Lei obriga bancos a instalarem guarda-volumes em Cachoeiro - Jornal Fato
Política

Lei obriga bancos a instalarem guarda-volumes em Cachoeiro

Apesar da maioria dos bancos já disponibilizar o aparato, pouca gente sabe para que serve ou mesmo, que pode utilizá-lo


O Procon Municipal deve começar a fiscalizar o cumprimento da lei (7.548), que obriga os bancos a instalarem guarda-volumes antes das portas giratórias em Cachoeiro de Itapemirim. A norma vigora desde fevereiro e o prazo para adequação se encerrou em maio.

O não cumprimento da Lei pode acarretar multa no valor equivalente a R$ 902,50. Apesar da maioria dos bancos já disponibilizar o aparato, pouca gente sabe para que serve ou mesmo, que pode utilizá-lo.

Os clientes não são obrigados a deixar seus objetos no guarda-volumes, que deve ser dimensionado de acordo com o porte e o movimento do estabelecimento. Os armários são destinados àqueles que estiverem com objetos que não podem passar pelos detectores de metais. O principal objetivo é evitar constrangimentos.

A lei é originária de projeto de autoria do vereador Allan Ferreira. Ele lembra que presenciou a agonia de uma mulher que ficou bastante tempo barrada na porta de uma agência bancária por causa da bolsa.

"As mulheres têm que tirar tudo da bolsa, e, mesmo depois, ainda abri-la para que o segurança veja. A pessoa fica exposta, seus pertences ficam expostos", explica o vereador sobre a inspiração para elaborar a regra. O parlamentar acredita que a medida dê mais segurança aos clientes. "O armário é seguro. Alguns têm até senha pessoal", comenta.

Mas o gerente de supermercado, George do Carmo Nacle, 53 anos, diverge sobre a segurança, mas não quanto à utilidade. Ele ainda acha que pode ser arriscado deixar um pertence dentro do armário. "É fácil alguém pegar alguma coisa. Existe chave que abre tudo. Mas de certa forma ajuda os clientes, sim".

 

A lei é originária de projeto de autoria do vereador Allan Ferreira: objetivo é evitar constrangimentos

 

Constrangimento na porta giratória

George passou por situação constrangedora em um banco federal do município. Após sair do trabalho, passou na agência e foi barrado na porta giratória.

"Minha mochila era pequena, só tinha documentos e algumas roupas. Mostrei ao segurança, tirei de dentro, e mesmo assim não consegui passar", relata. Após a confusão inicial, o segurança pediu para que George deixasse a mochila do lado de fora, mas como estava sozinho e não tinha com quem deixá-la, teve a ideia de passá-la "pelo buraco onde a gente enfia celular e chave. Empurrei com o pé, porque não ia. Aí o guarda disse que não podia. Arrumei uma confusão e (por fim) me deixaram entrar, mas é constrangedor demais", completa.

George disse que no mesmo banco já tem o guarda-volumes, mas que as pessoas ainda não sabem para que serve. "Não é divulgado, as pessoas nem sabem que existe aquilo. E eu acho muito pequeno para tantas pessoas".

 

Atendimento tem que melhorar

A manicure Iêda Maria Maciel da Rocha Siqueira, de 52 anos, disse ter passado por diversas situações constrangedoras ao tentar acessar agências bancárias.

"Eu já fiquei presa em portas giratórias muitas vezes. Numa delas, tirei tudo da bolsa. Não consegui passar. Fiquei ali, agarrada um bom tempo, com todo mundo me olhando, até que eu decidi despejar tudo o que estava na minha bolsa no chão e deixei lá. Falei para o segurança 'se eu não posso entrar com a bolsa, olha ela aí', e entrei".

Há uns três meses, Iêda passou por outro banco, já com o guarda-volumes, e após tentar passar pela porta giratória e não conseguir, o guarda da agência disse que ela poderia usar o armário, mas que deveria deixar R$ 1,00 para usar, que seria devolvido quando ela fosse embora.

"Acho que os armários ajudam, sim. Agiliza quem quer entrar no banco e não quer passar vergonha, mas se eu não tivesse um real na bolsa não poderia entrar na agência?", questiona.

A manicure diz que, apesar dos guarda-volumes melhorarem o atendimento, o que deve mudar é o tratamento aos clientes. "Eles parecem escolher a dedo a quem barrar nas portas. Se é uma pessoa mais simples, eles param. Se está mais arrumado, eles deixam passar. Todos devemos ser tratados iguais", complementa.

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