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Pesquisas eleitorais no Brasil

Para evitar conclusões recheadas de suspeições, fraudes e deslavadas mentiras, os institutos de pesquisas eleitorais deveriam atuar com efetiva participação de orgãos públicos.


- Foto Reprodução Web

A primeira consulta popular, no Brasil, ocorreu em 1963. Maioria do eleitorado brasileiro disse "não" ao parlamentarismo. Resultado: O Brasil voltou ao presidencialismo e, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, João Goulart assumiu a presidência. Por pouco tempo, pois em março de 1964 começaria a ditadora militar, que durou 20 anos.

Decorrido mais de meio século, eis que surgem as pesquisas eleitorais realizadas por empresas de pesquisa (impropriamente denominadas "institutos de pesquisa"), que visam a coletar as intenções de voto para cargos eleitorais em disputa.

No primeiro turno, pesquisas indicavam: Ipec: Lula 48% - Bolsonaro 31; Quaest: Lula 50% - Bolsonaro 36 %; Datafolha: Lula 50% - Bolsonaro 36%.

Resultado oficial: Lula 57.259.504 votos (48,4%); Bolsonaro 51.072.345 votos (43,2%).

Como se percebe, o desastre já teve início no primeiro turno das eleições.

Está suficientemente comprovada a pesquisa fraudulenta ou a falsa pesquisa dessas empresas, que se escoram em grandes grupos de comunicação para satisfazer seus obscuros interesses.

Na véspera do segundo turno das eleições realizadas neste ano, repetindo desatinos anteriores, pesquisas eleitorais amplamente divulgadas e alardeadas apontavam: Ipec: Lula 54% - Bolsonaro 46%; Quaest: Lula 52% - Bolsonaro 48%; Datafolha: Lula 52% - Bolsonaro 48%.

Resultado oficial: Lula 60.345.999 votos (50,90%); Bolsonaro 58.206.354 votos (49,10%).

Não resta dúvida de que uma pesquisa indicando vantagem para determinado candidato, várias vezes divulgada, deve influir na decisão de eleitores que "não gostam de votar pra perder".

Em face dessas aberrações, não só das falsas pesquisas divulgadas para o primeiro turno, como, da mesma forma, no segundo turno, o Conselho Federal de Estatística (CONFE) divulgou nota em que "(...) manifesta de público a sua estranheza pelos surpreendentes resultados das pesquisas divulgadas por diversas empresas de pesquisas, sobre os resultados da eleição para presidente da República no pleito de 2022".

Diante de falhas tão grosseiras, nem adianta explicar o inexplicável, como, por exemplo: "(...) tem eleitor que costuma escolher seu candidato no dia da eleição". Justificativa tão incoerente que causa repugnância. E uma pergunta fica no ar: "Então, pesquisa pra quê?".

Admite-se, inclusive, que a flagrante parcialidade dessas empresas de pesquisas, com resultados absurdos, que não correspondem à realidade, podem, lamentavelmente, de certa forma, influir na escolha de alguns eleitores que não gostam de "votar pra perder".

Para evitar conclusões recheadas de suspeições, fraudes e deslavadas mentiras, os institutos de pesquisas eleitorais deveriam atuar com efetiva participação do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados, do Conselho Federal de Estatística e de representante de partidos políticos, tudo sob a supervisão da Justiça Eleitoral.

Aqui fica a sugestão.


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