O ano mais difícil de nossas vidas - Jornal Fato
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O ano mais difícil de nossas vidas

Conversando com Deus, a única pergunta que saia de nossos pensamentos doloridos era: "Mas por que ele ou ela?" ou ainda "Ele ou ela não mereciam isso". 


Foram longos, tortuosos e inesperados os desafios em 2020. Assim como 2019, 2018 como foi por outros períodos que tivemos no passado, nossos doze trabalhos de Hércules. Em todo novo ano, uma série de obstáculos surgem para nos fortalecer e nos levar ao melhor estágio de evolução. Muitos de nós conseguimos ao longo de cada período de 365 dias realizar sonhos, superar e aceitar perdas e até mesmo nos reinventar. Faz parte da vida e faz parte de nossa evolução. 

Mas as tragédias aparecem a cada novo ciclo e marcam nossos anos. Saímos mais fortalecidos de cada provação, mas também perdemos um pouco de nós quando cada um que convivemos, parte deste plano. Atravessamos tempos incertos, onde não temos ideia de como será daqui para frente. Isso só mostra o quão frágil é a vida e o que realmente tem valor e merece nossa total dedicação.

Milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas da covid-19. A todas, nossas orações. 
 

A humanidade buscou nos últimos anos, o prazer imediato, sem se preparar para qualquer catástrofe. O normal, claro: como vamos pensar em coisas tristes quando estamos pensando em aproveitar a vida? Acreditamos muitas vezes que a felicidade está no futuro, mas esquecemos de viver o presente. Valorizamos o tempo, quando ele está acabando.

E assim, fomos perdendo pessoas para a covid-19 e outras por outros motivos, ao longo de 2020. Mas perdemos. E muitas pessoas que admirávamos e amávamos. Que dor terrível receber a notícia da morte de alguém próximo. Que dor horrível em dar essa notícia, como fizemos várias vezes este ano, sejam de pessoas conhecidas ou não. São vidas que se foram.

Nunca estamos preparados para a morte de ninguém, por qualquer motivo que seja. 

Mas desta vez a dor foi muito mais forte. Estamos sendo levados ao nosso extremo. Tendo nossa fé provada a cada instante. Em janeiro de 2020, Cachoeiro de Itapemirim enfrentou a maior enchente de sua história. Sentimo-nos devastados, sem chão e impotentes. Ver a cidade tomada pela água, pessoas simples perdendo o pouco que tinham foi um golpe duro na população cachoeirense. Não imaginávamos que seria assim. Mas foi, e vivemos dias e noites desolados. Prejuízos incalculáveis, desolação, medo e resignação. Com coragem, trabalho, sacrifícios, fomos trabalhando para superar aquele momento insólito. 

Após a tragédia, nosso povo começou a se reerguer e de repente, uma pandemia pára o mundo. O coronavírus chegou sem piedade, ceifando ricos, pobres, brancos, negros, héteros ou homossexuais, da esquerda ou direita, jovens, adultos, idosos e até os profissionais da saúde. Perdemos vidas que nos cercavam. 

 
      
 
     
 
 
 
       
 
       
 

O coronavírus fez com que o medo fosse nossa única companhia dentro de nossas casas, isolados do mundo, do trabalho e das pessoas que amamos. Os primeiros 40 dias foram aterrorizantes. Não sabíamos o que encontrar se saíssemos nas ruas. 

     

Um vírus desconhecido fez com que a humanidade ficasse sem esperanças e convivesse com a morte ao seu lado. Começamos a perder pessoas caras demais, como todo o ser humano o é. A covid  é uma doença má, que não escolhe as vítimas mas lhe tira a vida com uma rapidez avassaladora. Além destas perdas, outras partiram por diversas causas, e com tantas despedidas, fomos ficando tristes, deprimidos e passamos a ver a vida em preto e branco. 

      

Aos poucos aprendemos a usar máscaras e não nos tocar, ficar distantes e achamos que seria assim. Só que mais uma vez a vida nos trás as perdas, que já são traumatizantes para qualquer ser humano, mas em um ano atípico como este, se tornam mais devastadoras. Perder uma pessoa para a covid nos tira o direito de prestar as últimas homenagens em um funeral.  

Mesmo com os esforços sem precedentes de todos os heróis da saúde, alguns seres especiais e de luz, se foram. Por covid ou não. 

Não foram uma ou duas, mas dezenas de orações para entendermos o por que dessa devassidão que tomava conta de nossos corações. Mas conversando com Deus, a única pergunta que saia de nossos pensamentos doloridos era: "Mas por que ele ou ela?" ou ainda "Ele ou ela não mereciam isso". 

Perguntas, muitas vezes sem respostas, mas que só a fé, fortalecida em Jesus Cristo, pode nos amparar nestes momentos. 

 

   

A visão espiritualista, procura nos reconfortar quando diz que o Altíssimo precisou destas pessoas mais evoluídas para o ajudar no trabalho pelo bem da humanidade e que de alguma forma estarão trabalhando pelo planeta. Também como diz no Islamismo, os mais evoluidos estarão no paraíso, e todos estes que se foram, lá estão, com certeza. Para os Judeus, todas as almas retornarão junto com o Messias, assim podemos reencontrar nossos parentes e amigos.

Já para a Cabala, nossa alma é imortal, e já temos o compromisso de seguir nossas missões sejam quais forem. Se para o Budismo, a regra é faça o bem para receber o bem, as pessoas que que partiram em 2020 ou em outros anos, vítimas da covid ou não, receberão o dobro do bem que fizeram pela humanidade. Para os evangélicos, o corpo volta ao pó e o espírito está ao lado de Deus. Os católicos acreditam que a morte é uma caminhada para a eternidade, e eternos estarão em nossos corações e memórias.

      

Independente de sua religião ou crença a certeza que temos é: assim como um jardineiro escolhe com cuidado as melhores e mais belas flores de um jardim, para algo muito, muito importante, perdemos aqui neste plano personalidades que deixaram seu legado na história de Cachoeiro,do Espírito Santo, do Brasil e do mundo, mas que agora irão para uma missão ainda maior, ao lado de Jeová. 

Marcos Viana de Rezende em "Encontros e Despedidas". 

 

Que lição podemos tirar deste ano? Talvez de que precisemos cada vez mais uns dos outros. Que a solidariedade, o respeito e a ajuda mútua nos eleva. Que tem pessoas que precisam de nós e algumas nos têm como exemplo, por isso não devemos esmorecer. Que poder, dinheiro ou riqueza de nada serve, sem a saúde e o apoio das pessoas que amamos, ao nosso lado.

Que a vida é para ser vivida, em sua intensidade, como se cada minuto fosse o último. Que precisamos sim praticar cada vez mais o bem, pois a partida é certa, mas o momento incerto. E qual seja nossa crença, ou ainda a falta dela, é certo que desejamos que nossa consciência e espírito estejam leves. 

Pense na quantidade do amor que você recebe e na medida que você dá. Veja a quantidade de luz que rodeia você e reflita se os problemas são realmente importantes.

Assim como disse o Mestre e Amigo Jesus, "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo". (João, 16:33).

 

Fotomontagem cedida pelo Jornalista Mauricio Mignone, de sua lista pessoal. 
 

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