"O beijo" - Jornal Fato
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"O beijo"

Soube que, após evento musical, haviam se beijado o cantor e Caetano Veloso e o senador Contarato


Soube que, após evento musical, haviam se beijado o cantor e Caetano Veloso e o senador Contarato. A seguir, um surto coletivo de opiniões. As redes sociais bombardeavam suas plataformas. Pessoas debatiam nas praças públicas. Palpitações e uma miríade de opiniões.

O que fazer diante do fato inusitado? Enfim, também pus-me a refletir, não sem antes, porém, contemplar o vídeo da decantada cena. Parecia título de filme: "O beijo". Tranquilo, vi pessoas a beijarem-se. Não se tratava de algo preparado, a meu sentir mas, pelo visto, uma saudação. Claro que de minha parte sou contrário a qualquer apologia, pela indisfarçável intenção de ferir liberdades individuais.

Não sou preconceituoso mas, acho, sinceramente, que há tempo e ambiente para tudo. Todavia, vi um beijo, e não apelo ou propaganda à igualdade de gêneros. Nada além, não fossem pelas câmeras indiscretas e a notoriedade dos protagonistas, apenas um beijo, distinguido pela publicidade. Lembrei-me da beleza do conto de Julio Cortazar, de se ler, sozinho. Formei a convicção de que beijar faz bem a quem beija. Contudo, nem sempre a quem assiste, seja pela impossibilidade semelhante ou direito à opinião contrária. De qualquer forma é um novo olhar com o qual não estamos acostumados. E isso não é um juízo de valores. Decidi, finalmente que, se é bom beijar publicamente, é idem benigno respeitar o direito de opinião de cada um. Melhor seria, quiçá, a sós e à meia-luz, invés de holofotes. Não condeno. Porém, inevitável julgar que aparentemente, trata-se de exibição midiática, embora releve o beijo, sou forçado circunstancia-lo. Haverá sempre um sofá, ao lado do abajour lilás. Beijar, daquela forma, em detrimento da liberdade do direito de opinião, devo admitir que, efetivamente, gera polêmica. Quando desejo beijos, livremente, vou às salas de cinema. Vejo-os por escolha, no merecido local e momento, vendo beijarem, por decisão. O resto é imperfeito.

 

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O homem fabricou a bomba.

A bomba como besta, deixou primeiro, a borboleta reclusa na crisalida

A margarida no canteiro

E um cárcere validando a penumbra e a sombra

E, então, cada corte, que não se fecha na prisão

Do reflexo aprisionado no espelho

O homem, tenta seu amor, mas inventa a penumbra, sobre a videira escura, que não floresceu

Quem sabe, melhor seria, inventasse a vida, o dia inteiro, invés da morte, todo dia.

 


Giuseppe D'Etorres Advogado

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