DIA DE LEMBRANÇA E DE Fé: 02 de novembro - Jornal Fato
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DIA DE LEMBRANÇA E DE Fé: 02 de novembro

Desde que nasci, dia de finado é dia de comemorar o aniversário da minha mãe. Que dia para nascer? Por muitos anos ela fez um tour nos cemitérios da cidade e a comemoração, em família, ficava para a hora do almoço


Desde que nasci, dia de finado é dia de comemorar o aniversário da minha mãe. Que dia para nascer? Por muitos anos ela fez um tour nos cemitérios da cidade e a comemoração, em família, ficava para a hora do almoço.

Digo por muitos anos porque faz um bom tempo que ela entendeu que, depois da morte, não precisamos mais ficar orando pela alma de quem partiu, pois, com a morte desta vida, a alma chega de imediato ao seu destino.

Eu demorei um pouco mais entender isso. Na verdade, fui compreender quando ela, minha mãe, adoeceu. Na doença dela, meus olhos se abriram para perceber, com clareza, que estamos aqui apenas de passagem e que, quando a morte chegar, por aqui, nada mais restará, além da lembrança e da saudade no coração dos que ficaram. Igualmente, entendi, estudando a bíblia, que, após a morte, quem partiu já segue direto para seu destino ao lado ou distante do Pai, a depender das escolhas nesta única vida.  

Apesar disso, confesso que nunca tinha pensado que, um dia 02 de novembro de um ano qualquer, não poderia mais comemorar o aniversário de minha mãe, pois ela estaria no seu destino eterno, mas esse dia chegou. Rápido e cedo demais, mas chegou, deixando cacos a serem catados, mas estes estão sendo restaurados pelo próprio Deus.

Hoje, é o primeiro dia 02 de novembro da minha vida que não poderei comemorar seu aniversário, não poderei almoçar junto, não poderei comer seu feijão tropeiro especial, não poderei muitas coisas que hoje, como nunca, fazem uma tremenda falta.

Talvez eu vá ao cemitério, mas tenho a convicção de que não poderei mais vê-la ou falar com ela, pois já está, feliz da vida, junto do Pai, experimentando Suas promessas aos que Nele creem. Se eu for, não será por achar que minha mãe estará lá ou por pensar que ela precisa de minha oração, mas será por tradição ou porque, sendo ainda uma criatura material, tenho a necessidade de ver e de tocar, mesmo o intocável. Se eu for, será para meu conforto e reflexão. Será para que eu olhe para o sepulcro corruptível, mas, pela fé, veja que ela está no paraíso, primeiro céu, vivendo as promessas do Senhor que antecedem o arrebatamento da Igreja.

Hoje, não mais a posso tocar, ou beijar e nem almoçar com ela, tampouco posso falar que a amo e que sinto falta do seu colo. Isso ainda dói, confesso, mas ter fé de que ela experimenta as bênçãos do Senhor, pois, mesmo na dor, foi fiel até o fim, conforta o meu coração e, por certo, os corações dos meus irmãos e daqueles que, nesta vida, aprenderam a amá-la.

Assim, nesse dia tenho saudade, um pouco de dor, mas tenho os olhos cheios de fé e de esperança nas promessas de Deus que, através de Jesus Cristo, nos são alcançadas.

Por essa razão, ao invés de reclamar, deixo o meu agradecimento a Deus pelas lembranças, pelos motivos de ter saudade e pela certeza de que hoje ela dá o sorriso mais lindo que, nesta vida, nunca conseguiu expressar.

Saudades eu tenho, minha mamis, mas eu aceito o projeto do Senhor, pois creio que você, apenas você, está feliz. Nós, ficamos aqui saudosos, mas firmes no Senhor, do jeito que nos ensinou quando esteve ao nosso lado.  

 

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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