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Como será o amanhã político?...

É papel dos pensadores apontarem um caminho para a busca de equilíbrio para tanta alienação e insanidade


- Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A inexpressiva votação obtida pelo candidato do PT a prefeito de Cachoeiro, Carlos   Casteglione, é um sinal contundente que a esquerda precisa, urgentemente, se rearrumar em todo o país. Um exemplo claríssimo disso é o que fez o tiktoker Lucas Pavanato, em São Paulo, onde despontou como o fenômeno na eleição paulistana. Como? Passou a campanha produzindo polêmicas e factoides para viralizar na internet.  Preciso explicar: apostou na transfobia e na retórica anticomunista para chegar ao poder.  Virou fenômeno com 26 anos de idade.

Explico melhor ainda, correndo o risco de me tornar repetitivo. Sem largar o celular, como constatou o jornalista Bernardo Mello Franco, ele vestiu uma peruca de mulher, infiltrou-se em atos de esquerda e quase transformou um estúdio de podcast em ringue de luta livre. Digo mais. Para atrair os eleitores mais radicais, apresentou várias propostas, como, por exemplo, proibir trans no banheiro feminino.  E por aí vai. Resultou: o sucesso foi tanto que recebeu 160 mil votos e foi o vereador eleito mais votado de São Paulo.

Outros candidatos com êxito misturavam, em sua campanha, temas que permitiam ostentar armas, insuflaram o ódio, o pânico moral deixando de lado os problemas que afligiam a sua cidade. Um desdobramento mais arrojado ainda do que apresentaram os filhos de Bolsonaro no início da campanha para presidente.  O que quer dizer isso?

Bem, cabe aos próximos candidatos decodificarem a mensagem. E mais: é papel dos pensadores apontarem um caminho para a busca de equilíbrio para tanta alienação e insanidade. O pior é que as mensagens contaminam. Não se esquecendo que daqui a dois anos teremos novas eleições, inclusive para o governo do Estado.  Os prefeitos atuais vão governar nessa perspectiva.  Por exemplo, o prefeito Ferraço será premido pelas circunstâncias de que seu filho, Ricardo Ferraço, vice-governador, busca concretizar um velho sonho: ser governador do estado.

Um dado curioso, que deve constar do exame pós-eleitoral de Cachoeiro, é a rapidez do crescimento do candidato-vereador:  Léo Camargo. O próprio Ferraço, segundo pessoas de sua confiança, ficou assustado. Aliás, é de se registrar, que a história política de Cachoeiro não conhece fenômeno idêntico.  Claro que o discurso dele é de extrema direita, calcado nas lições do bolsonarismo.

Pergunto: o discurso descrito acima teria começado a chegar em Cachoeiro?  Por mais experiente que seja, Ferraço, por exemplo, até hoje não teria detectado esse fenômeno em sua terra.  Muito menos, por exemplo, o prefeito Victor Coelho, oriundo de outra geração de político. Ou mesmo Casteglione. Aposto que o fenômeno Léo Camargo não foi detectado por Lorena Vasques ou Diego Libardi. Este, por exemplo, se auto-intitula de direita.

A administração de Ferraço e as fabulações da oposição, digamos, de Victor Coelho, Lorena Vasques, Casteglione ou Libardi e Léo Camargo terão de ser um mergulho nesses fenômenos já descritos. Teremos, por óbvio, e aqui falo de Cachoeiro, uma transformação nunca vista. Ferraço, por exemplo, enfrentou o fenômeno MDB e PMDB pós ditadura militar. Mas, por certo, estará se preparando, ele e seu filho Ricardo, para as próximas eleições. Aliás, bem próximas.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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