Zonas verdes em extinção - Jornal Fato
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Zonas verdes em extinção


Recebi anteontem do escritor Roberto Al Barros a revista Cachoeiro, em sua edição de retorno (já havia circulado antes, fiquei sabendo, entre 76 e 77). Ainda não a li, inteira, o que farei neste final de semana.

Mas, ao folheá-la, duas fotos me retiveram a atenção. Foram feitas na Praça Jerônimo Monteiro, com diferença de 60 ou 50 anos. O principal contraste nas imagens separadas pelo tempo é a vegetação. As árvores frondosas e bem aparadas e que forneciam sombra em abundância, deram lugar a palmeiras.  Lembro-me quando as árvores antigas foram retiradas, às vésperas das eleições gerais de 2002. Da noite para o dia, as até então bem cuidadas plantas morreram. As lâmpadas da iluminação de Natal levaram a culpa, mas há ainda quem acredite que foram, criminosamente, envenenadas.

Deram lugar às palmeiras, que parecem deslocadas. Altas demais e com folhagem esparsa, não oferecem abrigo contra o calor característico de Cachoeiro, onde até torre para fazer chuva artificial já foi instalada, no início da década de 90, na tragicômica tentativa de amenizar o clima. Menos de dez anos depois, as árvores que por décadas cumpriram tão bem este papel foram arrancadas. A torre ainda resistiu um ano mais.

Numa pesquisa rápida, confirmei o que já intuía. Só há vantagens em manter zonas verdes na cidade. A árvore urbana atua diretamente sobre o clima, a qualidade do ar, o nível de ruídos e sobre a paisagem, além de constituir refúgio indispensável à fauna remanescente nas cidades (a Praça dos Macacos, no Gilberto Machado, o nome já diz, confirma isso).

Há estudos que demonstram redução de até 4º C de temperatura, simplesmente porque árvores impedem a incidência direta da energia solar e aumentam a umidade relativa do ar. Contribuem, assim, decisivamente para atenuação das chamadas ilhas de calor, áreas de ocorrência das temperaturas mais elevadas durante o dia, especialmente nas zonas de maior poluição do ar.

Elas ainda retêm os poluentes, e, como se aprende nos primeiros anos de escola, contribuem para a melhoria da qualidade do ar, ao consumir gás carbônico e produzir oxigênio. Além disto, aqueles mesmos estudos apontam que as cortinas vegetais são capazes de diminuir em cerca de 10% o teor de poeira e obstruir a propagação do som, resultando na redução do nível de ruído.

A transformação da praça Jerônimo Monteiro, para pior, é algo que se tornou endêmico em Cachoeiro. Por toda a cidade, as árvores têm sido arrancadas sem dó e com autorização dos órgãos fiscalizadores. Outras não são plantadas no lugar.

O resultado da disputa entre população e árvores é usualmente desfavorável a estas. Os cortes, na maior parte das vezes, são resultado de falhas no planejamento de plantios e da urbanização, que geram reclamações sobre danos em calçadas provocados por raízes ou incompatibilidades surgidas entre galhos e redes de energia.

Há quanto tempo, aliás, não se houve falar de arborização das zonas habitadas de Cachoeiro? Só cortes. A cidade vai perdendo a cor, a sombra, em alguns casos os frutos, e até a sua identidade. A cada árvore cortada, é a qualidade de vida que diminui.

 

Frase

A cidade vai perdendo a cor, a sombra, em alguns casos os frutos, e até a sua identidade. A cada árvore cortada, é a qualidade de vida que diminui

 

Vias de FATO

Na semana passada, o prefeito Carlos Casteglione recebeu em seu gabinete uma visita ilustre. Conversou por longo tempo com o deputado estadual Glauber Coelho (PR). O teor do papo, só eles sabem.

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 O encontro entre Glauber e o prefeito é surpreendente. Estão com relações estremecidas desde a primeira eleição para a mesa diretora da Câmara de Cachoeiro. O deputado, à época vereador, acha que Casteglione não se empenhou para elegê-lo presidente.

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 A parte alta de Gironda pode ser desmembrada de Cachoeiro e passar a fazer parte de Vargem Alta. Será a oficialização do que na prática já acontece.

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 Há mais de 4 anos, os médicos do Programa de Saúde da Família,em Cachoeiro, não recebem qualquer reajuste. Fazer plantão, duas vezes por semana, em qualquer pronto-socorro por aí já é mais lucrativo.

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 Quem, infelizmente, frequenta o Pronto-atendimento do Paulo Pereira Gomes (PPG), constata que agentes comunitários de saúde estão em falta. Basta ver a quantidade de gente há tempos não recebe a visita de nenhum deles e por isso lota o PPG.

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 Antes das eleições de 2008, Theodorico Ferraço chegou a abrir 40 pontos percentuais de vantagem. Hoje, a vantagem é grande também. Tudo o que ele quer mudar é o final do filme.

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 Até amanhã.

 

 Sobe

Alterações no trânsito

Embora possam causar problemas no início, as alterações no trânsito de Cachoeiro são necessárias. Se darão certo, ou não, o tempo irá dizer. Mas é bom que a Prefeitura não esteja desatenta ao problema que só cresce.

 

Desce

Boicote à reunião

A reunião de hoje, do PMDB com mais 20 partidos, a partir das 19h00, na sede da agremiação, incomoda. Vereadores e lideranças receberam ligações para não comparecer. O foco parte de dentro do próprio partido.

 

Aspas

 "O prefeito pode fazer uma viagem tranquila"?.

Braz Barros

Prefeito em exercício se diz feliz em assumir a Prefeitura, por 18 dias, "?em meio a tantos anúncios positivos para o município"?.

 

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