

Todos os dias parecem iguais. Horário de levantar, mesmas obrigações, hora de chegar ao trabalho, correria na manhã, agitação no almoço, trabalho, trabalho, retorno ao lar. Há os dias em que não abro mão de estar na casa do Senhor e isso também pode parecer mais uma obrigação, contudo, para a alma, é um carinho, um alento e uma satisfação.

Todos os dias parecem, mas não são iguais. Cada dia tem seu milagre, seu encanto, sua oportunidade de amadurecimento e de aprendizagem. A cada dia temos uma nova chance de pedir e de dar o perdão, de renovar o amor, de recomeçar o namoro, mesmo após anos ou décadas de casados. Diariamente, ao acordar, somos agraciados com vários dons, dentre os quais, o de sonhar e o de escolher amar.

Somos ainda presenteados, mas nem percebemos, com o dom de respirar, de se emocionar, de ter o sangue circulando pelo corpo, de ter os órgãos funcionando, de sentir o toque do vento, o arrepio do frio e, dentre outros, o queimar do sol. São muitos milagres despercebidos que todos os dias nos chegam e, apesar disso, ainda, por vezes, conseguimos não sentir gratidão, conseguimos duvidar da existência de Deus, conseguimos reclamar e não ver a beleza que há no despertar cotidiano.

O tempo passa rápido, mas, a cada acordar, Deus derrama em nós sua misericórdia de modo que, quando nos permitimos enxergar o quanto Ele é bom e cuidadoso, somos capazes de renovar o amor por nossos cônjuges/companheiros(as), filhos, familiares e amigos.

Ao experimentar o amor de Deus, conjuntamente, percebemos uma mudança no olhar e, mesmo a rotina, tem seu encanto, sua beleza, sua magia e sua graciosidade.

Apesar disso, vejo pessoas amarguradas, às vezes eu mesma, entregando-se ao ócio, à reclamação, à fofoca e à insatisfação. Problemas quem não os tem? Frustrações quem nunca as teve? Perdas e saudades, quem não experimentou/experimenta? O que fazer? Entregar-se? Morrer? Cegar-se para os milagres que saltam aos nossos olhos diariamente?

Nos anos de vida com os quais tenho sido presenteada, tenho aprendido que os dias maus virão, que o choro, vez e outra, escorrerá de nossa face, mas, não estamos sós. Além disso, tudo passa e muita coisa é vaidade. Se abrirmos os olhos da fé veremos que o próprio Cristo peleja conosco, se preciso, por nós, e, assim, mesmo no sofrimento, a paz permanece, o que é mais um milagre.

Se a dor é inevitável e se, algumas coisas, às vezes, fogem do nosso controle, o que fazer? Não sei para você. Para mim escolho ADORAR, CLAMAR e, se for ruim o dia, chorar junto a Deus, pois, a cada dia, tenho aprendido o quão bom e agradável é a experiência da escolha por Deus. O quanto é maravilhoso entender que vim Dele e para Ele voltarei, não por mérito meu, mas porque Ele próprio me escolheu. Eu apenas disse - digo - SIM, eu aceito.


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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