Cultura de Verão... em Cachoeiro - Jornal Fato
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Cultura de Verão... em Cachoeiro


Tomei um susto nesta semana. Todos falamos que, no verão, Cachoeiro se muda para as praias e a cidade fica deserta. Fica só aparentemente deserta, pois nem toda Cachoeiro se muda para a praia. Grosso modo diria, vinte por cento vai e oitenta por cento não vai. Oitenta por cento fica. Então, podemos ter por aqui deserto de atividades culturais, e não necessariamente - não mesmo - de gente inteligente à procura de onde possa exercitar a inteligência e a procura de onde possa aprender com os inteligentes.

 

Os que vão para as praias, quantos amigos diletos meus vão e continuam a ser amigos e inteligentes, claro. Mas que petulância é essa de dizer que Cachoeiro vira deserto no verão, se tantos ficam aqui - claro que não é deserto de gente inteligente, gente jovem e gente que quer vida cultura.

 

Acho mesmo, e me rotulo assim, que isso, ao fim, é preconceito que precisa acabar. Para mim esse preconceito está acabando, ao ter visto jovens cachoeirense ávidos por ensinar e outros jovens com todo o interesse de aprender; no caso aprender teatro, como os treze jovens que vi e fotografei no Centro Operário e de Proteção Mútua, esta semana de verão.

 

Outros - certeza absoluta - quase todos jovens, estão ávidos em saber mais de literatura, de história, de exposições, de peças teatrais, de contação de história, de músicas para embalar corações e alegrar a alma, só não tem oferta até aqui.

 

Pior que isso é saber que administrações municipais passadas não estavam nem ai para os verões em Cachoeiro e nem para a juventude que fica aqui, querendo conhecimento, como vi nesta semana e não me cansarei de repetir.

 

Teve secretária de governo passado - não lembro qual - que deu entrevista em revista cultural, dizendo que Cachoeiro teria verão cultural - não teve, claro. Eu mesmo que fui Secretário de Cultura por dois verões (2001 e 2002), também não atinei para isso, confesso.

 

Agora chega! Enquanto meus preclaros amigos, com toda a justiça vão passar o verão na praia, outros tantos, quatro vezes mais, ficam em Cachoeiro, tão contribuintes quanto aqueles; por isso merecem, e a cidade merece, programação cultural à altura, no mínimo, dos outros meses, ainda que se saiba que eles - tais outros meses - foram fracos.

 

Espero que na Lei Rubem Braga do ano que vem ao menos 20% dos recursos de seus recursos sejam destinados a projetos culturais executados no verão (2/12 avos mais ou menos). Na atividade político/cultural, é isso que buscarei, dentro da lei e com veemência.

 

Auguro o dia - e noites - em que os que se retiraram merecidamente para o verão na praia, voltem rumos a Cachoeiro, porque por aqui descobrirão, como descobri, que, no verão, Cachoeiro continua Cachoeiro.

 

(Obrigado por me inspirarem esta crônica, "Cia. Nós do Teatro". Olho vivo, Secretária de Cultura Fernanda e Prefeito Victor).

 

Que Que é Isso?

Tenho ouvido sérias - muito sérias - reclamações de certa "legislação" aplicada pela administração de Carlos Roberto Casteglione Dias, ex-prefeito. É a seguinte: uma ou mais cabeças "brilhantes" daquela administração finada entendeu que dever-se-ia alterar a numeração de todas as casas da cidade.

 

Na minha rua foi assim: Minha residência era o inicio da rua, passou a ser o fim. Para não restar dúvidas de que tudo deveria mudar, em favor de não sei o quê, as casas do meu lado da rua, impares (a minha era 5), passaram a ser pares (a minha, agora, é 38). Notaram que não há mínima possibilidade de o número antigo coincidir com o atual? Isso possibilitou que a todos os moradores fossem entregues plaquinhas azuis, anunciadas como "de graça" pela administração, mas pagas com dinheiro de impostos municipais pagos por nós - eu e você, caro leitor.

 

No meu caso, foi "só" isso. Soube, no entanto, que a sanha modificativa "de graça" atacou prédios da cidade. O Edifício Primus, coitado, que ficava na Praça Jerônimo Monteiro, não só mudou de numeração, como mudou até de rua. Coitado. mesmo! O Primus fazia parte da principal via pública da cidade - Praça Jerônimo Monteiro - e foi transportado para a Rua Siqueira Lima, bonita rua, também, mas secundária. Outros prédios foram objetos da sanha, enquanto uns outros - outros coitados - foram transferidos até de bairro; dizem que alguns do Gilberto Machado agora são de outros bairros. Difícil transportar um edifício de um bairro para outro, mas conseguiram - a prefeitura do prefeito que se foi, conseguiu a façanha.

 

Afora isso, como que obrigaram os correios a só entregar correspondências desde que estas portassem o "novo" endereço; as demais correspondências, com endereços "errados", são sumariamente devolvidas aos remetentes, como anuncia a prefeitura em documento que entrega ao morador, juntamente com a "linda" placa azul. Que lindo!

 

Ocorre que milhares de correspondências estão voltando e milhares de pessoas serão multadas ou, de alguma forma, penalizadas. Quantas cobranças, avisos, notícias importantes postergadas? Quantas, quantas e quantas?

 

Disseram-me, gente que ouviu do Detran-ES, que de 500 a 600 cartas expedidas por aquela autarquia são devolvidas semanalmente, só porque a plaquinha azul não corresponde ao número estampado na correspondência e vice-versa.

 

Desastre não natural. Desastre que se estenderá por muitos anos, já que alguns já providenciaram modificação do endereço junto aos correspondentes e cobradores. Outros já o fizeram na junta comercial e órgãos públicos. Mas a bagunça se generalizará porque necessária a averbação da alteração do número e do nome da rua, e do novo bairro, no Cartório de Registro de Imóveis e isso consumirá uma nota preta.

 

O que se tem é o fato de que parte da cidade se adequou à ridícula alteração, que não tem justificativa técnica, já que alguns imóveis - boa parte - têm 10, 20, 50, 100 anos com o mesmo endereço. Mais que ridículo, é o prejuízo imenso à população e empresários, que terão de engolir a mais estapafúrdia moeda de troca de nomes e números de ruas e bairros de Cachoeiro.

 

Não sei quanto custou as tais plaquinhas azuis, e também já não sei se será melhor engolir a aberração ou tirá-la do mundo jurídico. Questão de diminuir o prejuízo, prejuízo que se estenderá a todos cachoeirenses.

 

Que governinho mais governinho esse que se escafedeu de Cachoeiro no último dia do ano de 2016!


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