Reflexões - Jornal Fato
Artigos

Reflexões

O homem é um ser extremamente inteligente, mas, vez e outra, lhe é imposta a visão de sua limitação


Foto: Ronaldo Santos

Depois de assistir os dramas vividos por Iconha, Vargem Alta, Alfredo Chaves, etc., o cidadão de Cachoeiro enfrenta na pele o caos revelado pelo mover revoltoso do meio ambiente.

 

O homem é um ser extremamente inteligente, mas, vez e outra, lhe é imposta a visão de sua limitação. Por quê? Para quê? Só Deus sabe! Apesar disso, surgem em nós algumas reflexões.

 

Pela criação humana alcança-se o inimaginável: seres não aquáticos conseguem submergir-se nos rios, lagos e mares; águas são desviadas e/ou represadas; florestas são destruídas, mas também podem ser reflorestadas; o céu se torna o limite, de forma que este, o mar e a terra são explorados, por vezes, de modo predador.

 

O homem também é capaz de criar sistemas complexos de abastecimento de água e de energia; sabe inventar inteligência artificial, o que substitui a si próprio; consegue explorar microrganismos; fabricar clones; equipamentos multifuncionais; alimentos processados, mas, também, como nenhuma outra espécie, consegue criar armas de baixo e de grande poder de destruição.

 

Ser contraditório é o homem: consegue criar a vida e a morte na mesma dimensão física e moral. Assim, apesar de muito inteligente, talvez por isso, às vezes, são permitidas situações nas quais a vulnerabilidade humana é lançada diante de seus olhos, revelando a pouca valia de seus bens materiais e a fragilidade de sua existência.

 

Nos últimos dias, a água tem sido o instrumento a nos colocar diante de nossa impotência. Por ela, fomos levados a perceber que, no fim das contas, o que vale é a generosidade, a disposição de ajudar e a fé em Deus.

 

Apesar disso, mostrando o que tem de pior, muitos indivíduos, ao invés de dispensar seu tempo e sua força na reconstrução, ajudando a consertar os danos causados por forças maiores que as nossas, focaram no vandalismo, no furto e na invasão ao patrimônio alheio.

 

Além de encarar graves perdas, muitas pessoas tiveram que se preocupar com o impedir que saqueadores ampliassem o prejuízo, que já era imenso. Tais posturas me assustam e me fazem pensar sobre o tempo de Noé.

 

Parece loucura, mas, em um passado remoto, a terra foi destruída pela força das águas porque, por aqui, exceto Noé, já não existia um justo sequer. A degradação humana, a autodestruição e o vandalismo estavam, na época, em alta.

 

Por sorte, que, depois do dilúvio, Deus prometeu que nunca mais destruiria toda a terra pela força da água que, em dimensão infinitamente menor, vimos que é grande. Caso contrário, pergunto-me: será que, nos dias atuais, algum de nós seria salvo na barca ou pereceríamos, junto a nossa inteligência e autossuficiência, todos nós?

 

Gênesis 6

5O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.

6Então o ­Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a ter­ra, e isso cortou-lhe o coração.

7Dis­se o Se­nhor: "Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, os homens e também os ani­mais, grandes e pequenos, e as aves do céu. Arrependo-me de havê-los feito".

 

Gênesis 8,

21 O Senhor sentiu o aroma agradável e disse a si mes­mo: "Nun­ca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, pois o seu coração é inteiramente inclinado para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres vivos como fiz desta vez.

 

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

 

 

        


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

Comentários