Incêndios: tragédias que marcaram décadas - Jornal Fato
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Incêndios: tragédias que marcaram décadas


Cachoeiro do Itapemirim viveu na madrugada da última sexta-feira um dos piores incêndios já registrados em sua história. A infra-estrutura precária das edificações antigas no município é um desafio para o trabalho do 3º Batalhão de Bombeiros Militares (BBM), coloca em risco a agilidade e eficiência do órgão local.

Após a tragédia, que vitimou uma pessoa, ficam os questionamentos, as responsabilidades e a recordação de eventos semelhantes no passado, que tiveram grandes proporções, como o que aconteceu no bairro Guandú. Entre os mais lembrados, quando nem ao menos existia a unidade dos Bombeiros, estão o do Edifício Emery, no Centro, na década de 50. Na época, o incidente também resultou na morte de uma pessoa.

Já na década de 60, outro fato marcante é lembrado ainda pelas pessoas, como o escritor Evandro Moreira. "Quando a Tipografia Vieira, no centro da cidade, pegou fogo não havia recursos, nem a presença do Corpo de Bombeiros. Eu era bem jovem, mas me lembro da repercussão e que as chamas consumiram tudo rapidamente"?, relembra o escritor

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Incêndios de grande proporção nos anos 70 também são lembrados pelos moradores. No Baiminas, a Serraria Schimidt teve perda total. No final da década de 80, outro estabelecimento comercial pega fogo em Cachoeiro. Segundo Theodorico de Assis Ferraço, então prefeito do município, uma loja de confecções sofreu um incêndio.

"Como não havia a unidade do Corpo de Bombeiros ainda, um carro-pipa, da Prefeitura, foi utilizado para combater o fogo. O veículo ficava preparado com uma equipe para estas fatalidades"?, conta Ferraço.

Ele disse que, anos depois, foi construída a sede da corporação "com recursos municipais"?.

Na década de 90, casos também de grande proporção, como o da loja Antônio Auto Peças e da doceria Babombuche, ambos também situados no Guandú, são lembrados pelo sargento do Corpo de Bombeiros, Paulo Antônio Hanthequest.

Recentemente, grande parte de uma reserva ambiental, na Serra das Andorinhas, e um ferro velho no bairro Coramara, também sofreram com as chamas. Somente este ano, de janeiro a junho, foram registrados 64 focos de incêndio na cidade.

 

Infra-estrutura prejudica socorro

A precária estrutura dos edifícios antigos do município e a falta de manutenção dos equipamentos de segurança, como hidrantes (equipamento usado como fonte de água), impedem a eficácia da ação dos militares. Em entrevista, o sargento Hanthequest caracterizou a tragédia, ocorrida semana passada, como o pior incêndio presenciado em sua carreira, de 25 anos.

"O problema poderia ter sido pior, caso não houvesse hidrantes nas imediações e o rápido resfriamento dos prédios ao lado"?, avalia Hanthequest.

Além disso, não há como se ter acesso rápido às saídas de emergência nos estabelecimentos comerciais na maior parte dos prédios antigos de Cachoeiro, fator que coloca em risco a população. A manutenção dos hidrantes, segundo a corporação, é responsabilidade da Prefeitura Municipal.

"Todos os anos os 91 equipamentos espalhados pelos bairros de Cachoeiro passam por vistoria"?, garante o sargento.

Entretanto, alguns moradores das imediações do edifício que pegou fogo, no Guandú, relatam que um dos hidrantes não funcionou. Segundo eles, dois carros-pipa da Foz do Brasil deram suporte ao Corpo de Bombeiros.

"Muitas das edificações onde funciona o comércio na região central de Cachoeiro são antigas. Há a presença de instalações elétricas inadequadas, que podem colocar em risco a vida das pessoas. Hoje, a construção civil atende às normas de segurança. Militares, defesa civil e órgãos competentes tem de trabalhar em conjunto para solucionar estes problemas"?, afirma o sargento Hanthequest.

A unidade do Corpo de Bombeiros em Cachoeiro conta apenas com dois carros de combate a incêndios, mas é responsável pelo atendimento a uma população de quase 500 mil habitantes.

Além de Cachoeiro, eles atendem ocorrências em Alegre, Apiacá, Atílio Vivácqua, Bom Jesus do Norte, Castelo, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibitirama, Itapemirim, Jerônimo Monteiro, Marataízes, Mimoso do Sul, Muniz Freire, Muqui, Presidente Kennedy, Rio Novo do Sul, São José do Calçado e Vargem Alta, totalizando vinte municípios.

Beatriz Caliman

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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