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Flores e luzes

O abraço frouxo, o sorriso amarelo e as palavras apropriadas, mas notadamente insinceras, roubaram a serenidade da manhã


O abraço frouxo, o sorriso amarelo e as palavras apropriadas, mas notadamente insinceras, roubaram a serenidade da manhã, que tinha começado perfeita, com o canto dos muitos pássaros, grande paixão, naquela manhã de temperatura agradável e amena lindamente iluminada pelo sol.

Faz cara de paisagem, responde educadamente e retribui o sorriso, pensando no quanto algumas pessoas podem ser tóxicas, mesmo que talvez se esforcem para serem de fato sinceramente agradáveis. Os efusivos tapinhas nas costas incomodam. Sugerem punhaladas que roubam a quietude.

Bem que a avó, cheia de crendices, mas também de muita sabedoria, dizia. Fique atento a gente que não olha nos olhos, de aperto de mão fraco, que não sabe acolher nem sorrir quando você está feliz. Que não comemora sinceramente as suas vitórias. Elas sugam a sua energia. E aproveitava para contar de uma conhecida que era capaz de matar plantas e animais apenas com o olhar.

Exagero ou não, ela falava que se a tal vizinha elogiasse um pé de plantas ou um animal, quando ela virava as costas o elogiado morria. Lenda ou fato, a recordação dessas palavras é bem nítida. Então, ainda hoje, na oração matinal, clama pelo olhar misericordioso de Deus sobre si e sua família. Ultimamente tem orado ainda mais pelo Brasil e pelo seu povo. Sempre acreditou que a oração pode mudar fatos. Pode salvar vidas. Acredita em milagres.

Quando encontra essas "vampiras e vampiros", embrulha o silêncio em papel colorido e se afasta rumo a algo desconhecido, mas desafiador. Tem muita gente interessante por aí, cuja essência é puro amor e boas energias. É com elas que quer seguir. Sabe perfeitamente que é considerada sonhadora incorrigível, mas não se importa. O que seria do mundo sem as pessoas sonhadoras?

É daquelas que vivem lutando arduamente, quebrando a cara, se metendo em problemas para tentar corrigir injustiças históricas contra povos indígenas, negros, pobres, gays, prostitutas, mulheres e contra a natureza. Essa última, coitada, sem nenhuma condição para se defender, mas que responde com mais furor à devastação ambiental provocada pelo homem, sempre movido pela ambição e pela imbecilidade. Como não lutar? Como se calar? Realmente não consegue.

Insistentemente sonha ter por perto quem possa ajudá-la a espalhar flores, luzes e cores pelo caminho. Para todos. Em qualquer tempo e em todo lugar. Que deem abraços tão apertados que tirem o fôlego, mas renovem forças e esperança. Que levantem com a disposição de tornar o mundo melhor. Utopia, talvez. Mas é preciso dar pequenos passos para alcançar o universo. E fazer brotar amor. Simples assim.


Anete Lacerda Jornalista

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