Dr. Gilson Caroni. Anjos, existem! - Jornal Fato
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Dr. Gilson Caroni. Anjos, existem!

Embora jovem, recordo-me. Ainda cedo, posso vê-lo


Foto: Divulgação

Embora jovem, recordo-me. Ainda cedo, posso vê-lo, ligeiro, a subir os degraus da escadaria que dá no andar superior do prédio, na Vinte e Cinco de Março. Na edificação, fica sede da prefeitura. O homem, de passos firmes, e esguio, com os bigodes sempre bem talhados, sobre a face árabe, é Gilson Caroni. O prefeito Dr. Gilson Caroni, médico sanitarista e humanitário. Pediatra. "Deixai vir à mim as crianças..." Sorri com facilidade. Polido e simpático. Conversa com cada pessoa, como cada uma, a cada diálogo, fosse algo mais importante do mundo. E era, ao menos para ele. Político bom, dos bons tempos, em que a política, quanta bondade; ainda era um ato de amor. Doou-se, totalmente. Abdicou dos sonhos individuais pelo grande sonho democrático. Popular. Aos dezoito e, também libanês, olhava-me no espelho, buscando identificar-me. Sempre foi um paradigma de virtudes. Casado com Dona Eliene, a quem se devotou, a vida inteira. Assim como aos filhos e netos. Cachoeiro, desta feita, não era apenas o torrão natal. Não. O coração inteiro! Lembro-me dos bons conselhos. Lembro-me do eterno auxílio. A ele devo a gratidão de uma vida enorme, e toda sua viagem. Dr. Gilson, agora, revive no novo homem público. Bom de coração, caráter e alma. Pensava à frente de seu tempo, tal como Danton, na revolução francesa, com o espírito à esquerda do corpo místico. Para anunciar Dr. Gilson, era necessário dizer do olhar terno, daqueles que não apenas vêem seres humanos, mas enxergam, suas mais elementares necessidades. Contava estrelas.  Escutava-as, qual os pequeninos, de bom grado, assim como toda gente do povo, indistintamente. Tê-lo conhecido não foi mero acaso. Obra do destino. Desígnio, da autoria, engendrada pelo próprio Criador. Salve o amor que é norte e arde. Salve, o confrade Gilson, e me permitam seus descendentes, o pai, para quem escrevo, feito filho postiço, com a saudade da lágrima e a alegria do sorriso, a narrar com enorme satisfação, o orgulho do convívio.

 

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De tonto, o homem fez a bomba, que de tonta, detonou-se

 

A bomba, por ser bruta, com o estrondo, assustou a borboleta no casulo

 

Mortificou a sempre-viva, no canteiro,

 

E pôs o carcereiro, a vigiar o espectro,

 

Sonça, a bomba desconexa impediu a paz, que ia e não foi mais,

 

E então, deixou a chaga latejando na prisão

 

No reflexo bombástico, do espelho

 

Enquanto o homem, antipático, foi deitar-se na cama da estranha

 

Abjeta e assexuada na penumbra,

 

Abatendo a pomba ao lado, que não voou

 

Quiçá, primeiro, amasse a vida, por inteiro, invés das mortes da companheira.

 

E fechasse as feridas de toda asneira.

 

A torneira pingando sombra e o instante derradeiro, antes da bomba...

 

 


Giuseppe D'Etorres Advogado

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