O tanque de guerra precisa ajustar a mira - Jornal Fato
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O tanque de guerra precisa ajustar a mira

Ao mirar nos veículos de comunicação e tentar silenciar a divulgação de notícias que não lhe agradam, Victor Coelho corre o risco de transformar uma disputa política em um ataque à liberdade de imprensa


Recentemente, o prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB), declarou que agiria como um tanque de guerra para enfrentar os críticos de sua gestão durante o período eleitoral, e tem mantido essa postura.

Até agora, seus alvos principais têm sido Theodorico Ferraço (PP) e Juninho Corrêa (PP), candidatos a prefeito e vice, respectivamente. Ambos têm sido contundentes nas críticas à administração atual, e como diz o ditado, "chumbo trocado não dói."

O problema surge quando a guerra de narrativas políticas ultrapassa os limites do campo eleitoral, e os danos colaterais começam a atingir aqueles que não estão diretamente envolvidos na disputa.

É o que acontece quando Victor e sua candidata, Lorena Vasques, acionam a Justiça e direcionam sua artilharia contra veículos de comunicação, atacando os mensageiros por não gostarem da mensagem. Essa pode ser uma estratégia arriscada e de graves proporções.

Explico: na semana passada, Theodorico Ferraço, investido do mandato de deputado estadual, acionou Victor na Justiça contra o aumento do IPTU, previsto para 2025. A ação de um deputado/candidato contra um prefeito é notícia, e, por isso, foi amplamente divulgada, tanto pelo jornal FATO quanto por outros veículos de comunicação.

Nesta semana, o prefeito e sua candidata decidiram acionar a Justiça Eleitoral contra Ferraço, acusando-o de utilizar a Justiça com fins exclusivamente políticos. Segundo os advogados, a intenção seria se beneficiar da repercussão positiva que a ação contra o IPTU gera, desgastando Lorena de maneira transversal.

Até aí, tudo dentro do esperado. No entanto, na tentativa de atingir Ferraço, os veículos de comunicação também foram colocados na linha de fogo. Os advogados pedem ao juiz que determine a remoção da notícia dos portais que a publicaram, sob pena de multa.

Censura? Não!

Pelo que parece, nem sequer leram o conteúdo publicado, pelo menos não o que foi divulgado pelo jornal FATO, no qual está claramente descrita a acusação feita por Victor, mencionando que uma ação semelhante já havia sido apresentada ao Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo por Ferraço. Ou seja, para acusar que a  litigância é de má-fé.

Aqui está o trecho: "No ano passado, o TCEES arquivou, por unanimidade, denúncia do deputado estadual contra a Prefeitura de Cachoeiro e afastou qualquer irregularidade no processo de recadastramento imobiliário que gerou a atualização do cadastro do IPTU em Cachoeiro de Itapemirim."

Além disso, a Prefeitura foi convidada a se manifestar na reportagem, mas optou por não responder fora dos autos.

O tanque de guerra pode acabar se voltando contra si próprio.

Ao mirar nos veículos de comunicação e tentar silenciar a divulgação de notícias que não lhe agradam, Victor Coelho corre o risco de transformar uma disputa política em um ataque à liberdade de imprensa.

Essa estratégia, ao invés de fortalecer sua posição, pode alienar eleitores e criar um clima de desconfiança em torno de sua gestão.

No campo da política, é essencial entender que a transparência e o respeito ao trabalho da imprensa são fundamentais para manter a confiança pública.

Se Victor continuar a usar a artilharia contra os mensageiros, pode acabar atingindo a si mesmo, enfraquecendo a campanha de sua candidata e sua imagem diante do eleitorado.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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