O dedo de Ricardo é poderoso - Jornal Fato
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O dedo de Ricardo é poderoso

Administrar a cidade, por vezes, fica até mais fácil que conciliar interesses políticos. Mas podem ter certeza que o dedo de Ricardo estará o tempo todo orientando Ferraço


- Foto: divulgação/MDB

Os novos prefeitos não sofrerão apenas com os problemas da cidade sob o ponto de vista urbanístico ou outros afins, mas, sobretudo, com a sofisticação da violência que grassa pelo país. A imprensa anunciou ontem que facção dominou 13 presídios e sofisticou golpes pelo celular. A investigação da polícia revela que presos da facção contra o Povo de Israel usavam aplicativos para disfarçar o número do celular usado nos golpes e, de dentro da cadeia, passavam-se até por funcionários da Anatel e de bancos. Em dois anos foram apreendidos quase sete mil celulares com bandidos no presídios. Isso atinge todo o país.

Ora, por que digo isso? Porque, com a experiência adquirida no serviço público, a gente aprende que tudo que acontece na cidade "a culpa é do prefeito". E não se trata de força de expressão. A gente chega a ter pena da "mãe do prefeito" ... Ferraço tem que se preparar porque, antes, nos velhos tempos, esses problemas não batiam na porta do prefeito. Hoje, como parecem incontornáveis e em número crescentes, o prefeito está mais perto do que o governador e presidente da República.

Ferraço já colocou seus velhos amigos administradores numa espécie de transição. A partir daí, pelo que vejo, poderá traçar as primeiras metas, levando em relevância suas promessas de campanha. Isso, é claro, pautado pelas eleições futuras, daqui a dois anos. Partindo desse princípio, estará organizando seus futuros apoios. Duas candidaturas estão dentro de casa: Ricardo Ferraço ao governo do Estado; Norma Ayub, para a Assembleia Legislativa. Esse é o eixo de onde partem os olhares mais agudos.

Claro que é uma tarefa delicada. Quais serão os adversários do prefeito?  Os perdedores da eleição? Outros candidatos novos?  Apenas um exemplo: você, leitor, acredita que o candidato Diego Libardi deixará de ser candidato a deputado estadual?  Qual o futuro do prefeito Victor Coelho? De Lorena Vasques? E os dois deputados deixarão de pleitear a reeleição?  Ou apoiarão Diego para federal?  Claro que são ensaios ralos e superficiais. Mas o resultado das eleições poderá mostrar um quadro mais, digamos, palpável...

Ferraço, por óbvio, além de seus projetos, a herança deixada por Victor, pensa o tempo todos na futuras eleições, sobretudo porque o futuro de Ricardo e Norma depende dele também.  Esse, a rigor, é o raciocínio do político 24 horas por dia.

Claro que, partindo dessas linhas tracejadas, aparece, a todo momento, o futuro de cada um. E não são poucos.  Todo mundo sabe, porque ele mesmo diz, que o deputado Bruno Rezende ambiciona ser deputado federal. Ele errou lá atrás, pois achou que a candidata a federal seria Norma, passou a apoiar Diego.  Erro estratégico primário. Porque ali ninguém sabe- quem-trai- quem.

Aliás, esse tabuleiro político ao mesmo tempo que anima políticos, traz grandes tensões. Pergunto: como se comportará o governador Renato Casagrande em relação a Victor? Onde entra Ricardo nesse xadrez? 

Administrar a cidade, por vezes, fica até mais fácil que conciliar interesses políticos. Mas podem ter certeza que o dedo de Ricardo estará o tempo todo orientando Ferraço, sobretudo porque, além de mais jovem, vem se aprimorando numa administração moderna. Ninguém mais do que ele sonha ardentemente para que tudo dê certo em Cachoeiro...


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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