Cachoeiro: conheça a história da Catedral de São Pedro - Jornal Fato
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Cachoeiro: conheça a história da Catedral de São Pedro

O projeto do monumento começou a ser desenvolvido a partir de 1925 com o lançamento da pedra fundamental, mas sua história começa muitos anos antes


- Fotos: Divulgação/Diocese de Cachoeiro

Algumas características de Cachoeiro de Itapemirim fazem a cidade ser reconhecida Brasil afora: sua importância cultural, suas rochas ornamentais e a Catedral de São Pedro, símbolo icônico que neste dia 29 de junho celebra seu padroeiro: São Pedro Apóstolo.

O projeto do monumento começou a ser desenvolvido a partir de 1925 com o lançamento da pedra fundamental, mas sua história começa muitos anos antes.

Tem-se o registro feito por Frei Luiz Atienza (agostiniano recoleto) que a Paróquia de Cachoeiro foi criada pela Lei Provincial nº 11, de 23 de novembro de 1864, com o título de São Pedro das Cachoeiras do Itapemirim, sendo seu primeiro vigário nomeado em 27 de setembro de 1858.

À época os divinos ofícios eram celebrados em pequenas capelas, pois Cachoeiro não possuía uma igreja à altura do culto católico e às condições sociais do seu povo.

 

Igreja Nosso Senhor dos Passos (Matriz Velha)
 

Portanto em 1882, com criação da Capela Nosso Senhor dos Passos, que pertencia à Família Souza Monteiro, nasceu nos cachoeirenses, que ainda não possuíam igreja própria, uma esperança.

No dia 29 de junho de 1899, quando da visita pastoral a esta freguesia do bispo diocesano Dom João Batista Corrêa Nery, a Família Souza Monteiro num gesto altamente simpático e católico, fez a entrega ao Bispado da capela e terreno com todos os seus direitos para servir de Igreja Matriz.

Já em 1909 foram realizadas as primeiras tentativas pelo Padre Henrique Eissing de construção de nova igreja, porém não deram resultados.

 

Dom João Batista Corrêa Nery
 

Com a chegada dos primeiros Frades Agostinianos Recoletos na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no dia 12 de março de 1923, a pedido do Bispo de Vitória - Dom Benedito Alves de Souza - o padre Frei Juan Ruiz assumiu a função de pároco, no dia 8 de abril de 1923, da Paróquia São Pedro em Cachoeiro de Itapemirim. Na época seu coadjutor foi o padre Frei Enrique Arandia de São Nicolau de Tolentino. Com as chegas dos párocos ocorreu a imediata reforma da, à época, igreja matriz, atualmente, Igreja Nosso Senhor dos Passos. Tamanha a importância dessa igreja e a grandiosidade de seus detalhes, muitos feitos com canivete, somente em 1936, as reformas foram concluídas.

Tendo uma visão do crescimento da cidade de Cachoeiro de Itapemirim e com o apoio do povo da cidade, os Frades Agostinianos Recoletos vislumbraram a necessidade da construção de uma nova matriz para a Paróquia São Pedro, aceitado o desafio, no dia 26 de julho de 1925 foi lançada a pedra fundamental da futura matriz da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no alto do morro de São João, atual Catedral, com a presença do Bispo de Vitória - Dom Benedito Alves de Souza e do pároco Frei Florentino Garcia.

No ano de 1936, o vigário Padre José Gonçalves, obteve o apoio unânime e entusiasta do povo cachoeirense, deu-se início a campanha pro ecclesia: com a feitura de plantas da edificação delineada pelo Dr. Waldemiro Bogdanoff sendo aprovadas pela autoridade eclesiástica e quando tudo parecia que ia deslanchar? Muda-se o vigário e com isso a campanha ficou adormecida.

 

Construção da Catedral de São Pedro
 

Um fato a ser registrado é que apesar da pedra fundamental da nova matriz ter sido lançada em 26 de julho de 1925, somente no dia 2 de setembro de 1940 começaram efetivamente as obras de construção da nova matriz da paróquia, sob o comando do pároco Frei Serafim Baigorri da Consolação, isso porque, somente nessa data, conseguiu a somatória em dinheiro de Cr$ 600,00, obtidos por doações, por intermédio de Cecília Dutra Lopes de Rezende, sendo contratado o Sr. Jaime Santos para dirigir a obra.

Fizeram parte da Comissão responsável pela construção da nova matriz: Frei José Garro (diretor), o Prefeito Fernando de Abreu (Presidente), Dr. João Gondin Fabrício (secretário), Pedro Cuervas Júnior (tesoureiro) e os senhores Átila Vivácqua e Assad Abguinen (vogais).

Iniciada a obra, infelizmente, um acidente vitimou o Sr. Jaime Santos, fato que ocasionou a substituição do construtor, sendo contratado o grande construtor José Cocco para continuidade da obra. A título de curiosidade, José Cocco é pai de Raul Sampaio, importante compositor cachoeirense.

No mês de junho de 1941, ainda em construção, foi realizada a primeira missa com a bênção da primeira pedra do altar-mor da igreja, presidida pelo bispo diocesano Dom Luiz Scortegagna. Sendo os paraninfos das cerimônias inaugurais: Elpídio Volpini e senhora, Nair Lopes de Rezende, Pedro Cuervas Júnior e senhora, estes representados por Mario Casotti e senhora.

Em julho de 1943 integram como membros da Comissão: Elpídio Volpini, João Secchin Júnior e Dirceu Alves de Medeiros.

 

Fachada da Catedral de São Pedro
 

No final da construção, ficaram registradas estas doações: Serviço completo de Alto-falantes, oferta de José Cola e Família; a Senhora Lofego ofereceu o Arago-São Pedro Apóstolo; a Senhora Farid Felix, a imagem Santa Ignêz; Vicente Garambone, a imagem de Nossa Senhora das Graças; Dr. Dalton Penedo, José Carlos Bustamanto, Branca Martins e Madre Gertrudes de São José ofertaram, confeccionado em bronze dourado, o Sacrário e o Trono.

O foro local ofereceu dois candelabros. Anacleto Ramos e Senhora, ofertaram duas serpentinas em bronze dourado. O crucifixo do Altar-Mor foi ofertado por Mário Casotti. Wilson Rezende presenteou com uma cruz de Procissão. Daniel Alcure, Odete Richa, Odete Carone, Saguia e Filhos, Josefina Barbieri e Filhos, Julieta Pimenta, ofereceram cálice, âmbula, galhetas, patena, lâmpada do Santíssimo e Missal.

A instituição denominada Obra do Tabernáculo de Cachoeiro, que era dirigida por Nair Rezende confeccionou alfaias e as ofertou. Uma toalha de altar e uma de comunhão foram ofertadas pela zeladora Maria Soares. Nita Soares ofertou toalhas com uma alva de sobrepeliz (vestimenta de linho usada pelos padres sobre a batina). Azulino Semprini e Nívia, sua filha, prestaram uma colaboração generosa e artística: a pintura da abóbada da capela-mor, com alusões ao mistério da Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo.

Em 1948, os vitrais do famoso ateliê Casa Conrado da Família Sogernichtb - maior ateliê de Vitrais do Brasil do final do Século XIX até a década de 60 do século XX - foram instalados. São vitrais feitos com canaletas de chumbo e vidros importados figurativos, com técnicas de pintura em grisalha. Narram as passagens bíblicas de São Pedro com Jesus.

 

Catedral de São Pedro
 

Após quase nove anos de construção da nova matriz, no dia 19 de junho de 1949 foi a data marcada para a inauguração, sendo agendado e acordado que o bispo diocesano Dom Luiz Scortegagna desse a bênção, porém, por questões de saúde a bênção coube ao pároco Frei Luiz Atienza (agostiniano recoleto) em nome do bispo diocesano.

Após a Celebração Eucarística, coube ao padre Frei José Garro as palavras de agradecimento do empenho de todos para que a inauguração do templo acontecesse.

Consta o registro nos livros da Ordem dos Agostinianos Recoletos, o agradecimento do labor extraordinário e incansável para a realização da obra da nova igreja matriz Dona Nair Rezende, com o auxílio do Sr. Pedro Cuervas Júnior.

A história da construção da Paróquia de São Pedro revela que com ajuda, generosidade e coragem, tudo acrescido a direção de Deus, que dá a palavra final, a cidade cresce e a fé ganha espaço para ser provida e gerar a comunhão.

 

 

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