Amigos e familiares de Kevinn protestam por justiça neste sábado (7) - Jornal Fato
Polícia

Amigos e familiares de Kevinn protestam por justiça neste sábado (7)

Com faixas e cartazes, cerca de 300 pessoas estavam presentes no ato


- Foto: Internauta

Amigos e familiares do jovem Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, que morreu no último dia 30 após aguardar por mais de quatro horas uma vaga na UTI do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha protestaram pedindo por justiça. A manifestação aconteceu na Praça Jerônimo Monteiro, na manhã deste sábado (7).

Com faixas e cartazes, cerca de 300 pessoas estavam presentes no ato. Família, amigos e ativistas das pautas dos Direitos Humanos estiveram presentes pedindo por justiça. A advogada Fayda Belo, prima da mãe de Kevinn e advogada da família falou aos presentes sobre a importância da manifestação. "A gente precisa que todos nos ajudem. Vamos ser realistas: o Kevinn era preto e pobre. As médicas eram loiras e moravam em Vitória. Nós queremos que o culpado, seja ele quem for, pague por esse crime".

O jovem Kevinn foi transferido para o Himaba com a vaga regulada, porém, morreu dentro de uma ambulância há poucos metros do hospital aguardando o atendimento.

 

Relembre o caso:

 

A transferência

O adolescente foi levado pela mãe ao PA de Cachoeiro após sentir desconforto respiratório. O caso evoluiu e a família foi informada da necessidade de transferência devido ao estado de saúde de Kevinn que precisava de cuidados intensivos. Outro motivo dado à família foi que, em Cachoeiro, o Hospital Infantil Francisco de Assis só atende adolescentes até 15 anos de idade, e a Santa Casa de Misericórdia atende pacientes apenas após os 18 anos. A ambulância saiu do município com destino ao HIMABA na sexta-feira (29) às 22h30.

Mas, para a surpresa da família, ao chegar no HIMABA, a equipe responsável pelo plantão, informou que não havia nenhuma reserva de vaga. Antônio Marcos Sant'Anna, primo de Kevin, acompanhou a chegada do adolescente ao hospital. Marcos, que é morador de Vila Velha, conta que foi auxiliar a família "Eu tenho uma Casa de apoio para pacientes e acompanhantes hospitalares aqui na cidade. Vim oferecer ajuda à minha prima e acompanhei o desespero dela". Ele conta que chegou ao local por volta de 1h. "A ambulância já estava parada na porta da emergência quando eu cheguei lá. Ele havia chegado à 00h30. A equipe de plantão informou que a vaga reservada era para ambulatório e não de UTI. Nenhum médico saiu do prédio para atendê-lo".

Kevinn veio a óbito depois de mais de quatro horas, dentro de uma ambulância há menos de cinco metros da entrada do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (HIMABA).

 

O Hospital

Em nota, a direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) disse que: "lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções.

 

Negligência

Durante uma entrevista coletiva em Cachoeiro de Itapemirim, o governador, Renato Casagrande, comentou sobre o caso do adolescente cachoeirense, Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, que morreu dentro de uma ambulância, na porta do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, onde esperou atendimento médico por cerca de 4h.

De acordo com o governador, o que tudo indica é que houve negligência. A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina estão investigando o caso. Além disso, as duas médicas que estavam de plantão no dia da morte de Kevinn foram afastadas.

"Fizemos um boletim de ocorrência, estamos também fazendo registros no Conselho Regional de Medicina e afastamos as médicas que estavam de plantão, porque parece que teve uma negligência de profissionais, no atendimento ao Kevin. O hospital estava preparado, vaga garantida e o paciente ficou mais de 4h em uma ambulância, sem nenhuma necessidade", declarou o governador.

O subsecretário de Estado de Atenção à Saúde, José Maria Justo, que estava presente na coletiva de imprensa, explicou que a transferência de Kevin foi devido a patologia apresentada e não por causa de sua faixa etária, como foi informado aos pais do adolescente.

 

A defesa das médicas

Jovacy Peter Filho, advogado de defesa das médicas intensivistas, em entrevistas ao portal de notícias G1, afirmou que não houve negligência por parte das profissionais.  "Não houve nenhuma omissão. Elas se depararam com esse paciente pela primeira vez com a maca no corredor do hospital. Como elas impediram a entrada desse paciente se a primeira abordagem que ocorreu foi com o médico da remoção no corredor do hospital? Elas não têm autoridade e nem autonomia para impedir o acesso" Jovacy disse, ainda que não havia respirador disponível para Kevinn. "A vaga reservada era uma vaga de enfermaria. Esse paciente chega com o respirador e entubado, e portanto, em um estado crítico, dependendo de um respirador para que ele pudesse continuar toda a sua evolução clínica no hospital. O grande problema, e isso também não é colocado, é que todos os leitos que estavam utilizando respiradores estavam superlotados, estavam sendo utilizados", disse.

 

A Polícia Civil investiga o caso. Uma denúncia também foi feita ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo, que vai apurar se houve ou não negligência na conduta das profissionais.

 

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