A medicina evoluiu, é verdade. Alcançamos técnicas cirúrgicas e exames radiológicos nunca imaginados. As imagens do Corpo Humano, de seus órgãos internos, dos ossos e circulação sanguínea são perfeitas. Fotografadas e registradas se assemelham a uma obra de arte do mais habilidoso e perfeccionista artista. O Corpo Humano dentro e fora é uma obra que transcende a compreensão. Uma harmonia entre gases, líquidos e sólidos, entre células vivas e mortas, e os vários tipos de bactérias. O Corpo Humano nos confunde em seu desempenho quando um obeso se apresenta com um metabolismo do açúcar e de gorduras apropriado para uma pessoa magra e o magro evidencia descontrole do açúcar e gorduras sanguíneas. São anos de evolução e adaptação. A arte se manifesta em cada parte do corpo. Nas interações cerebrais, os neurônios recebendo e enviando informações e estímulos, além das ações musculares e racionais, produzem as emoções, aquelas que entendemos cada vez menos. Entendemos menos as paixões, amor e os impulsos que nos fazem verdadeiramente humanos. O Corpo Humano é o único entre os seres vivos que a visão, com suas diversas cores, não só enxerga o perigo e prepara para luta ou fuga, também, desencadeia os sentimentos. Podemos sorrir e chorar, ou mesmo ficar indiferentes com o que assistimos e vemos, sempre provocaremos transformações no outro ou nas coisas em nossa volta. Metade das coisas que vamos apresentar com o tempo de vida depende da herança familiar e o restante do meio e da forma em que nos comportamos - hábitos de vida. Recebemos um corpo perfeito, um templo divino, embora com muitos aparentes defeitos, cabe a cada um de nós aceitarmos as diferenças, cuidarmos por aquilo que nos compete, deixando por conta de Deus aquilo que não entendemos.

Devemos lembrar: apesar de maravilhoso, o Corpo Humano, ainda com todos os cuidados, sempre terá um fim. Ao pó voltaremos. A vida depende do entendimento de cada um e das lembranças dos que permanecem em terra. Para os profissionais de saúde, salvar vidas é um compromisso. Porém, devemos evitar a busca desenfreada para salvar o Corpo. Para isso, necessitamos: conhecimento técnico, da lei, espiritualidade e ética. Assim, podemos separar: Eutanásia (apressar a morte - algo inaceitável e criminoso); Ortotanásia (evitar os excessos terapêuticos e mecânicos - evitar a morte com sofrimento - seguir a lei natural do Corpo Humano e do viver e morrer) e Distanásia (estender o sofrimento do paciente sem possibilidade de cura ou recuperação - prolongar a agonia do enfermo). Evitar a morte, quando possível, é obrigação inquestionável do médico. Nem sempre é possível curar: restabelecer a normalidade biológica - Corpo Humano. Estava no hospital, cansado e angustiado após observar um dos moribundos, o fim se aproximava para aquele corpo. Apesar do corpo debilitado e as forças se esvaindo... O sorriso em face permanecia e uma paz de espirito se mostrava. Sentei-me em frente ao computador e uma imagem de criança se mostrava. Com a imagem, e o sorriso do moribundo, a esperança renovava-se.