Conexão Mansur: "RUBEM BRAGA vendeu remédios aqui" - Jornal Fato
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Conexão Mansur: "RUBEM BRAGA vendeu remédios aqui"

Lendo o livro de crônicas "Casa dos Braga - Memória de Infância", encontrei o texto abaixo, na sua crônica intitulada "Memórias de um Ajudante de Farmácia".


- Ilustração: Zé Ricardo

Um grande escritor é insuperável e estará sempre nos trazendo agradabilíssimas surpresas sobre o que escreveu, dada a quantidade do que escreveu, aliadas à qualidade desses mesmos textos.

Vou falar de Rubem Braga.

Lendo seu livro de crônicas "Casa dos Braga - Memória de Infância", reunião de suas memórias da... infância, encontrei o texto abaixo, na sua crônica intitulada "Memórias de um Ajudante de Farmácia":

- "Rapazola, andei trabalhando numa farmácia de parentes, para ter um dinheirinho meu. Era a Farmácia Central, de Cachoeiro de Itapemirim".

Mais abaixo, na mesma crônica ele diz:

"No balcão eu vendia preparados - como Capivarol, Bromil, Elixir de Inhame, Vinho Reconstituinte, Saúde da Mulher, Emulsão de Scott... A farmácia era do meu cunhado, Dr. Paraiso, e do meu irmão Jerônimo; depois entrou de sócio o primo Chico Cristóvão. Eu obedecia às ordens de outro primo, o Costinha (Manuel Emilio da Costa), que depois faria carreira no ramo".

Tudo ficaria por isso mesmo, pra mim, não fosse o nome da farmácia - Farmácia Central - na qual eu não trabalhei - nem nela e nem em qualquer farmácia - mas fui (e sou) cliente por mais de 50 anos, desde os tempos do dono dela, o Sr. Aldo Rua, hoje aposentado.

Foi essa a ligação que me colocou nesta crônica - Rubem vendia remédios na mesma farmácia onde eu comprava (e ainda compro, apesar da mudança do nome dela, para DROGMED, nome que persiste hoje), embora a diferença de anos entre o trabalho dele e eu ser freguês tenha um espaço de uns trinta e poucos anos.

Não me conformei e segui em frente. Fui pesquisar no jornal O CACHOEIRANO, de 05 de janeiro de 1922, e na sua página 06 encontrei este anúncio:

- "À PRAÇA - Serra & C., comunicam aos seus amigos e fregueses que nesta data, traspassaram o seu estabelecimento comercial - Pharmacia Central -  à Praça Jerônimo Monteiro, desta cidade, ao Sr. Farmacêutico Fernando de Abreu, livre e desembaraçado. Cachoeiro de Itapemirim, 01 de janeiro de 1922. Serra & C. - Fernando de Abreu".

(Anoto: - Fernando de Abreu, foi prefeito em Cachoeiro de 1930 a 1933 e 1937 a 1944, e era sogro de D. Gracinha, irmã de Rubem Braga).

Como Rubem nasceu em 1913, acredito que seu período farmacêutico foi em seus 14 e 15 anos de idade - 1927/1928, já que após essa data ele partiu para o Rio de Janeiro, justo para ser o maior cronista do Brasil.

Dentre todos esses pensamentos, foi me chegando a ideia, já utilizada em muitas cidades do mundo e do Brasil, no sentido de incrementar e aproveitar as boas e interessantes coisas delas, aliada a uma mirada para o turismo, economia e para muitas coisas mais.

Ou seja, vamos lá aonde Rubem trabalhou, ainda menino, e coloquemos na porta da farmácia uma placa em bronze, ou outro material, com dizeres semelhantes a "RUBEM BRAGA vendeu remédios aqui". A cidade vai ter mais sobre o que falar. Visitantes irão passar por lá, etc. etc. etc.

É uma boa ideia????

 

Sirlei Alves de Souza

 

 

Toda a área cultural e do artesanato de Cacheiro e região conhece muito bem a artesã e líder dos artesãos e artesãs de Cachoeiro - SIRLEI ALVES DE SOUZA, assim mesmo, em letras maiúsculas. Na realidade não se sabe aonde ela se apresenta melhor - se como artesã ou se como liderança natural na área.

Um e outro papel, um na prática artesanal e outro na manutenção permanente do artesanato cachoeirense, ela os representa com a mais alta e bela qualidade e dignidade. Se no artesanato em si ela tem "concorrentes" que se igualam à especial qualidade de seus trabalhos artesanais, quanto à sua liderança ninguém se iguala a ela.

Sem contar ser ela a líder do grupo "Bordadeiras do Rei", homenagem ao Rei Roberto Carlos, de quem ela é extremosa fã.

Cuida do artesanato dela e de seus parceiras e parceiros com a mesma intensidade e carinho, como já contei. E conto outra vez:

- Sirlei, no fechamento de uma Feira Estadual de Artesanato numa das praias de Vitória (coisa de década), em um domingo à tarde ficou à espera do veículo da prefeitura de Cachoeiro que iria lá recolher o artesanato dos e das cachoeirenses.

Todo muito foi embora, menos Sirlei.

O veículo municipal só apareceu no dia seguinte... mas ela cumpriu rigorosamente sua responsabilidade e atravessou a madrugada, sozinha e abandonada, vigiando os artesanatos cachoeirenses não vendidos, na área deserta.

Quando chegou a Cachoeiro foi direto para internação no CTI.

Salvou-se e continua a mesma, graças a Deus.

Sirlei é a principal alavanca da grande indústria regional do artesanato - indústria sem chaminés, que não polui e que só traz beleza à cidade e às vistosas prateleiras de seus clientes, inclusive as minhas.

Salve, salve, salve quem merece, e como Sirlei merece! (004)

 

1881 - Descrição do Município de Cachoeiro

(Em 1881, três cachoeirenses de alto coturno (Dr. Deolindo José Vieira Maciel, Dr. Manoel Leite Novaes Mello e Eugenio Aurélio Brandão do Valle) encaminharam à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, manuscrito que eles elaboraram, denominado "Descrição do município de Cachoeiro de Itapemirim", datado de 28 de maio de 1881 (142 anos passados ao final deste mês de maio/2023). Nessa descrição, em 17 páginas manuscritas, está um pouco de nossa História, Geografia, Economia, serras, rios, minerais, madeiras, animais, etc. etc. etc. Não consta que o texto tenha sido transformado em livro ou livreto.

Aqui nesta página, dessa descrição referida, estou publicando abaixo, o capitulo "ANIMAIS SILVESTRES" da região, mas há muita coisa mais. Pedindo desculpas por alguns erros de "tradução" do texto do manuscrito mais que centenário, informo que se alguém cachoeirense se interessar pela "tradução" do texto para linguagem de hoje, posso colocá-lo à disposição. E mais pra frente trago outros textos desse praticamente desconhecido documento).

Vamos ao texto de 1881:

ANIMAIS SILVESTRES em Cachoeiro - "Antas, onças pretas, vermelhas e pintadas de diferentes espécies, veados, porcos do mato também de diferentes espécies, capivaras, jaguatiricas, gatos, pacas, cotias, macacos de muitas espécies, quatis, coelhos, preás, jabutis, gambás, tatus, iraras, ...

Entre as aves encontram-se: mutuns, macucos, jacutingas, jacupembas, jacus, araras, papagaios, joás, inhambu-guaçu, tucanos, pavão, araçari, capoeira, patos, marrecos, arapongas, sabiás... As cantoras são: ... o rouxinol brasileiro, os Sabiás do Campo, da mata, seca e do peito roxo; o Canário, crumatá, coleiro, pintassilgo, gaturamo, tié, sanhaço... Insetos: abelhas, jati, urutu e muitos outros. Há ainda além da formiga saúva, praga da lavoura, outra pequena que a destrói, bem como a tacirema.

Nos rios pesca-se o urutu, surubim, robalo, piabanha, piau, traíra, morobá, acará, cascudo, jundiá, piaba... Há também cobras venenosas, como sejam: dorminhoca, surucucu de diversas espécies, coral, saracutinga, jararacuçu, urutu, limpa-mato, minhocão, caninana...".

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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