Moradores de 23 cidades capixabas serão imunizados contra febre amarela - Jornal Fato
Saúde

Moradores de 23 cidades capixabas serão imunizados contra febre amarela

O Ministério da Saúde irá enviar 350 mil doses da vacina contra febre amarela para ação de bloqueio nos 23 municípios capixabas


Guaçuí e Conceicão do Castelo receberão as vacinas (Foto: Reprodução)

 

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou ao Ministério da Saúde sobre o cenário no Estado e quantitativo de macacos mortos encontrados em municípios capixabas. Diante disso, o Ministério da Saúde irá enviar, a partir de segunda-feira (16), 350 mil doses da vacina contra febre amarela para ação de bloqueio nos 23 municípios capixabas que tem limite com o Estado de Minas Gerais e onde foram encontrados macacos mortos. Esta é uma medida preventiva diante dos casos crescentes em Minas Gerais, uma vez que, até o momento, não há confirmação da doença no Estado.  

 

A Secretaria também solicitou o envio de 15 mil doses por mês para garantir o atendimento aos turistas que vem ao Estado neste período de férias.  Hoje, a Sesa recebe 5 mil doses, por mês, do Ministério da Saúde. 

 

As vacinas serão distribuídas a estes municípios, que são responsáveis pela organização e aplicação da vacina em sua população. A vacinação contra febre amarela segue critérios recomendados pelo Programa Nacional de Imunização, e todos os municípios recebem orientações técnica sobre qual público deve ser vacinado e em qual situação deve ser aplicada a vacinação, ou seja, não pode ser administrada em qualquer pessoa, devendo seguir indicações e esquema vacinal (confira tabela abaixo).

 

O Ministério da Saúde alerta que, nos casos de pacientes com imunodeficiência, a administração da vacina deve ser condicionada à avaliação médica de risco-benefício. Pessoas com histórico de reação alérgica à substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e ouros produtos com proteína bovina), além de pacientes com histórico anterior de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, ausência de timo ou remoção criúrgica) também deve buscar orientação profissional.  

 

 A Sesa reforça que quem mora nos outros municípios do Estado não precisa ser vacinado, a menos que vá se deslocar para áreas de risco.  Desde 2014, o Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação de duas doses da vacina contra febre amarela, válidas para a vida toda, e não mais uma dose a cada dez anos. Por isso, quem planeja sair do estado e viajar para áreas de risco de febre amarela deve se certificar de que está devidamente protegido contra a doença. O viajante deve buscar uma unidade municipal de saúde caso ainda não tenha tomado a primeira dose da vacina ou a dose de reforço. Se for a primeira vez que a pessoa é vacinada, a dose deve ser aplicada pelo menos dez dias antes da viagem para que o organismo produza anticorpo contra a doença.

 

Quanto aos viajantes internacionais, alguns países exigem a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), que é obtido mediante apresentação do Cartão Nacional de Vacinação - comprovante válido em todo o território brasileiro - em um Centro de Orientação do Viajante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Espírito Santo, o Centro de Orientação do Viajante funciona no aeroporto de Vitória.
 

Lista dos 23 municípios:

 

1. Água Doce do Norte
2. Alto Rio Novo
3. Baixo Guandu
4. Barra de São Francisco 
5. Brejetuba
6. Divino São Lourenço 
7. Dores do Rio Preto
8. Guacui
9. Ibatiba
10. Ibitirama
11. Irupi
12. Iúna
13. Laranja da Terra
14. Mantenópolis
15. Montanha
16. Mucurici
17. Pancas
18. Afonso Cláudio 
19. Ecoporanga
20. Colatina
21. Itaguaçu
22. Governador Lindemberg
23. Conceição do Castelo

 

Orientação para vacinação contra febre amarela para residentes em área com recomendação da vacina ou viajantes para essa área

 

Indicação

Esquema

Crianças de 6 meses a 9 meses de idade incompletos

A vacina está indicada somente em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem inadiável para área de risco de contrair a doença.

Crianças de 9 meses até 4 anos 11 meses e 29 dias de idade

Administrar 1dose aos 9 meses de idade e 1 dose de reforço aos 4 anos de idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Pessoas a partir de 5 anos de idade, que receberam uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade

Administrar uma única dose de reforço, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Pessoas a partir de 5 anos de idade, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação

Administrar a primeira dose da vacina e, 10 anos depois, 1 dose de reforço.

Pessoas a partir dos 5 anos de idade que receberam 2 doses da vacina

Considerar vacinado. Não administrar nenhuma dose.

Pessoas com 60 anos e mais, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação

O médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação, levando em conta o risco da doença e o risco de eventos adversos nessa faixa etária ou decorrentes de comorbidades.

Gestantes, independentemente do estado vacinal

A vacinação está contraindicada. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação.

Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses de idade, independentemente do estado vacinal

A vacinação não está indicada, devendo ser adiada até a criança completar 6 meses de idade. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação. Em caso de mulheres que estejam amamentando e receberam a vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso preferencialmente por 28 dias após a vacinação (com um mínimo de 15 dias).

 

Viajantes

 

Viagens internacionais: seguir as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI).

 

Viagens para áreas com recomendação de vacina no Brasil: vacinar, pelo menos 10 dias antes da viagem, no caso de primeira vacinação. O prazo de 10 dias não se aplica no caso de revacinação.

 

Contraindicações:

 

- Crianças menores de 6 meses de idade.

- Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza.

- Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave.

- Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia,radioterapia, imunomoduladores).

- Pacientes submetidos a transplante de órgãos.

- Pacientes com imunodeficiência primária.

- Pacientes com neoplasia.

- Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou outras).

- Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).

- Gestantes. A administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos.

 

Febre amarela

 

Uma pessoa com febre amarela apresenta, nos primeiros dias, sintomas parecidos com os de uma gripe. Entretanto, esta é uma doença grave, que pode complicar e levar à morte. Os sintomas mais comuns são febre alta e calafrios, mal-estar, vômito, dores no corpo, pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes cor de "borra de café" e diminuição da urina.

 

A febre amarela silvestre é transmitida pela picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. Quando o mosquito pica um macaco doente, torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem. A forma silvestre da doença é endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas.

 

Nas cidades, a doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, zika e chikungunya. De acordo com o coordenador do Centro de Emergências em Saúde Pública da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), pessoas que fazem ecoturismo ou que entram em matas por algum outro motivo correm o risco de serem picadas pelo mosquito Haemagogus infectado e contrair a doença. De volta à área urbana, essas pessoas podem ser picadas pelo Aedes aegypti, podendo dar início à reurbanização da doença. O último caso de febre amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre em 1942.

 

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