Ai pelas quatro da manhã levantei-me. Alço-me bem cedo. Desde sempre foi assim. Levanto-me e, por praxe o primeiro impulso e ver ligações e notícias. Ei-las! Fatídicas a darem contas de "seo" Osmar. Osmar Rosa, personalidade citadina, distinguida pela intensa atividade filantrópica, através do grupo beneficente "princesa do sul", pelas bandas desta terra onde servia e amparava através de donativos múltiplos. Havia falecido! Lembro-me que da anunciação provocar profunda tristeza. Tudo, além do perecível, parecia perecer. O tempo estancou. O relógio não girava ponteiros. E uma ponta úmida do sorriso, ao despertar, diante do fato degradante, secou. Era como se o imenso Rosa, tal a flor, esvaísse seu perfume. Muitos foram amparados pelo grupo "princesa do sul", que liderava. Desvalidos e proscritos. Satisfazendo necessidade, feito água, sacia a sêde, durante anos. Osmar trabalhava, dia e noite, e sorria, muito Não era problema, para quem tinha a claridade do sol, quanto o vigor das estrelas. A cidade perde um pouco, mas aprendeu bondade. Decerto decretarão luto oficial. Erguerão bustos. Invés, quiçá, ele desejasse um pedaço de pão, para oferecer. Qual o tamanho do amor? Osmar era pequeno e infinito, tal sua bondade. Hoje, os pássaros farão silêncio. Portas e janelas não rangerão. No semblante das pessoas a desagradável surpresa denunciara saudade, e o amor ao próximo será objeto das capas dos jornais. Tão pouco!  O último aceno cerrará o ataúde, onde jaz o arco-íris, de enormes bigodes e sorriso largo, próprio de quem vivia em êxtase ao amar, como poucos, que povoaram o planeta. Fora da caridade não há salvação! Salvou-se, Osmar, por decidir ser livre e despejar o corpo da alma. Enfim, quando o trem partir, levando consigo a fôrma, o conteúdo vai sentado à frente. Antes, procurará enfermos e necessitados. Ser amor para quem anseia. Assim, não será despedida, senão peculiar ato de caridade antes da mísera cal lhe cobrir o rosto. Até breve!

"Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.

Veja que, no final das contas, é entre você e Deus."

Madre Tereza de Calcutá.