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Eu sou o que sou e não o que dizem

Fomentar o fim dos abusos cometidos contra a mulher, nos seus mais diversos moldes, é dever social, e também dever do Estado


- Foto: Reprodução Web

Qual é a régua usada para medir a beleza de uma mulher? O que valida uma comissão para dizer que meu corpo ou meu cabelo estão adequados ao padrão? Quem diz que minha beleza é superior ou inferior a outras tantas belezas? Quem tem esse direito?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Considerando esse contexto,e também o fato de ser uma mulher, posso afirmar com precisão, que iniciativas que incentivam mecanismos de atuação do machismo e da dominação patriarcal, não favorecem em nada nossa vida.

Meninas aprendem muito cedo que o corpo ideal se conquista com privações. E de igual modo, se expõe a intermináveis e variáveis transtornos e compulsões. Ansiedade, disformia corporal, anorexia, bulimia, depressão. Algumas entre tantas possibilidades de adoecer, abertas "em leque" a todas.

Fomentar o fim dos abusos cometidos contra a mulher, nos seus mais diversos moldes, é dever social, e também dever do Estado. Ações de conscientização deveriam ser feitas para minimizar os impactos sofridos na construção social da mulher. Colocá-las em um "ring" disputando um prêmio fútil de "quem é mais bela" só corrobora para banalizar a luta contra o jugo machista patriarcal, posto sob nossos ombros.

É dever do Estado proteger e amparar. É dever do Estado prover meios alavancam o acesso da mulher à independência, seja ela financeira, emocional ou qualquer outra. É dever do Estado cuidar para que iniciativas adornadas com "boas intenções" não contribuam para ferir a integridade moral de qualquer uma.

Não é dever do Estado recompensar mulheres por sua beleza, simpatia e desenvoltura. A régua para medir e julgar os melhores padrões não pertence a ele. E não pertence a ninguém.

Ninguém tem esse poder. Não banalize a dor e sofrimento de muitas meninas que não se reconhecem em seu corpo. Não ache que isso é pouco. Não pense que criar competições "saudáveis" entre as mulheres é algo inocente. É cruel. A curto, médio e longo prazo.

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